Nome indicado para comandar Petrobras é diretor da Itaipu e será o primeiro militar a assumir a estatal desde 1989
Indicação de general Silva e Luna por Bolsonaro é parte de estratégia de colocar militares em postos de comando das estatais. Conselho de administração já é presidido por militar.
Com a saída de Roberto
Castello Branco da presidência da Petrobras nesta sexta-feira (19), o
presidente Jair Bolsonaro anunciou que o general Joaquim Silva e Luna é o
presidente indicado para comandar a estatal.
Indicado pelo próprio
Bolsonaro, Joaquim Silva e Luna está no comando da hidrelétrica de Itaipu desde
janeiro de 2019. Sua indicação faz parte de uma estratégia do governo de
colocar militares em postos de comando das estatais. Ele será o primeiro
militar a assumir a da Petrobras desde 1989, quando o oficial da Marinha
Orlando Galvão Filho deixou o cargo.
Ele tem pós-graduação em
Política, Estratégia e Alta Administração do Exército pela Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército. Também é pós-graduado, pela Universidade de Brasília
(UnB), em Projetos e Análise de Sistemas.
Durante a carreira no
Exército, Silva e Luna comandou o 6º Batalhão de Engenharia de Construção
(1996-1998), em Boa Vista (RR), e a 16ª Brigada de Infantaria de Selva
(2002-2004), em Tefé (AM).
General da reserva do
Exército, Silva e Luna foi o primeiro militar a exercer o cargo de ministro da
Defesa, no governo do ex-presidente Michel Temer. Ele assumiu o cargo em
janeiro de 2018 em substituição a Raul Jungmann.
Também participou da Missão
Militar Brasileira de Instrução no Paraguai e atuou como adido em Israel de
1999 a 2001.
Empresa terá 3 militares
Com a confirmação de Silva e
Lula, a Petrobras passará a ter três militares em postos de comando. O
presidente do Conselho de Administração da empresa é o almirante de esquadra da
reserva Eduardo Bacellar Leal Ferreira. Ele foi comandante da Marinha, da
Escola Naval, da Escola Superior de Guerra e comandante-em-chefe da Esquadra
Brasileira.
O terceiro militar é o oficial
da reserva da Marinha Ruy Schneider, que também foi indicado para o conselho de
administração pelo governo federal. Schneider, entretanto, é engenheiro
industrial mecânico e tem experiência empresarial anterior à Petrobras - ele
trabalhou, por exemplo, na Xerox do Brasil S.A., nos bancos Brascan e de Montreal,
além do grupo Multiplan.
Uma
troca anunciada
Nos últimos dias, o presidente
Jair Bolsonaro começou a subir o tom com o rumo da gestão de Castello Branco. A
crítica principal era com os sucessivos aumentos de preço dos combustíveis na
refinaria — na quinta-feira (18), os preços subiram pela quarta vez em 2020.
Com o avanço seguido dos
preços dos combustíveis, Bolsonaro indicou que haveria mudanças na companhia. O
presidente também prometeu zerar o imposto sobre o diesel e gás de cozinha.
A fala preocupou os
investidores e as ações da companhia tiveram uma forte queda nesta sexta-feira
(19). Em valor de mercado, a companhia perdeu quase R$ 29 bilhões.
A Petrobras tem reafirmado que
sua política de preços segue o que é praticado no mercado internacional e varia
conforme a cotação do petróleo e do dólar.
Castello Branco assumiu o
comando da Petrobras em janeiro de 2019, logo no início do mandato de
Bolsonaro. Sua gestão tem sido marcada por uma política de desinvestimentos,
com a venda de refinarias e com a estatal deixando de fazer parte de vários
negócios.
Quando assumiu, Castello
Branco criticou a existência de monopólios e defendeu menor intromissão do
Estado na economia.
Em 2019, a Petrobras chegou a
desistir do aumento do preço do diesel nas refinarias depois de uma
determinação do presidente Jair Bolsonaro.
Joaquim
Silva e Luna — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por
G1 - 19/02/2021 19h44 Atualizado há uma
hora