Voz da Diocese – “Preparai o caminho do Senhor”
Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Estamos no tempo do Advento. O Advento nos convida a cultivarmos a espiritualidade da acolhida. O Advento nos diz que Deus quer nos visitar. Deus vem a nós simplesmente porque nos ama infinitamente e de forma incondicional. O Advento nos convida, portanto, a sermos hospitaleiros de um hóspede sem igual, ou seja, o próprio Deus.
Prezados
irmãos e irmãs. A Liturgia da Palavra, nesse 2º Domingo do Advento, anuncia a
vinda de Deus. Assim diz o profeta Isaías: “Eis o vosso Deus, eis que o Senhor
Deus vem com poder ( ...) Como um pastor, ele apascenta o rebanho...” (Is
40,10-11). Sua vinda, porém, precisa ser preparada. Assim, diz o profeta Isaías:
“Preparai o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus. Nivelem-se
todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é
torto e alisem-se as asperezas” (Is 40,3-4). O Advento é um tempo para aplainar
a estrada de nossa vida; é um tempo para nivelar e endireitar o que está torto
em nossas relações; é um tempo para alisar, com a “lixa” do perdão, da misericórdia,
do entendimento, as asperezas que ocorrem em nossa convivência. Somos,
portanto, convidados a atualizar em nossa vida esse apelo do profeta Isaías,
preparando-nos para acolher Aquele que vem.
O
Evangelho nos mostra João Batista, o último dos grandes profetas bíblicos, o
qual abraçou como sua profecia, cumprindo plenamente o que profetizara Isaías. A
missão de Isaías se tornou missão de João Batista. É João Batista o mensageiro
enviado para preparar o caminho do Senhor: “Eis que envio meu mensageiro à tua
frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!” (Mc 1,2-3). A
missão de João Batista foi preparar o povo de Israel para acolher o Messias, o
Senhor, o Salvador, há séculos esperado. Ele pregava um batismo de conversão
para o perdão dos pecados. Por sua vez, ele tinha consciência de que não era o
Messias. Por isso, João Batista dizia: “Depois de mim virá alguém mais forte do
que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. Eu vos
batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,7-8).
Desta
forma, o Evangelho de Marcos constata: “Todos iam ao seu encontro. Confessavam
os seus pecados e João os batizava no Rio Jordão” (Mc 1,5). O batismo de João
Batista era o sinal que predispunha as pessoas à aceitação da novidade prestes
a chegar, a própria pessoa de Jesus. Este batismo era um convite para cada um
mergulhar na proposta de Jesus, aquele que era mais forte que João e iria
trazer a salvação. Seu batismo era o sinal da conversão e do compromisso com a
causa do Reino de Deus.
O
Evangelho de Marcos faz ver que João Batista era um homem simples e pobre. Ele
era profeta nas palavras e no seu modo de ser, ou seja, no vestir e
alimentar-se. Sua pregação e vida eram, ao mesmo tempo, denúncia do que estava acontecendo
de errado na sociedade e apelo para acolher o Reino de Deus, cujo Messias, com sua vinda, iria trazer.
Caros
irmãos e irmãs. Diante do Natal que se aproxima, o Salmo Responsorial nos ajuda
a rezar, da seguinte maneira: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar, é a paz
que ele vai anunciar (...) Está perto a salvação dos que o temem, e a glória
habitará em nossa terra” ( cf. Sl 84). Quando ele nascer em nosso meio,
poderemos recitar as mesmas palavras do salmista: “A verdade e o amor se
encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão e da terra brotará a fidelidade
(...) e a salvação há de seguir os passos seus” (cf. Sl 84).
Portanto,
meus irmãos e irmãs, que o caminho de preparação ao Santo Natal seja para todos
nós, um período de verdadeira conversão, acolhimento, promoção da justiça, da
paz e da concórdia, acolhendo o Senhor que está para chegar.
Deus abençoe a todos e bom domingo!
Dom
Adimir Antonio Mazali
Bispo
Diocesano de Erechim – RS