Sem auxílio emergencial, comércio deixa de faturar R$ 50 bilhões
Valor foi injetado diretamente
no varejo no ano passado por meio de aplicativo em pagamentos por QR code ou
cartão virtual
Com o fim do auxílio
emergencial, o comércio deixará de faturar quase R$ 50 bilhões injetados
diretamente em compras por pagamento digital. Segundo a Caixa Econômica
Federal, somente por meio do aplicativo, o benefício movimentou em lojas e
supermercados no ano passado R$ 47,6 bilhões, sendo R$ 35,5 bilhões em compras
por cartão virtual e R$ 12,1 bilhões em QR Code. O valor que deixará de ser
gasto é apenas um dos impactos que o encerramento do programa pode provocar no
setor.
Mesmo com a pandemia de coronavírus,
o comércio fechou o ano de 2020 com alta de 1,2%, de acordo com dados do IBGE
divulgados nesta quarta-feira (10). Houve crescimento em setores como de
material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%), farmácia
(8,3%) e alimentação (4,8%).
Para o economista Guilherme
Dietze, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o auxílio emergencial foi
fundamental para o varejo e, se não houvesse o benefício, a queda teria sido
muito maior
Segundo estudo da entidade, o
efeito do benefício no comércio reduziu pela metade as perdas previstas no
início da pandemia de coronavírus. Havia uma projeção de queda no início da
pandemia de 3%. Mas com o impacto do auxílio ao longo de 2020, essa projeção
subiu cinco pontos percentuais, chegando a um crescimento de 2% em São Paulo.
"Porém, é importante que
haja um cenário de previsibilidade a longo prazo. O que segura o consumo é o
emprego. Precisa retomar a geração de emprego de forma mais forte, para que o
consumo seja sustentável, não somente artificial, pelo auxílio
emergencial", afirma Dietze.
O cenário, explica o
economista, ainda é de cautela nesse início de ano, com o fim do auxílio
emergencial e aumentos expressivos nos preços dos alimentos, o que diminui o
poder de compra da população. "Os varejistas vão ter que ficar mais
atentos para poder postergar período de promoções para continuar atraindo o
consumidor que não está seguro no seu emprego e tem medo dessa segunda onda de
Covid-19", explica.
Volta
do auxílio
O governo encerrou no fim do
ano o programa que começou em abril e beneficiou 68 milhões de pessoas, com R$
294 bilhões, principalmente trabalhadores informais e população de baixa renda,
para minimizar os efeitos da pandemia de coronavírus. Mas a pressão política e
econômica, com a escalada dos casos de covid-19 após as festas de fim de ano,
fez o tema voltar à tona.
11/02/2021
| 7:34
R7