Estimativa da Conab: Produção de grãos deve atingir 38,9 milhões de toneladas no RS
(Créditos da Foto: Thiago Antonio Espinosa Embrapa)
Os
produtores brasileiros deverão colher 312,3 milhões de toneladas de grãos na
safra 2023/24, volume 2,4% inferior ao obtido na temporada passada. A queda na
estimativa de produção neste ciclo é explicada pela baixa ocorrência de chuvas
e as altas temperaturas registradas nos estados do Centro-Oeste, enquanto que
no Sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, pelo excesso das
precipitações. Essas condições climáticas adversas afetaram o desenvolvimento
de importantes culturas, como soja e trigo. Os dados estão no 3º Levantamento
da Safra de Grãos 2023/24, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab).
No
Rio Grande do Sul, a previsão da Conab é de uma produção de 38,918 milhões de
toneladas, o que representa um aumento de 41,1% em relação à safra de grãos de
2022/23. A área total utilizada no cultivo de grãos deve chegar a 10,477
milhões de hectares, um incremento de 1,7% em relação à temporada passada.
Importante
produto para o abastecimento interno, o arroz tem previsão de alta na safra de
7,5%, podendo chegar a 10,79 milhões de toneladas. O melhor resultado é
influenciado pela maior área destinada ao produto bem como uma recuperação na
produtividade. Ainda assim, o desenvolvimento da cultura, em especial no Rio
Grande do Sul, principal estado produtor, tem sido afetado pelas condições
climáticas adversas. O excesso de chuvas tem gerado uma umidade excessiva no
solo, o que impede a conclusão da semeadura e dificulta os tratos culturais.
Outro
produto tradicional no consumo dos brasileiros, o feijão apresenta cenários
diversos nas lavouras cultivadas nesta primeira safra pelo país. Em São Paulo
as condições gerais, até o momento, são de bom aspecto fitossanitário. Os
efeitos das altas temperaturas e baixas precipitações foram amenizados pelo uso
de irrigação. Já em Minas, esse cenário de calor e irregularidade de chuvas
trazem impactos nas operações de implantação e de manejo das lavouras. Ainda
assim, somadas as 3 safras da leguminosa a expectativa é de uma produção de 3,1
milhões de toneladas.
Soja,
milho e trigo
O
clima também tem trazido impacto para a soja, principal cultura cultivada no
país. O plantio da oleaginosa continua atrasado em todas as regiões produtoras.
Em alguns estados os trabalhos de implantação da cultura ficaram próximos aos
da última safra, como Paraná e Mato Grosso. Com a irregularidade climática há a
sinalização de redução da produtividade nos estados do Centro-Oeste. Em Mato
Grosso as lavouras ainda apresentaram uma evolução satisfatória, mesmo com o
pouco volume pluviométrico recebido. Já em Goiás, Minas Gerais, Matopiba e Rio
Grande do Sul, a área semeada se encontra bem abaixo do ocorrido na safra
2022/23. No Rio Grande do Sul é devido ao excesso hídrico, e nas demais regiões
é por conta da irregularidade ou falta de precipitações.
Diante
desse cenário, a estimativa de produção da soja nesta safra é de 160,2 milhões
de toneladas. O clima ainda é um fator que pode influenciar neste resultado,
principalmente quando ocorrem os estágios de floração e enchimento dos grãos.
Os técnicos da Companhia continuarão acompanhando o desenvolvimento das
lavouras a fim de verificar os impactos das condições climáticas no desempenho
final.
Panorama
semelhante é encontrado para o cultivo do milho 1ª safra. Os extremos
climáticos, típicos de anos de influência do fenômeno El Niño, continuam a
ocorrer nas regiões produtoras, atrasando o plantio do cereal. Neste primeiro
ciclo de cultivo do grão, é projetada uma produção de 25,3 milhões de toneladas
- queda de 7,5% em relação à safra anterior. Já a colheita total de milho está
estimada em 118,53 milhões de toneladas.
Nas
culturas de inverno, foi identificada queda na produtividade em quase todos os
produtos quando comparada à última safra. Para o trigo, principal produto, as
chuvas volumosas, ventanias, granizo, enchentes, muita nebulosidade e poucos
dias com sol dificultam a conclusão da colheita no Rio Grande do Sul. O volume
de produção está estimado em 8,1 milhões de toneladas.
Mercado
As
análises de mercado dos grãos brasileiros mostram que as exportações de soja em
grãos, de janeiro a novembro de 2023, continuam elevadas. Além disso, o line-up
até o final de dezembro é estimado em mais de 100 milhões de toneladas. Diante
desse cenário, os embarques do grão foram elevados de 98,06 milhões de
toneladas para 100,03 milhões de toneladas. Já para os esmagamentos foi
verificada uma redução de 350 mil toneladas, motivada por uma diminuição nas
estimativas de exportações de farelo e óleo de soja.
Já
para o próximo ano, as exportações da oleaginosa estão estimadas em 101,59
milhões de toneladas, uma redução de 1,42 milhão de toneladas em relação ao
último levantamento divulgado, influenciado pela atual estimativa do volume a
ser colhido. Queda também para os esmagamentos, reduzidos em 1,05 milhão de
toneladas devido, principalmente, pela menor estimativa de venda no mercado
interno de farelo de soja em 2024.
Para
o milho, a expectativa é que o volume de exportações brasileiras do cereal em
2024 seja reduzido, podendo chegar a 38 milhões de toneladas. A queda projetada
se deve em razão da perspectiva de menor produção nacional somada à maior
oferta disponível no mercado internacional, em meio à boa safra
norte-americana.
No
caso do feijão-comum cores o panorama de mercado se apresenta favorável ao
produtor. A cultura se encontra em plena entressafra, e o país conta apenas com
os estoques remanescentes da terceira safra e das lavouras paulista na oferta
de feijão novo, pelo menos até meados de janeiro de 2024. Com a previsão de
oferta moderada e baixo estoque de passagem, a tendência é que os preços
continuem atrativos para os agricultores durante os próximos dois meses.
Já o
mercado de trigo continua apresentando cenário de baixa nos preços. O excedente
de cereal russo, com preço mais competitivo que os dos demais países, segue
atuando como um dos principais fatores de pressão das cotações. Além disso, a
melhora climática em importantes países produtores europeus e na Austrália
também atua como fator baixista das cotações.
Por: Assessoria
de Comunicação Edegar Pretto