“Jesus, o verdadeiro Templo” – Voz da Diocese domingo, 3 de março
Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Estamos vivendo o tempo da quaresma, caminho de preparação para a Páscoa do Senhor. O espírito de oração, penitência e caridade nos aproxima do ideal da vida cristã no seguimento a Jesus Cristo, tornando-nos também mais próximos uns dos outros, pois, somos todos irmãos e irmãs, conforme nos lembra a Campanha da Fraternidade.
Prezados
irmãos e irmãs. A Liturgia da Palavra deste domingo, o terceiro da Quaresma,
nos convida a caminhar com Jesus para a Páscoa da ressurreição, vivendo os Dez
Mandamentos. A primeira leitura retoma os Mandamentos. Nenhuma sociedade vive
ou se organiza sem leis. Historicamente, todos os povos tiveram e têm suas
legislações com a finalidade de ordenar a vida, dando-lhes rumo, organização,
sentido e beleza. A sociedade “necessita de leis” em vista de relações justas
para o bem da vida e dignidade de todas as pessoas. Os Dez Mandamentos
constituem o núcleo central da Lei de Israel e da “ética bíblica”, sendo o
ponto de partida da “ética cristã”.
A
intenção da proclamação dos Mandamentos é recuperar a autêntica justiça
profética e corrigir o mau funcionamento da sociedade. Por isso, são leis de
vida. A autoridade deles está em Javé, o Deus que libertou Israel da escravidão
egípcia (cf. Ex 20,2). Também podemos dizer que os Mandamentos são “Evangelho”,
Boa-Nova que brota do coração libertador de Deus e corresponde aos anseios mais
profundos de cada coração humano. A autoridade desta Lei encontra-se, portanto,
n’Aquele que é a razão da fé e da esperança do povo, em todos os tempos e
lugares, pois Ele é o “Deus vivo” (Dt 5,26), o Libertador por excelência, o
Autor da Lei. Em síntese, podemos dizer que os Mandamentos regulam as relações
das pessoas com Deus e com o próximo. Estas são suas atenções centrais. Além
disto, eles revelam os grandes valores da vida humana, defendem os direitos e
os deveres das pessoas, e de todos os povos, sendo estas leis sempre atuais.
A
narrativa do Evangelho nos diz que, aproximando-se a Festa da Páscoa, Jesus com
os discípulos dirigiu-se para Jerusalém. Chegando em Jerusalém, foi ao Templo.
O Templo era o coração do povo judeu, o centro de sua vida religiosa, social e
política. Para os israelitas, ali habitava o Deus de Israel. Por isso, o Templo
era intocável. Porém, o que Jesus viu não tinha nada a ver com o que era
esperado. “No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os
cambistas... Fez, então, um chicote e expulsou todos do Templo... Espalhou as
moedas e derrubou as mesas dos cambistas... E disse aos que vendiam pombas:
Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” (Jo
2,14-16).
Caríssimos
irmãos e irmãs. Para Jesus, aquele Templo, daquela forma, não era a “casa de
Deus”! Seu gesto de expulsar a todos que faziam da “casa de oração” um espaço
de comércio estava carregado de uma força profética e punha em questão o
sistema econômico, político e religioso sustentado a partir daquele “lugar
santo”. Para Jesus, o Deus libertador dos pobres, o Deus dos Dez Mandamentos
não podia legitimar e sustentar uma prática injusta de uma sociedade
exploradora. Por isso, aquele Templo era um grande obstáculo ao Reino de Deus
e, com a chegada de Jesus, ele perdia sua razão de ser. Jesus passava a ser o
“novo” e “verdadeiro Templo” no qual o povo podia encontrar-se com o Deus da
vida.
Irmãos
e irmãs. Hoje, para encontrar-se com Deus não basta “entrar numa igreja”. É
necessário aproximar-se de Jesus, seguir seus passos, viver com seu espírito,
acolher seu projeto. Orienta-nos neste seguimento a Jesus, os mandamentos que
juntos somos chamados a viver, fortalecendo nossos laços de amizade com Deus e
com os irmãos e irmãs. Fiéis a estes ensinamentos, preparemo-nos bem para
celebrar a Páscoa do Senhor.
Deus
abençoe a todos e bom domingo!
Por: Dom
Adimir Antonio Mazali
Bispo
Diocesano de Erexim – RS