Voz da Diocese domingo 9 de julho – O Rosto de Deus: manso e humilde!

Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham mais uma vez a Voz da Diocese. Chegamos novamente até vocês com a Palavra de Deus deste 14º Domingo do Tempo Comum, o qual nos indica o caminho da humildade e mansidão, a exemplo de Jesus.

Prezados irmãos e irmãs. A leitura da profecia de Zacarias convida o povo de Israel a alegrar-se, pois o Messias está por vir, afirmando: “Exulta, cidade de Sião! Rejubila, cidade de Jerusalém. Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento (...) anunciará a paz às nações. Seu domínio se estenderá de um mar a outro (...) até os confins da terra” (Zc 9, 9-10). Com estas palavras, o Profeta convoca o povo de Israel a olhar para o futuro com esperança, a apostar na possibilidade de construir um mundo melhor. Porém, para o Profeta, a nova sociedade não virá do império opressor, que está se impondo sobre Israel, ou seja, império grego, pois será construída a partir dos pobres. É a partir do Messias pobre, justo, humilde, que se ocupa com a paz, que surgirá um novo mundo. A tarefa do Messias será destruir e eliminar os instrumentos de morte e construir relações novas, fundamentadas, por meio dos princípios da justiça e da solidariedade, da humildade e da paz.

O Salmo responsorial, deste Domingo (Sl 144), revela o Rosto do Deus, ou seja, mostra como o povo de Israel compreendia Deus. O salmista louva a Deus porque Ele é “misericórdia” e “piedade”; Ele é “amor, paciência e compaixão”; “o Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda a criatura”; Ele “é amor fiel em sua palavra; é santidade em toda a obra que ele faz; Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou”. Dessa forma, o povo de Israel confia em Deus e a Ele rezava. Por isso, Deus, e somente Ele, é a segurança e o sentido mais profundo de toda e qualquer pessoa. É em Deus que todos encontram refúgio. Ele é a fonte inesgotável de vida.

Caros irmãos e irmãs. No Evangelho deste Domingo, Mateus revela que Jesus é o mestre da “justiça”, é aquele que veio para realizar a justiça de Deus, que se concretiza na solidariedade com os necessitados.

As primeiras palavras de Jesus, emanam a louvação a Deus Pai: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado” (Mt 11,25-26). O louvor de Jesus ao Pai é provocado pela rejeição que Sua Palavra, Seu Projeto sofria por parte das elites dominantes e hostis à Causa de Jesus. Nas palavras de Jesus, o Pai aparece como Senhor Absoluto do céu e da terra, isto é, de tudo e de todos. Seu senhorio não é aceito pelos sábios e inteligentes, ou seja, eles não eram capazes de discernir e perceber que, por intermédio das palavras e ações de Jesus, em favor dos pobres e marginalizados, estava se concretizando o plano de Deus.

Jesus demonstra ter uma íntima comunhão com o Pai: “Tudo me foi entregue por meu Pai”(Mt 11,27). O Pai confiou todo o Seu Projeto de amor e salvação a Jesus. Jesus veio realizar e dar pleno cumprimento ao projeto do Pai. Tudo o que Jesus diz e faz é demonstração de que Deus Pai está agindo Nele. A autoridade do Pai foi passada ao Filho, na sua totalidade. O Pai se revela na ação do Filho e Este, por sua ação libertadora, dá a conhecer o Pai e seu Plano de amor.

Caríssimos irmãos e irmãs. Em suas palavras finais, Jesus dirige-se aos que estão cansados de carregar o peso de seu fardo, interpelando-os que se acheguem a Ele, pois lhes dará descanso, afirmando: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). E Jesus diz mais: “(...) aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso” (Mt 11,29). Isto revela que Jesus tinha clareza da caminhada histórica de Israel. Por muitos séculos, o povo de Israel fora duramente explorado por impérios estrangeiros, obrigado a carregar fardos pesados, trabalhando para enriquecer reis e imperadores opulentos. Jesus apresenta a proposta do Reino de Deus, como um projeto a ser construído a partir dos pobres e voltado para a dignidade de todos os sofredores. Ao se revelar manso e humilde de coração, Jesus encarna o modo de ser de Deus, compassivo e misericordioso. E, assim, convida-nos a buscar nele, o descanso, o alívio e a superação de todo sofrimento. Jesus, dando maior atenção aos que estão cansados e abatidos, ensina-nos a sermos sensíveis com os mesmos. Agradeçamos a Deus Pai, como Jesus, pela Proposta do Reino de justiça e de paz, revelado por Ele, não aos sábios e entendidos, mas aos pequeninos (cf. Mt 11,25).

Deus abençoe a todos e um bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erexim – RS

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