Rio Grande do Sul se prepara para onda de calor “a níveis históricos”

Nesta quarta-feira, o Rio Grande do Sul acordou novamente com temperaturas elevadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) São Borja alcançou 24,7ºC, São Luiz Gonzaga registrou 24,6ºC, seguidos por Santiago com 23,4ºC, Uruguaiana com 23,2ºC e Alegrete com 22,4°C.

Esta é a 9ª onda de calor que atinge o Brasil este ano e a primeira que afeta o Rio Grande do Sul. A previsão é que atinja índices históricos no Estado. O calor tem se manifestado nos últimos dias, mas a expectativa é de um aumento significativo nesta quinta-feira. A Metsul Meteorologia estima que os termômetros poderão marcar entre 40ºC e 43ºC em algumas cidades entre sexta-feira e o final de semana.


Além do Rio Grande do Sul, essa nova onda deve atingir outros 14 estados, mais o Distrito Federal. O Inmet emitiu um aviso meteorológico de nível laranja (perigo) devido à persistência da onda de calor por, pelo menos, quatro dias consecutivos. O comunicado é válido até o próximo domingo.

“A partir desta sexta-feira, o forte calor também é esperado na área que abrange a maior parte do Centro-oeste e Sudeste do Brasil e em áreas das regiões Norte e Nordeste, com temperaturas máximas podendo superar 40°C nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, interior de São Paulo, Goiás e Bahia”, diz o Inmet.

Cuidados com banhos em rios, lagos, açudes e mar

De acordo com o Tenente-Coronel Isandré Antunes, chefe da Divisão de Operações e Defesa Civil do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, se as guaritas do Lami, Belém Novo e Itapuã em Porto Alegre estiverem em condições de uso, a partir deste sábado os locais terão a presença de guarda-vidas como forma de garantir a segurança dos banhistas. Ao todo, mais de 10.000 guarda-vidas estarão distribuídos em 295 postos no litoral e em diversos municípios do Rio Grande do Sul.

O coronel Antunes enfatiza que a maioria dos casos de afogamento ocorre devido a comportamentos imprudentes nas águas. Ele destaca: “Brincadeiras que envolvem contato físico, acrobacias, mergulhos de cabeça, consumo de álcool, confiança em dispositivos infláveis e, principalmente, entrar em locais sem supervisão e vigilância.”

Além disso, o chefe da Divisão de Operações ressalta a importância de precauções ao tirar selfies nas margens de rios e costões. E aconselha a evitar esses locais em dias de tempestade.

Risco para a saúde

Autoridades de saúde alertam para os impactos negativos do calor extremo na população, especialmente em grupos vulneráveis como idosos, crianças, pessoas com problemas de saúde específicos, diabéticos, gestantes e população em situação de rua.

O Ministério da Saúde preparou um guia com orientações sobre como lidar com as altas temperaturas. Dentre as recomendações, destacam-se:

Evitar exposição direta ao sol entre 10h e 16h;

Buscar locais frescos e sombreados;

Repousar com frequência;

Aumentar a ingestão de líquidos;

Manter ambientes úmidos.

É crucial estar atento aos sintomas de desidratação e, em casos de transpiração excessiva, fraqueza, tontura, náuseas, dor de cabeça, cãibras musculares e diarreia, é recomendável procurar a unidade de saúde mais próxima para avaliação profissional.

Dados históricos

De acordo com o Inmet, o Brasil experimentou temperaturas acima da média histórica nos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro. Em novembro, especificamente, a onda de calor foi a mais ampla já registrada, com 12 dias consecutivos de temperaturas acima da média, resultando em índices históricos.

No dia 13 de novembro, o Rio de Janeiro registrou a maior sensação térmica desde 2014, atingindo 58,5°C, enquanto os termômetros marcavam 35,5°C. Já em Araçuaí (MG), no dia 19 de novembro, a temperatura alcançou 44,8°C, superando os 44,7°C registrados em Bom Jesus (PI) em 2005.

Essa onda de calor impactou significativamente o consumo de energia, atingindo um recorde de 100.955 megawatts (MW) no Sistema Interligado Nacional (SIN). O fato representa a primeira vez na história que a carga superou a marca de 100 mil MW, ultrapassando o recorde anterior de 97.659 MW em setembro deste ano.

O fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial, e o aumento das emissões de gases do efeito estufa são os fatores que contribuem para eventos de calor cada vez mais intensos.

Por Correio do Povo - Paula Maia


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