Voz da Diocese – A Práxis Cristã em favor dos pobres com o Bispo Dom Adimir Antônio Mazali
Minha
saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Aproxima-se
o final do Ano litúrgico. A Liturgia da Palavra nos convida a refletir sobre o
fim último de nossa existência, ou seja, a preparação para a vida eterna, como
temos acompanhado nos últimos domingos.
Prezados
irmãos e irmãs. A Liturgia deste domingo, através da parábola dos talentos, nos
fala sobre a prática cristã e nos alerta para fortalecermos o espírito de
vigilância. O Apóstolo Paulo, na Primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts 5,1-6),
é muito claro em relação à vigilância, quando afirma: “(...) o dia do Senhor
virá como um ladrão, de noite (...) as pessoas não poderão escapar (...)
Portanto, não durmamos como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios” (1Ts
5,3-6).
Assim
sendo, em conformidade ao contexto da Primeira Leitura, acima mecionado, entra
a parábola dos talentos contada por Jesus aos seus discípulos. Conta Jesus que
um homem, antes de viajar, entregou seus bens aos empregados. Distribuiu-os
conforme a capacidade de cada um: a um deu cinco, a outro dois e a outro um
talento. No retorno, fez cada um prestar contas do que havia feito com os
talentos recebidos. Aos que haviam se empenhado com os talentos, fazendo-os
render outro tanto, disse a cada um deles: “Muito bem, servo bom e fiel. Como
foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem
participar da minha alegria!” (cf. Mt 25, 21). Interessante perceber que, para
Deus, o importante não é o quanto cada um produz, mas, sim, o empenho pessoal
de cada um em produzir. Ao que havia produzido mais cinco e ao que havia
produzido mais dois talentos deu-lhes a mesma resposta. Deus não discrimina e
nem estabelece graus de premiação. A todos os que lutam pela justiça e se
empenham pela causa do Reino, Jesus afirma: Empregado bom e fiel, vem
participar da minha alegria. Porém, um teve medo e escondeu o talento
recebido no chão. Este representa aqueles que não se comprometem com a causa do
Reino. A resposta a este foi muito dura: “Servo mau e preguiçoso”; “Servo
inútil” (cf. Mt 25,14.30).
Irmãos
e Irmãs. Deus nos confiou dons a serem postos em prática. Cada dom nos impele a
um serviço dentro da dinâmica do Reino. O dom que recebemos exige de nós o compromisso
de trabalhar pelo bem comum e por um mundo melhor. O Evangelho não é para ser
“escondido no chão”, de forma egoísta ou por medo, mas posto em prática e
anunciado.
Celebramos
ainda neste domingo, caríssimos irmãos, o Sétimo Dia Mundial dos Pobres,
instituído pelo Papa Francisco, com o lema: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4,7). Papa Francisco afirma em sua Mensagem, para
este dia: “O Dia
Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima
vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se
está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada
vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no
acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como
um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o
grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade, ergue-se cada
vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei
do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom
e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres”.
Em outro trecho da
Mensagem, o Papa diz: “O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso
agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a
procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária
para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se
pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as
justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não
afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da
caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã”.
Continua o Papa
Francisco, agora com uma afirmação propositiva: “Que a nossa solicitude pelos
pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve
corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que
me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito
Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as
nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa
humanidade, do nosso coração aberto ao amor”.
Caros
irmãos e irmãs. Peçamos ao Senhor a graça de sermos vigilantes em busca de
nossa participação no Reino de Deus, multiplicando nossos talentos de forma
concreta no agir cristão em favor dos mais necessitados.
Deus
abençoe a todos e bom domingo!
Dom
Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erechim – RS