Voz da Diocese (14/02/2021) Conversão e Compaixão: propostas para a quaresma
Caros irmãos e irmãs de Voz
da Diocese, nossa saudação.
Estamos celebrando o 6º Domingo do Tempo Comum e a liturgia
nos desperta para o sentimento de compaixão, mas também nos introduz no
espírito da quaresma que se aproxima.
Nas opções da primeira leitura vemos: o Livro do Levítico
coloca nas mãos de Araão e de seus sacerdotes a função de declarar impuro todo
homem acometido pela lepra, colocando-o em isolamento fora do acampamento
durante a doença. Na segunda opção de leitura, do Segundo Livro dos Reis,
Naamã, o sírio, acometido pela doença, foi ao encontro de Eliseu, conhecido
como o “homem de Deus” que o mandou mergulhar sete vezes no Rio Jordão e ficou
curado. A lei excluía os doentes, mas a bondade de Deus, manifestada na ação do
profeta, os tornava puros.
No Evangelho, esta cena se repete. O leproso, excluído da
comunidade, burla a lei para se aproximar de Jesus. Diante de sua súplica cheia
de fé, “Se queres, tens o poder de curar-me”. “Jesus cheio de compaixão,
estendeu a mão, tocou nele (o que era proibido) e disse: ‘Eu quero, fica
curado!’” E o homem ficou curado. Com isso, ele volta à convivência social
libertado não só da doença, mas também da exclusão, da discriminação e da
rejeição por parte dos seus. Em Jesus, a cura significa libertação e vida nova.
Ao mesmo tempo em que trazemos esta mensagem da Palavra de
Deus, plena de sentido e indicações para nossa vida cristã, queremos recordar
que na próxima quarta-feira iniciaremos o tempo da quaresma, com o rito das cinzas,
dia de jejum e abstinência de carne como na sexta-feira santa, segundo nos
propõe a Igreja. Com isso, abrimos o caminho para este tempo de conversão, de
saída de nós mesmos, necessária por causa de nosso egoísmo e nossa indiferença,
pelo nosso individualismo e fechamento, para a prática do amor e compromisso
cristão com a vida e os valores que nos remetem ao imperativo de Cristo:
“Convertei-vos e crede no Evangelho”, bem como ao sentimento de compaixão nas
nossas relações humanas com os mais sofredores, conforme a liturgia deste
domingo.
A quaresma é o tempo para reforçarmos em nós a fé no Cristo
Ressuscitado, pois Ele venceu o pecado e a morte. Com Ele, também nós venceremos
e renovaremos os laços do amor, da amizade, da fraternidade, unindo nossos
corações num só sentimento e num só desejo: alcançar a salvação.
A Igreja no Brasil também vive neste tempo quaresmal a
Campanha da Fraternidade que neste ano é Ecumênica e traz como tema: “Fraternidade
e Diálogo: Compromisso de amor” e como lema: “Cristo é a nossa Paz: do que era
dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14). Ela pretende unir todas as forças cristãs
para alcançar o bem maior em vista de todos. Ajuda-nos, sobretudo, a viver os
gestos fundamentais deste tempo litúrgico que são a oração, o jejum e a esmola
ou caridade, superando as diferenças e exclusões sociais para caminhar na
unidade.
Portanto, vamos viver juntos este período, colocando em
prática as atitudes que a quaresma nos convida a ter, ou seja: maior
intensidade e intimidade na oração com o Senhor; maior esforço na prática da
penitência como sinal de sincera conversão e melhora em nossas relações com os
irmãos e irmãs mais empobrecidos pela prática da caridade. Com isso, ao celebrarmos
a Páscoa, estaremos vivendo a vida nova no Cristo Ressuscitado e colaborando na
construção de uma nova sociedade mais humana e fundada no amor, pois, como diz
o Papa Francisco: “Se já não somos mais
capazes de perceber a desumana dor ao nosso lado, também nós nos tornamos
desumanizados”.
Com a confiança do leproso do Evangelho, supliquemos a Jesus que tenha compaixão de nós e nos cure de todos os males nos concedendo a graça de uma sincera conversão. Amém
Dom Adimir Antonio
Mazali
Bispo Diocesano de
Erechim