Banco do Brasil - Após desgaste, presidente do Banco do Brasil coloca cargo à disposição de Bolsonaro
André Brandão e o presidente
da República se desentendem desde que executivo anunciou plano para fechar
agências
BRASÍLIA – O presidente do
Banco do Brasil, André Brandão, colocou o cargo à disposição do presidente Jair
Bolsonaro. A informação é confirmada por fontes do Palácio do Planalto.
No início da semana, Brandão
teve uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, quando manifestou o
desconforto em permanecer no cargo, depois dos rumores de que Bolsonaro queria
substitui-lo. O presidente do BB faltou ao jantar que a Febraban promoveu com o
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Foi pedido a ele, segundo
fontes palacianas, que permaneça à frente do BB por mais um tempo até que se
encontre um substituto.
Entre os nomes cogitados para
substituir Brandão estão o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo
Henrique Costa, o secretário-executivo do Ministério da Cidadania, Antônio
Barreto, e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano.
A situação de Brandão está
delicada desde janeiro, quando ele anunciou um plano de reestruturação do
banco, com o fechamento de 361 agências em vários municípios e programa de
demissão voluntária. A medida desagradou a Bolsonaro, que pediu a cabeça do
executivo. Mas a demissão não se concretizou.
Bolsonaro fora alertado que a União poderia ser responsabilizada por
acionistas minoritários se houvesse prejuízo na instituição
Brandão pôs o cargo à
disposição uma semana depois de o presidente da Petrobras, Roberto Castello
Branco, ter sido demitido por Bolsonaro em um post em redes sociais, já
anunciando o substituto, o general do Exército Joaquim Silva e Luna, que
atualmente é diretor-geral da parte brasileira da usina de Itaipu.
O executivo, que assumiu o
cargo em setembro do ano passado, quis evitar esse tipo de constrangimento.
O anúncio da demissão de Castello Branco foi feito logo depois de Bolsonaro criticar o quarto aumento do combustível e dizer que alguma coisa iria acontecer. No dia seguinte ao anúncio, Bolsonaro afirmou que “na semana que vem teremos mais”.
Banco do Brasil:Ações caem à cotação mínima no pregão após CEO
colocar cargo à disposição
— Não tenho medo de mudar não. Semana que vem
vai ter mais mudança e não é mudança de bagrinho não, é tubarão — afirmara.
Procurado, o Banco do Brasil
informou que não vai comentar.
A decisão foi tomada após
encontros com a cúpula da equipe econômica. Na segunda-feira, o executivo
almoçou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e, na terça, com Roberto
Campos Neto, presidente do Banco Central, um dos responsáveis pela sua
indicação para comandar o BB.
Segundo interlocutores, ele
cumpriu a agenda na instituição normalmente, tentando demonstrar tranquilidade
à equipe. No entanto, o clima no banco era de apreensão e incerteza. A pessoas
próximas, ele teria se queixado que perdera as condições de executar o seu
trabalho.
Brandão costuma passar o
início da semana na capital federal e viajar para São Paulo, onde mora a
família, às quintas-feiras.
Executivo de mercado, tendo
feito carreira no exterior no HSBC, é chamado de “gringo” nas rodas de
conversas no Palácio e não se enturmou em Brasília. Ele não é de muita
conversa, disse uma fonte próxima, e fica visivelmente desconsertado em eventos
com políticos, como jantares.
Foto: Alan Santos / PR
Geralda
Doca
26/02/2021
- 15:44 / Atualizado em 26/02/2021 - 17:59