Voz da Diocese (07/02/2021) SOFRIMENTO E SOLIDARIEDADE


         Prezados irmãos e irmãs que acompanham Voz da Diocese, desejamos a todos, saúde e paz.

         Queremos refletir hoje um tema muito presente em nossa vida, particularmente nos dias atuais, inspirados pela liturgia deste 5º. Domingo do Tempo Comum: Sofrimento e Solidariedade.

         Jó é um personagem contrastante da Sagrada Escritura. Pela primeira leitura deste domingo, entendemos esta afirmação. De um lado, ele é símbolo do sofrimento do ser humano e de outro, símbolo de paciência frente aos acontecimentos dolorosos da vida.

         Na leitura deste domingo, Jó faz um desabafo do sofrimento que assola sua vida e que aos olhos alheios é castigo de Deus. No entanto, para Jó, este sofrimento faz parte dos mistérios de Deus, pois sua vida se encontra nas mãos dele e é isto que lhe importa, é nisto que ele confia.

         A resposta a esta atitude de Jó se encontra na voz do salmista que afirma: “Deus é bom e conforta os corações despedaçados”.

         Esta bondade de Deus sentida já no Antigo Testamento se mostra ainda mais visível nas atitudes de Jesus apresentadas na narrativa do Evangelho de hoje. Mostram-nos o quanto Jesus é sensível e solidário com o sofrimento alheio, pois logo que soube que a sogra de Pedro estava doente, “Ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então a febre desapareceu”. (...) “À tarde levaram a Jesus todos os doentes e ele curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios”.

         Esta ação de Jesus é seguida de sua oração no isolamento da noite, a sós com o Pai. A força de seu poder vem justamente de sua intimidade com o Pai.

         O sofrimento humano desperta a sensibilidade e a solidariedade na vida de muitas pessoas e vemos o quanto Jesus se torna modelo de um agir libertador que traz consolo em meio às dificuldades, especialmente dos mais abatidos e marcados pela dor.

         No contexto da pandemia do Coronavírus, vemos aumentar os gestos de solidariedade, apesar do distanciamento social a que fomos e somos obrigados a manter. Os corações se aproximaram motivados pela angústia, pela dor e pelas incertezas, quase como um grito de socorro, mas ao mesmo tempo, sensibilizados pela mesma dor de tantos outros que, como Jó, deixaram extravasar seus sentimentos de um coração ferido pela dor da doença, da perda e de outros sofrimentos.

         De muitas formas e meios, as pessoas se voltaram às necessidades de outrem como fez Jesus ao se deparar com os doentes que lhe foram apresentados. Um grande aprendizado se faz ver, mesmo que se queira justificar o ditado popular que diz: “o que não aprendemos no amor, aprendemos na dor”.

         Portanto, caros irmãos e irmãs, no sofrimento aprendemos a ser mais solidários e é Jó a inspiração para não cairmos também na tentação de pensar que o sofrimento, a pandemia é castigo de Deus. É oportunidade de renovar a certeza de que a nossa vida está nas mãos de Deus. É Jesus que pode nos libertar com sua palavra e sua ação em nossa vida, se a Ele nos apresentarmos com confiança.

         Acolhendo este ensinamento e já nos unindo ao Dia Mundial do Doente, dia 11, quinta-feira, em que se lembra N. Sra. de Lourdes, rezemos com confiança ao Senhor para que nos conceda a graça da saúde e a capacidade de sermos mais sensíveis à realidade de nossos irmãos e irmãs mais sofredores, anunciando-lhes a esperança que brota da Boa Nova do Evangelho. Comprometidos como fez São Paulo, digamos a nós mesmos: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”. Que Deus abençoe a todos. Amém!

 

Dom Adimir Antonio Mazali

Bispo Diocesano de Erechim

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