RS fará estudo e testagem para diagnosticar Alzheimer pelo exame de sangue
(Foto: Divulgação - FAURGS)
Convênio
entre a UFRGS e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) busca tornar mais
acessível o diagnóstico da doença
Com
o avanço das tecnologias, mais doenças do cérebro têm sido detectadas por
exames de imagem. No entanto, a maior parte dessas inovações são caras e pouco
acessíveis à população e ao sistema público de saúde.
Com
o objetivo de validar uma testagem para todos os brasileiros, um convênio foi
assinado nesta quarta-feira (20) entre a Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (Ufrgs) — por meio da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (Faurgs) — e a Secretaria
da Saúde do Estado (SES/RS).
O
investimento, de cerca de R$ 1,4 milhão, propiciará à universidade gaúcha a
compra do equipamento capaz de realizar um exame de sangue inovador. Eduardo
Zimmer, professor adjunto do Departamento de Farmacologia da UFRGS, explica
que, após o recebimento da tecnologia, o estudo terá uma fase de testagem na
população do estado.
A
secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, lembrou o caminho trilhado para
que o projeto se tornasse viável. “Além de estarmos valorizando a pesquisa no
Estado, essa é uma conquista que vai melhorar a qualidade de vida da população.
Hoje, estamos celebrando que, no futuro, o SUS possa prestar cuidado
assistencial com a antecedência necessária”, justificou.
Coordenado
pelo Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (ICBS/UFRGS) em parceria com o Instituto do Cérebro da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o projeto busca prevenir e
atenuar a progressão da doença de Alzheimer antes do aparecimento de sintomas,
identificando fatores de risco. O equipamento, chamado de Elisa Ultrassensível
(Simoa® HD-X Analyzer da empresa Quanterix), possibilitará determinar
biomarcadores positivos da doença em indivíduos neurologicamente
saudáveis.
“Tenho
a enorme alegria de estar à frente da Faurgs no momento da assinatura deste
convênio junto ao governo do Estado. Uma união de esforços que incentiva a
expertise em pesquisa da UFRGS em prol de algo maior: o amplo acesso ao
diagnóstico precoce da doença de Alzheimer”, destacou Ana Rita Facchini,
presidente da FAURGS.
O
estudo
A
primeira fase do estudo consiste na coleta de sangue de três mil voluntários e
será a base para o acompanhamento da pesquisa. Os voluntários são oriundos de
10 cidades gaúchas: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Osório, Passo Fundo,
Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria, Santo Ângelo, Uruguaiana e Veranópolis.
Com
esse investimento, o Rio Grande do Sul dá mais um passo rumo à inovação na
pesquisa sobre o tema e poderá servir de modelo nacional, uma vez que está em
consonância com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o
enfrentamento de demências, em especial a doença do Alzheimer.
O
objetivo central é que o estudo, coordenado pelo ICBS/UFRGS, resulte em um
exame disponibilizado à população, tornando-se alicerce para o desenvolvimento
de um plano nacional focado no assunto pelo SUS. Além disso, o projeto também
tem o intuito de reduzir o custo do diagnóstico precoce e o subdiagnóstico de
demências na atenção primária, contribuindo com a qualidade de vida de
indivíduos idosos.
“O
exame já existe no mundo e no Brasil, mas estamos importando o conhecimento e
isso eleva o custo. A sua realização hoje está em torno de R$3,5 mil. O Rio
Grande do Sul será pioneiro no país a fazer a testagem na população (dentro do
estudo), o que criará evidências científicas nacionais, propiciando um menor
valor de custeio do exame. Estamos projetando um custo de R$ 200,00”, enfatiza
Zimmer, acrescentando que a UFRGS tem múltiplas pesquisas publicadas sobre o
tema e estudos com colaborações internacionais.
A
literatura médica e científica mostra que as doenças degenerativas começam a se
desenvolver 20 a 30 anos antes de os sinais aparecerem. Com a possibilidade de
identificar a enfermidade em larga escala, com o exame de sangue, há maior
tempo hábil para o manejo antes do aparecimento dos sintomas. A inovação
permite, também, gerar mais dados para políticas públicas efetivas de saúde no
país.