Voz da Diocese – A importância da correção fraterna – domingo (10) dom o Bispo Dom Adimir Mazali
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a
Voz da Diocese. A liturgia da palavra deste domingo propõe a reflexão sobre a
importância da correção fraterna. O Evangelho nos educa para o diálogo e para a
comunhão de vida. A Palavra de Deus afirma, em todas as leituras, que somos
responsáveis uns pelos outros e devemos ser um suporte para os fracos,
sobretudo no que diz respeito à vivência da fé e ao seguimento de Jesus.
Pouquíssimas pessoas têm coragem de advertir alguém quando erra na vida. É mais
fácil condenar, humilhar ou ser indiferente. Porém, a Bíblia afirma e reafirma
a responsabilidade de uns para com os outros. As etapas apontadas pelo
Evangelho de Mateus indicam o esforço que Jesus solicita à Comunidade para
acompanhar quem erra, a fim de que não se perca.
Caríssimos irmãos e irmãs. O Evangelho deste Domingo,
extraído de Mt 18,15-20, situa-se no contexto do ensinamento de Jesus sobre a
Comunidade, direcionado, especificamente, para orientar a vida da Igreja. Um
tema muito presente no ensinamento de Jesus é o da correção fraterna.
Primeiramente, devemos tomar consciência de que o ato de corrigir o irmão é
nossa responsabilidade. Jesus é muito claro, quando diz: “Se o teu irmão pecar,
vai corrigi-lo” (Mt 18,15). É um imperativo que nos interpela. Não assumir esse
mandato de Jesus, significa omitir-se diante do erro do outro, deixando-o no
próprio erro. As orientações de Jesus não são normas rígidas, mas um jeito de
agir, tendo como referência a profundidade da justiça do Reino.
O Evangelho apresenta a preocupação de Jesus com o
retorno à Comunidade de quem se desligou dela. Quantos, hoje, por mero
comodismo, deixam de participar da Comunidade e também de colaborar com ela. Jesus
orienta empregar todos os recursos para tentar o retorno à Comunidade. Assim,
disse Jesus: “Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em
particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não
te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja
decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não der ouvido,
dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um
pagão ou um pecador público” (Mt 18,15-17).
A correção que Jesus propõe, tem em vista a recuperação
da pessoa que pecou e que se afastou da Comunidade, pois o objetivo de Jesus é
a convivência fraterna. Jesus propõe uma correção feita com amor. São
oferecidas várias oportunidades. Primeiro, a exortação pessoal, para
preservá-lo de constrangimento; depois, a exortação diante de algumas
testemunhas; por fim, diante da própria Comunidade, para que a pessoa reconheça
a situação em que se encontra.
Prezados irmãos e irmãs. Todo esse procedimento nos ajuda
a perceber o papel mediador da Igreja para ajudar um membro a se reintegrar na
Comunidade e a sair do isolamento. Isso porque não caminhamos sozinhos, mas
fazemos parte de um corpo e necessitamos uns dos outros para viver a fé. Jesus
faz ver que é preciso ser criativo no esforço de recuperar quem erra e se
afasta da Comunidade ou até mesmo da família. A experiência ou a prática
comunitária de vida não pode construir-se senão na lógica do diálogo e do
perdão. Todavia, isso implica também um assumir os compromissos da fé. Para
Jesus, é preciso fazer de tudo para que as pessoas não se afastem da
Comunidade, pois é neste âmbito que se dá o mais profundo sentido da fé.
Para o Apóstolo Paulo, a Comunidade é chamada a exercer
mais a misericórdia do que o rigor da lei. Por isso, São Paulo diz: “Não
fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo
está cumprindo a Lei” (Rm 13,8a). Para o Apóstolo Paulo, “O amor não faz nenhum
mal contra o próximo (...) O amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm 13,8b).
Irmãos e irmãs. O Evangelho relata-nos a presença do
Cristo Ressuscitado onde há comunhão de vida, amor e misericórdia. Assim, Jesus
se expressou: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí,
no meio deles” (Mt 18,20). O maior acento é dado para a vida em Comunidade,
para a comunhão e a misericórdia. Este é o desafio que Jesus propõe a todos nós,
na vida familiar e na vida eclesial: viver o amor, a misericórdia e a comunhão entre
nós, pois assim Ele estará conosco.
Deus abençoe a todos e um bom domingo.
Por: Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo
Diocesano de Erechim – RS