Professora de Portugal fala sobre a participação da mulher no crime organizado
(Professora Ana Guerreiro faz pesquisas
sobre a participação da mulher no crime organizado – Foto: Divulgação Ascom
URI)
O IV
Simpósio Internacional de Direito Contemporâneo, promovido pelo XXX Fórum de
Estudos das Ciências Jurídicas e Sociais da URI, proporcionou a participação de
conferencistas de outros países, de forma online, que contribuíram com
temáticas relevantes. Na quinta-feira, 14, à tarde, a participação foi da
professora de Portugal, Ana Margarida Esteves Guerreiro, que falou sobre a
participação da mulher no crime organizado. A conferência teve a mediação do
professor Andrey Andreolla.
A
participação feminina no crime organizado foi tema de sua tese de doutorado e
buscou compreender as funções e a importância da mulher em grupos criminosos. A
maioria dos reclusos em sistema prisional são homens, informou ela. No entanto,
houve uma ligeira subida da participação feminina no crime em geral, que se
mantém estável ao longo do tempo, mas elas apresentam uma presença muito mais
inconstante na associação criminosa.
Ana
ressaltou que a criminologia é a ciência mais sexista, pois toda ela era
centrada no androcêntrico. Quando surgiram as primeiras explicações a respeito
da participação feminina, buscou-se justificativas biológicas. Tais
perspectivas eram menores do ponto de vista social. Essas características de
inferioridade feminina foram transmitidas para o mundo do crime. A mulher era
vista como dupla transgressora, pois descumpria não só a expectativa social do
papel de gênero, - socialmente não é suposto um comportamento violento em uma
mulher - mas também a lei penal.
O
ponto de vista das mulheres é importante para o estudo da nova criminologia,
ponderou. E é necessário estudar a criminologia a partir de um ponto de vista
interseccional. “A partir da entrada da mulher no mercado de trabalho, mais
oportunidades surgiram, não só sociais, mas também criminais”, declarou a
palestrante. “A importância dos estudos de gênero no crime está na
visibilidade, pelas características e dinâmicas da mulher no crime terem
peculiaridades merecedoras de atenção. Outra importância é a desconstrução de
estereótipos, de que as mulheres não cometem crimes por serem cuidadoras e
donas de casa”, informou a professora.
O que ela tem encontrado em suas investigações é que as mulheres apresentam papel significativo no crime organizado, com funções diversas, a depender do tipo de atividade ilícita. “As funções são importantes para a execução da atividade ilícita, não sendo secundárias. Talvez a função não seja tão visível do ponto de vista da gestão do crime, mas ainda é fundamental. Há diversas razões subjacentes para a entrada da mulher no crime organizado, a primeira é, obviamente, o lucro. Depois, ao contrário do que se pode pensar, a conclusão é de que a entrada no crime não foi uma forma de rejeitar o papel social de gênero, mas um meio para socialização. Existem razões prévias, questões de relações com o par romântico, procura de proteção”, disse.
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Assessoria de Marketing, Comunicação e Eventos URI Erechim