Voz da Diocese com Dom Adimir Mazali – Dia Mundial das Missões

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese.

Neste quarto domingo do mês de outubro, celebramos o Dia Mundial das Missões. Para esta ocasião, o Papa Francisco escolheu o tema que se inspira na história dos discípulos de Emaús, “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,13-35), o mesmo que inspirou o Terceiro Ano Vocacional do Brasil.

Prezados irmãos e irmãs. Recorda-nos o Papa, que aqueles dois discípulos estavam confusos e desiludidos por causa da morte de Jesus. Mas o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido, acendeu neles o entusiasmo para pôr os pés a caminho de volta a Jerusalém, a fim de anunciar que o Senhor tinha verdadeiramente ressuscitado. Com esta passagem do Evangelho, aprendemos a transformação dos discípulos a partir de algumas imagens sugestivas, a saber: corações ardentes pelas Escrituras explicadas por Jesus; olhos abertos para O reconhecer e, como ponto culminante, pés a caminho de volta a Jerusalém. São três aspectos que traçam o itinerário dos discípulos missionários, e, a partir dos quais, podemos renovar o nosso zelo pela evangelização, no mundo de hoje.

No caminho de Jerusalém para Emaús, os corações dos dois discípulos estavam tristes por causa da morte de Jesus. E eis que, “enquanto conversavam e discutiam, aproximou-Se deles o próprio Jesus e pôs-Se com eles a caminho”, conforme o texto bíblico de Lc 24,15. Como no início da vocação dos discípulos, também agora, no momento da frustração, o Senhor toma a iniciativa de Se aproximar dos seus discípulos e caminhar com eles. Na sua grande misericórdia, Jesus está próximo dos seus discípulos, caminhando com eles, sobretudo quando se sentem frustrados, desanimados, temerosos. Dessa forma, diz o Papa Francisco: “Não deixemos que nos roubem a esperança! ” (EG, 86). O Senhor é maior do que os nossos problemas, sobretudo quando O encontramos ao anunciar o Evangelho ao mundo, porque essa missão, afinal, é d’Ele. Nós somos simplesmente os seus colaboradores.

Assim sendo, compreendemos melhor a afirmação de São Jerônimo, quando diz: “A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (Comentário aos Salmos, PL 24,17). Isso porque, é impossível compreendê-la em profundidade, sem o conhecimento do próprio Cristo, o Verbo encarnado e enviado do Pai. É verdade também que, sem a Sagrada Escritura, permanecessem indecifráveis os acontecimentos da missão de Jesus e da sua Igreja no mundo. Por isso, o conhecimento da Escritura é importante para a vida do cristão e, mais ainda, para o anúncio de Cristo e do seu Evangelho.

Não esqueçamos que o elemento decisivo que abre os olhos dos discípulos de Emaús são as ações de Jesus: tomou o pão, pronunciou a bênção, parti-o e deu-lhes (cf. Lc 24 30). Nos gestos de Jesus, com a graça do Espírito Santo, renova-se o sinal da multiplicação dos pães e sobretudo da Eucaristia, o Sacrifício da Cruz. Essa é a experiência fundamental que precisamos realizar, porque faz compreender uma realidade essencial da nossa fé, ou seja, Cristo que parte o pão, torna-Se agora o Pão partilhado aos discípulos, e depois consumido por eles. Depois disso, Jesus tornou-Se invisível, pois agora entrou no coração dos discípulos para fazê-los arder ainda mais, impelindo-os a retomar, sem demora, o seu caminho, a fim de comunicarem a todos a experiência única do encontro com o Ressuscitado.

Depois que os seus olhos abriram, reconheceram Jesus na fração do pão. Assim, os discípulos voltaram para Jerusalém, para anunciar aos outros a alegria do encontro com o Senhor (cf. Lc 24,33). A partir dessa cena, Papa Francisco comenta: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (EG, 1).

Pôr os “pés a caminho”, recorda-nos mais uma vez a importância da missão confiada pelo Senhor Ressuscitado à Igreja, qual seja, evangelizar toda a pessoa e todos os povos até os confins da terra. Hoje, mais do que nunca, a humanidade, ferida por tantas injustiças, divisões e guerras, precisa da Boa Nova da paz e da salvação em Cristo. Por isso, a conversão missionária permanece o principal objetivo que devemos propor, como fiéis cristãos e como comunidade eclesial, porque “a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, 15).

A urgência da ação missionária da Igreja é um objetivo do caminho sinodal que a própria Igreja propõe com as seguintes palavras-chaves: comunhão, participação e missão. Não é um fechar-se da Igreja sobre si mesma; nem um processo de consulta popular para decidir o que é preciso, ou não, em que acreditar e como praticar as verdades de fé, segundo as preferências humanas. Pelo contrário, é pôr-se a caminho, como os discípulos de Emaús, escutando o Senhor Ressuscitado que não cessa de caminhar conosco, explicando-nos o sentido das Escrituras e partindo o pão para nós, a fim de podermos levar adiante, com a força do Espírito Santo, a sua missão no mundo.

Portanto, aceitemos o imperativo missionário que nos propõe, conforme o lema da Campanha Missionária desse ano de 2023: “Ide! Da Igreja Local aos confins do mundo!”, e saiamos, pelo mundo, com os corações ardentes, os olhos abertos, os pés a caminho, para fazer arder outros corações, a partir do anúncio da Palavra de Deus, a fim de que todos abram os olhos para Jesus na Eucaristia, e trilhem juntos o caminho da paz e da salvação que Deus, em Cristo, revela à humanidade.

Deus abençoe a todos, e um bom domingo! –

Por: Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erechim – RS.

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