Maior produtor mundial de vacinas pede paciência a países
STI foi orientado a dar
prioridade às necessidades da Índia
O Serum Institute of India
(STI), o maior fabricante mundial de vacinas, pediu aos países que aguardam
imunizantes contra a covid-19 que sejam "pacientes", depois de
receber ordens para dar prioridade "às enormes necessidades" da
Índia.
O STI "foi orientado para
dar prioridade às enormes necessidades da Índia e, juntamente com esse
equilíbrio, às necessidades do resto do mundo", escreveu o representante
do instituto Adar Poonawalla, nesse domingo (21), na rede social Twitter. Ele
não esclareceu de onde veio a ordem ou se essas instruções são novas.
Responsável por 60% das
vacinas mundiais antes da pandemia, o STI está produzindo centenas de milhões
de doses da vacina anglo-sueca AstraZeneca, conhecida localmente como
Covishield, em suas instalações em Pune, no oeste da Índia, e já enviou milhões
para o estrangeiro, incluindo o Brasil.
O fabricante indiano, que tem
recebido pedidos de vários países, entre eles o Canadá, prevê ainda fornecer
200 milhões de doses no âmbito da plataforma Covax, uma iniciativa da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir o acesso às vacinas dos países
mais pobres.
A Índia começou uma gigantesca
campanha de vacinação em 16 de janeiro, tendo até agora vacinado cerca de 11
milhões de pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde.
O governo indiano tinha
estabelecido como objetivo vacinar cerca de 300 milhões de pessoas até julho,
num país com 1,3 bilhão de habitantes, mas a campanha sofreu grandes atrasos,
não por falta de vacinas, mas devido à falta de candidatos.
Segundo o jornal Hindustan Times, só 4% dos cerca de 191 mil trabalhadores do setor da saúde receberam a segunda dose da vacina um mês depois da primeira, o prazo recomendado para a segunda imunização pelo fabricante, embora seja possível prolongá-lo até seis semanas.
A desconfiança em relação às
vacinas e a enorme diminuição do número de casos no país poderão explicar o
desinteresse da população, segundo especialistas ouvidos pela revista Time.
O país reduziu drasticamente a
progressão da doença nos últimos meses, depois de atingir o valor mais alto de
infeções em meados de setembro de 2020, com 97.894 contágios num só dia.
No último balanço diário, a
Índia registou apenas 14.199 casos, além de 83 mortes, segundo dados do
Ministério da Saúde indiano, tendo registado em média 13 mil casos diários na
última semana.
Apesar disso, nas últimas duas
semanas o número de casos aumentou em Maharashtra, o estado indiano mais
atingido pela pandemia, que viu o número de infeções diárias duplicar, estando
agora com uma média de mais de 5 mil infecções.
No último dia, o estado
indiano registrou quase 7 mil novas infeções, praticamente metade do total do
país.
Ainda assim, menos de 36% das
pessoas inscritas para serem vacinadas em 11 de fevereiro na capital do estado,
Nagpur, se apresentaram nos centros de saúde, de acordo com o diário Times of
India.
Desde o início da pandemia, a
Índia contabilizou mais de 11 milhões de casos do novo coronavírus, mantendo-se
como o segundo com mais infecções, atrás dos Estados Unidos, que no último
balanço contavam com mais de 28,1 milhões.
Com um total de 156.385 mortes,
a Índia é o quarto país do mundo com mais óbitos, atrás dos Estados Unidos, do
Brasil e México, de acordo com a contagem independente da Universidade
norte-americana Johns Hopkins. O país tem atualmente 150.055 casos ativos da
doença.
A pandemia de covid-19
provocou, pelo menos, 2.461.254 mortes no mundo, resultantes de mais de 111
milhões de casos de infecção, segundo balanço feito pela agência francesa AFP.
Publicado
em 22/02/2021 - 08:43 Por RTP - Nova Delhi
RTP
- Rádio e Televisão de Portugal