Festa da Sagrada Família: Salve Jesus, Maria e José! Voz da Diocese
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. O ano de dois mil e vinte e três está chegando ao fim. Certamente foi um ano que vai ficar marcado na história e na vida de cada um de nós. Talvez, para muitos, o ano mais marcante da vida. No contexto de virada de ano, muitos sentimentos invadem a alma, sobretudo, de boas festas e de gratidão pelo caminho percorrido. A esperança é de que realmente tenhamos um ano novo que nos ajude a vencer as limitações e barreiras impostas neste que ora finda. Sim, queremos um ano em que possamos encontrar-nos, estar juntos, dialogar, trabalhar, viver, ser realmente feliz.
A
Liturgia da Palavra, deste último domingo do Ano 2023, apresenta-nos a Sagrada
Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, como modelo de família, na qual somos
convidados a nos espelhar. Num contexto de “mudança de época”, termo expresso
pelo Documento de Aparecida, em seu parágrafo 44, com inúmeras consequências na
vida e nas relações entre as pessoas, é de fundamental importância contemplar a
Família de Nazaré, a qual serve de inspiração para o cotidiano de nossa vida.
Na
primeira leitura, deste Domingo, extraída do Livro do Eclesiástico, sugere-nos
a meditação do quarto mandamento da Lei de Deus, a saber: “honrar pai e mãe”
(cf. Ex 20,12). Honrar significa, ao mesmo tempo, respeitar e sustentar. O
texto faz um forte apelo aos filhos e filhas, num contexto em que muitos pais e
avós são deixados de lado e até abandonados, para que os respeitem, valorizem,
auxiliem, amem os seus pais, pois, se hoje os filhos têm vida, é graças ao amor
dos pais. Diz a Leitura: “Meu filho, ampara teus pais na velhice e não lhes
cause desgosto enquanto eles viverem; procura ser compreensivo para com
eles”(Eclo 3,14-15).
Prezados
irmãos e irmãs. O Evangelho de Lucas, da referida liturgia dominical, relata a
apresentação de Jesus no Templo e a purificação de Maria. A Lei de Moisés
prescrevia que todo filho primogênito deveria ser consagrado ao Senhor (cf. Ex
13, 2.12). Maria e José, como família inserida na tradição religiosa israelita,
cumprem plenamente a Lei, conforme o relato evangélico: “Levaram Jesus a
Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor” ( Lc 2,22). Temos aqui a Sagrada
Família diante de Deus, no Templo, concluindo o tempo da promessa e iniciando o
tempo da salvação, com a divulgação ou anúncio da chegada do Menino Deus e sua
futura missão.
As
figuras de Simeão e Ana representam os avós que, com a sabedoria da vida e da
história, sabem interpretar os sinais dos tempos e veem no rosto das pessoas a
manifestação do amor e da bondade de Deus, sem que ninguém diga nada a eles. Ao
tomar o menino nos braços, Simeão bendisse a Deus e proclamou Jesus como a
“salvação” de Deus acontecendo “agora” “para todos os povos”. Jesus é a “luz”
de Deus para “iluminar” todas as “nações”. “Crendo nele” (cf. Jo 20,31) e
colocando-se em seu seguimento, todos os povos encontrarão “vida em abundância”
(cf. Jo 10,10). Assim sendo, o Velho Simeão, encoraja-se a dizer que a partir
daquele momento pode “partir em paz”
(cf. Lc 2,29-31). E mais, Simeão dirigindo-se a Maria, mãe do Menino,
revelou-lhe a dimensão profética da missão de Jesus, ao afirmar que Jesus será
“um sinal de contradição” (cf. Lc 2,34), e apontou o mistério da cruz ao
dizer-lhe que “uma espada traspassará tua alma” (cf. Lc 2,35). A “espada” evoca
a Palavra de Deus (cf. Is 49,2; Hb 4,12; Ef 6,17), que penetra as profundezas
da alma, clareando os projetos de vida e exigindo decisão e opção. A opção de
Maria fez dela “serva do Senhor” (cf. Lc 1,38), sua discípula missionária.
As
palavras de Paulo, na Carta aos Colossenses (Cl 3,12-21), constituem-se em
orientações básicas para a vida em família. Sua palavra dirige-se às esposas,
aos maridos, como pais, e aos filhos. Inicia o texto, revelando a identidade
cristã: “Vós sois amados por Deus, sois seus santos eleitos” (cf. Cl 3,12).
Sendo amados por Deus, pede-lhes: “Revesti-vos de sincera misericórdia,
bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e
perdoando-vos mutuamente (...) Amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo
da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações (...) Sede
agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós”
(Cl 3,12b-16a). São Paulo nos apresenta o caminho de uma família feliz.
Irmãos
e irmãs. O Papa São João Paulo II afirma, em suas Encíclicas Familiares
Consortio: “O matrimônio e a família constituem um dos valores mais preciosos
da humanidade” (cf. FC 1). Por ser comunidade de pessoas, a primeira razão de
ser da família é a vivência da comunhão, sendo isso possível, somente no amor.
Afirma a Encíclia, referida acima: “Sem amor, a família não pode viver” (cf. FC
18). E mais, como Igreja doméstica, a família é chamada a ser: “’Santuário de
vida’, que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus” (cf. FC 57).
Peçamos
a Deus, em sua infinita bondade, que nos ajude a valorizar nossas famílias e, a
exemplo da Família de Nazaré, saibamos viver as virtudes vividas por Jesus,
Maria e José.
A
todos, os melhores votos de um feliz e abençoado Ano Novo.
Bem-vindo
2024!
Dom
Adimir Antonio Mazali