Satélite Amazônia 1, primeiro totalmente feito no Brasil, é lançado ao espaço
Objetivo da missão 100%
brasileira é monitorar desmatamento no Norte do país e a agricultura em todo o
território nacional
Em apenas 17 minutos após o
lançamento, ocorrido à 1h54 (horário de Brasília), o satélite Amazonia 1
alcançou o destino a 752 quilômetros de altitude da superfície da Terra. O
lançamento ocorreu a partir do Centro Espacial Satish Dhawan, na cidade de
Sriharikota, na província de Andhra Pradesh, na Índia
Atualmente, outros dois
satélites brasileiros de sensoriamento remoto já estão em operação no espaço: o
CBERS-4 e o CBERS-04A, lançados em 2014 e 2019, respectivamente. Diferentemente
do Amazônia -1, no entanto, ambos os equipamentos de exploração espacial foram
desenvolvidos em parceria com a China, em uma proporção de 50% para cada país.
"O Amazônia-1 é o primeiro satélite exclusivamente brasileiro, tendo sido
integralmente concebido, projetado, desenvolvido, integrado, testado, e em
breve, operado pelo Brasil", afirma a diretora substituta do Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Mônica Rocha.
"A importância do feito
passa por duas principais questões: a capacidade do Brasil de realizar uma
importante tarefa de forma totalmente autônoma e de ter o domínio do ciclo
completo de produção de um satélite desse porte — 640 quilos e 2,5m de altura
—, o que coloca o país em um grupo de menos de 20 países com essa
competência", completa.
Isso inclui integrar, testar e
acompanhar o lançamento, realizar as manobras iniciais para o posicionamento do
Amazônia-1 na órbita correta, verificar o funcionamento adequado de todos os
equipamentos e subsistemas, realizar a operação durante a vida útil do satélite
— que é de pelo menos quatro anos — e, por fim, promover sua retirada de
órbita, ao término da missão.
A importante tarefa do novo
satélite é monitorar desmatamento na região amazônica e o desenvolvimento da
agricultura em todo o território nacional. Para isso, o equipamento de
exploração espacial será colocado em uma órbita sol-sincrona — isto é, que
permite passagens sucessivas sobre o mesmo ponto da Terra à mesma hora solar —
a uma altura de 760km e cruzará a Linha do Equador no sentido Norte-Sul às
10h30 do horário local, viajando a uma velocidade de quase 27 mil quilômetros
por hora.
A essa velocidade, o satélite
levará apenas cem minutos para dar uma volta na Terra, permitindo com que ele
obtenha imagens de qualquer ponto do planeta a cada cinco dias. Conjuntamente,
o CBERS-4 e CBERS-04A irão promover imagens recorrentes do território
brasileiro a cada dois ou três dias. "Os dados estarão disponíveis
gratuitamente para a comunidade científica, órgãos governamentais, empresas e
quaisquer usuários interessados em uma melhor compreensão do ambiente
terrestre", diz a diretora substituta do Inpe.
Mônica ressalta que, em razão
da política brasileira de livre distribuição de imagens de satélites, que tem
sido praticada desde o início dos anos 2000, o Brasil é hoje um dos maiores
distribuidores de imagens de satélites gratuitas do mundo.
O ministro de Ciência e
Tecnologia, Marcos Pontes, acompanhou desde o Centro Espacial de Satish Dhawan,
na Índia. O primeiro astronauta brasileiro festejou o sucesso do lançamento.
"Este é o resultado do esforço de muitas pessoas, que por muitos anos
trabalharam no desenvolvendo do satélite Amazônia-1", afirmou.
"O lançamento de hoje
representa para o Brasil o início de uma nova era para a indústria de produção
de satélites e para o desenvolvimento aeroespacial", completou o ministro
Marcos Pontes.
28/02/2021
| 8:20 Atualizado 9:01
R7
e Agência Brasil