A Identidade Cristã a partir da relação com Jesus – Voz da Diocese

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. O mês de agosto é marcado pela oração especial pelas vocações. Ao celebrarmos o primeiro domingo, recordamos o Dia do Padre, por quem queremos rezar de maneira especial neste dia e convidar a todos para que façam o mesmo. A Liturgia da Palavra deste domingo apresenta-nos um dos traços do rosto de Deus: Ele ouve o clamor do povo e, diante de suas necessidades, vem ao seu encontro.

Prezados irmãos e irmãs. A Primeira Leitura tirada do Livro do Êxodo revela-nos uma fonte que oferece fé e motivos para grandes sonhos e projetos. Os hebreus eram um povo escravizado, mas que sonhava com uma terra onde corria “leite e mel” (Ex 3,8). Porém, era um sonho que, em meio às dificuldades, deveria ser buscado. Lá no Egito eram escravos, vivendo sob uma dura exploração. Um dos grandes problemas era a fome (Gn 41,50-57). Por isso, a saída e a travessia do deserto eram um caminho necessário para a libertação.

Durante a caminhada, pelo deserto, faltou pão. Diante disto, o povo “murmurou contra Moisés e Aarão” (Ex 16,2). Muitos, em vez de acreditar na proposta do êxodo, puxaram para trás e disseram: “Antes fôssemos mortos pelas mãos de Javé na terra do Egito, quando estávamos sentados junto à panela de carne e comíamos pão com fartura!” (Ex 16,3). Criar algo novo, acreditar que seja possível e lançar-se em sua realização é sempre uma tarefa difícil. Hoje, também, muitos preferem ficar nas seguranças do passado, a criar algo novo e alternativo, gerando uma vida melhor.

A solução é encontrada na abertura à Palavra de Deus, que intervém enviando o maná e apontando um novo jeito de organizar a economia, não mais no princípio do acúmulo, mas da partilha. Com o maná receberam uma nova lei: “Cada um colha dele quanto baste para comer (...), segundo o número de pessoas que se acham em sua tenda” (Ex 16,16). Não é para recolher mais do que o necessário. Aquilo que um acumula faltará para o outro. Uma nova sociedade deve ser construída a partir de uma nova economia, fundamentada no princípio da solidariedade e do pão repartido.

Caros irmãos e irmãs. O Evangelho, em sintonia com a primeira leitura relata que, depois que a multidão comeu e ficou saciada, os discípulos retornaram para Cafarnaum. Um vento forte sacudia a barca e eles ficaram com medo. Jesus, então, caminhou ao encontro deles. Nisto, a multidão se deu conta que Jesus e os discípulos não estavam mais ali e foram à procura deles em Cafarnaum. Lá perguntaram: “Mestre, quando chegaste aqui? Jesus lhes respondeu: Estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados! Esforçai-vos, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,25-27). O sinal realizado por Jesus apontava para a necessidade da partilha e da solidariedade, missão de todos. Para Jesus, esse espírito era o alimento que dura para a vida eterna. Eles não entenderam que era assim, por isso procuraram Jesus novamente, sem acolher seu ensinamento.

Com dificuldade de compreender Jesus, a multidão o compara a Moisés e pede-lhe um sinal. A resposta de Jesus faz a multidão superar o passado: “Não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. É meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu: o pão de Deus é Aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6,32-33). Jesus é o verdadeiro e maior dom de Deus às pessoas. Dizer que Jesus é o “pão de Deus” significa dizer que Jesus é o melhor que Deus deu para as pessoas, pois, por meio dele todos poderão ter vida digna e salvação. Por isso, Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Jesus deixa claro: assim como o corpo da pessoa precisa acolher e assimilar o pão, o alimento, da mesma forma, para ter vida digna, o povo deve acolher o projeto de Jesus, o pão da vida!

A identidade cristã está em acolher o projeto de Jesus e aprender a viver um modo de vida que nasce da relação viva e confiante com Ele, o Enviado do Pai. Vamos nos tornando cristãos à medida que aprendemos a pensar, sentir, amar, trabalhar, sofrer e viver como Jesus. Crer em Jesus é configurar a vida a partir dele, com a convicção de que sua vida é verdadeira, uma vida que conduz à vida eterna. Crer em Jesus é esforçar-se por um mundo mais humano e mais justo, onde tem lugar para todos.

Caros padres! Neste seu dia especial, manifesto minha gratidão e desejo êxito na missão, vivendo o seguimento a Jesus. Aos jovens, desejo que tenham coragem de responder ao chamado de Jesus para o seu seguimento na vida sacerdotal, pois, “A messe é grande e poucos são os operários”.

Deus abençoe a todos e bom domingo!

Dom Adimir Antonio Mazali

Bispo Diocesano de Erechim – RS

Categoria:

Deixe seu Comentário