Congresso volta ao trabalho com pautas urgentes na mesa
Após pouco mais de um mês de
recesso, o Congresso Nacional volta às atividades na segunda-feira (1º). Na
primeira sessão, a Câmara e o Senado vão eleger os novos presidentes das duas
Casas. Após a escolha dos presidentes, será preciso tratar de pautas que
ficaram represadas em um Congresso que passou quase todo o ano passado lidando,
em boa parte do tempo, com questões relacionadas à pandemia do novo
coronavírus.
No Senado, a eleição está
marcada para iniciar às 14h. Após a escolha, por votação secreta, do novo
presidente da Casa, que também comandará o Congresso, serão eleitos os membros
da Mesa Diretora.
Cinco senadores disputam a
presidência: Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Lasier Martins (Podemos-RS), Major
Olimpio (PSL-SP), Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Simone Tebet (MDB-MS).
Na Câmara, disputam a
presidência os deputados Arthur Lira (PP-AL), Baleia Rossi (MDB-SP), Luiza
Erundina (PSOL-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Alexandre Frota (PSDB-SP),
André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e
General Peternelli (PSL-SP).
O prazo para o fim do registro
de candidaturas está marcado para às 17h. Às 19h será feita a eleição do novo
presidente da Câmara e do restante da Mesa Diretora.
As eleições serão presenciais
em ambas as casas.
Orçamento
e MPs
Os parlamentares entraram de
recesso em 23 de dezembro deixando pendências importantes. Uma das tarefas mais
urgentes é a votação do Orçamento de 2021. Sem isso, as contas do governo ficam
engessadas e o Executivo não pode fazer investimentos em infraestrutura ou
aprovar medidas emergenciais ligadas ao combate à covid-19, por exemplo. “Se o
Orçamento não for votado, o país não anda e não se vota nada”, disse o deputado
José Medeiros (Podemos-MT).
O Congresso deveria ter
aprovado a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) no final do ano passado, mas
isso não ocorreu devido a um impasse na formação da Comissão Mista do Orçamento
(CMO). A instalação da CMO estava prevista para outubro do ano passado, mas
ainda não houve acordo sobre a distribuição de vagas entre os deputados. A CMO
deverá contar com 31 deputados e 11 senadores.
Além disso, existem 30 medidas
provisórias (MPs) em tramitação. Dessas, 29 foram editadas em 2020 e 12 se
encontram em regime de urgência, ou seja, obstruem a pauta da Câmara ou do
Senado. Dentre elas, está a MP do Setor Elétrico. A MP destina recursos à Conta
de Desenvolvimento Energético (CDE) para fins de redução da tarifa de energia
elétrica aos consumidores até 31 de dezembro de 2025. A CDE é um fundo do setor
elétrico que custeia políticas públicas e programas de subsídio, como o Luz
para Todos e o desconto na tarifa para irrigação. O texto foi aprovado com
modificações na Câmara e aguarda análise do Senado.
Outra MP que tramita em
caráter de urgência é a 1.003/20, que prevê a adesão ao Instrumento de Acesso
Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility). A medida estabelece a liberação de
cerca de R$ 2,5 bilhões para viabilizar o ingresso do Brasil nessa iniciativa.
Deputados aprovaram o texto, que também aguarda posicionamento dos senadores. O
Senado precisa votar a MP até 3 de março ou ela perde a validade.
Auxílio
emergencial
Outro tema que deve ser
discutido no início deste ano legislativo é o auxílio emergencial. Deputados
terminaram as atividades no ano passado debatendo a MP 1.000/2020, que
prorrogava o auxílio até dezembro do ano passado. Ela já cumpriu seu efeito,
mas ainda é alvo de debates porque existem parlamentares, sobretudo da
oposição, que defendem a prorrogação do auxílio. Eles consideram que a pandemia
ainda reverbera negativamente no emprego e no orçamento do brasileiro.
“É uma questão vital e
essencial para impedir um caos social em nosso país: a votação urgente e
necessária da prorrogação do auxílio emergencial”, disse o senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) em declaração divulgada em suas redes sociais. Na visão
dele, 14 milhões de brasileiros sem nenhuma outra fonte de renda “estarão
abandonados à própria sorte” sem a prorrogação do auxílio.
Pautas
econômicas paralisadas
Em meio ao cenário atípico de
2020, com comissões paralisadas e pautas sobre a pandemia dominando os debates,
o governo não conseguiu que as pautas econômicas que considera importantes
fossem discutidas e votadas no Congresso. Na lista estão matérias do chamado
Plano Mais Brasil, como a PEC Emergencial, que prevê medidas de controle de
despesas e de reequilíbrio fiscal. O plano também traz a discussão de um novo
programa para substituir o auxílio emergencial.
As conversas em torno de
propostas para as reformas tributária e administrativa também não avançaram. No
caso da tributária, apenas uma das quatro partes do texto foi enviada ao
Congresso. Já a administrativa, enviada em setembro, ficou parada. Também estão
na lista de pendências para 2021 as privatizações de estatais importantes. Até
agora, só a proposta de venda da Eletrobras foi enviada ao Congresso, onde
aguarda discussão na Câmara.
Edição: Fábio Massalli
Publicado em 31/01/2021 -
17:37 Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil - Brasília