Janeiro Branco alerta para cuidados com a saúde mental

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas no planeta. Já a ansiedade atinge 18,6 milhões de brasileiros. A campanha Janeiro Branco, no primeiro mês do ano, é dedicada a convidar a população para discutir a importância do cuidado com a saúde mental.

A pandemia de coronavírus, prestes a completar 10 meses, traz mais relevância ainda ao tema. “As mudanças ocorridas no ambiente em que vivemos geram um impacto abrupto e disruptivo sobre cada um de nós e sobre o todo. O mundo não é mais o mesmo, previsível, confiável, estável”, explica a psicóloga Cármen Lúcia Costa. 

A profissional traça um paralelo: seria como se um adulto resolvesse “desmascarar o Papai Noel” em meio à festa de Natal, na frente das crianças que estão ali encantadas com aquele momento em volta da árvore. A realidade assim apresentada, de forma inesperada e excedendo as capacidades de resposta da criança,  diminui as possibilidades de que ela possa dar conta da situação de forma mais natural e saudável. Seria um choque. “Assim acontece conosco neste momento, fomos pegos de surpresa pelo excesso que o adoecimento e a morte representam para o nosso psiquismo. A doença e o perigo de adoecer impactam nossa saúde emocional”, relata. 

De acordo com Cármen, alguns fatores podem ser de grande auxílio para que possamos enfrentar a travessia nesse momento. “A segurança oferecida pelos laços com a família, com os amigos e a advinda do Estado são fundamentais e muito bem-vindas. Assim como poder contar com a nossa própria capacidade criativa, com todas as formas de arte, música, tendo esperança e confiança na solução futura”, explica.

Atenção aos sinais do corpo

Cuidar da saúde mental significa estar atento aquilo que estamos necessitando neste momento para nos sentirmos bem e seguros dentro dessa nova realidade. “A falta de atenção às questões emocionais que vão surgindo ao longo dessa jornada que tem sido a pandemia, podem se agravar se não forem cuidadas. A jornada está sendo longa e as mudanças requisitam o uso de recursos emocionais que podem ser cruciais para um desfecho saudável, que não gera somente sofrimento, mas que possibilita também o crescimento e amadurecimento a partir da experiência”, relata Cármen.

Conforme afirma a psicóloga, quanto mais pudermos cuidar da saúde emocional, viver e elaborar as questões sem negá-las, mais poderemos crescer e desenvolver recursos para as próximas batalhas que o inesperado da vida poderá nos apresentar pondo em xeque nossas fragilidades.

Também é necessário ter atenção aos sinais que nosso corpo nos oferece. “Isso é fundamental para possibilitar os devidos ‘reparos’. A falta de sono, ou o excesso; pensamentos que se repetem; vícios que se exacerbam; medo; raiva; angústia; enfim, são muitos os sinais de que excedemos a capacidade de suportar e que precisamos de ajuda”, alerta Cármen. “Vale ressaltar que o quanto antes recebermos aquilo que precisamos, menores serão as possibilidades de sofrimento maior mais adiante”, complementa.

Pandemia intensificou a necessidade de cuidar da saúde mental

Texto: Correio do Povo - 13-01-2021

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