URI ERECHIM - PROFESSORA PUBLICA ESTUDO INÉDITO EM REVISTA DE SAÚDE DOS EUA
Avaliar os determinantes
sociais da saúde (DSS) e a função da Estratégia de Saúde da Família (ESF) na
redução das desigualdades na mortalidade entre idosos. Estes foram os objetivos
da Tese da Professora Marciane Kessler, do Curso de Enfermagem da URI, que teve
a orientação dos Professores Elaine Thumé e César de Oliveira. Os resultados
inéditos encontrados em sua pesquisa foram publicados na edição deste mês de
março na revista American Journal of Public Health (Revista Americana de Saúde
Pública), reconhecida internacionalmente.
A Professora destaca que
sempre se identificou com estudos da área da Epidemiologia e Saúde Pública e
durante o Doutorado na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), realizado de
2016 a 2019, teve a oportunidade de trabalhar com um estudo de corte em idosos
(“Saúde do Idoso Gaúcho de Bagé”) em que o foco de seu estudo foi analisar os
óbitos ocorridos nesta população no período de 2008 a 2017.
Em sua revisão de literatura,
a Professora identificou diversos estudos brasileiros que avaliaram o impacto
da Estratégia de Saúde da Família na mortalidade infantil, infância e em
adultos por causas específicas, como por exemplo, cardiovascular. Em sua
maioria, estes estudos encontraram resultados positivos, ou seja, a ESF
promoveu a redução da mortalidade. No entanto, foram encontrados poucos estudos
que verificaram o impacto da estratégia sobre as desigualdades na mortalidade,
que são causadas pelos determinantes sociais de saúde como por exemplo, renda,
riqueza, escolaridade, emprego, moradia, entre outros, e nenhum entre a
população idosa.
Esta lacuna no conhecimento
chamou a atenção da Professora Marciane e sua orientadora, uma vez que o
cenário em estudo era perfeito para avaliação do impacto desta política de
saúde. A ESF inicialmente foi implementada primeiro nas áreas mais pobres dos
municípios brasileiros e não foi diferente em Bagé, onde o estudo foi
realizado. Assim, em 2008, na primeira coleta de dados, Bagé possuía metade da
população coberta pela ESF (toda a periferia da cidade onde residiam os mais
pobres) e a outra metade coberta pela atenção básica tradicional (área central
do município que possuíam melhores condições sociais), e após 9 anos de
acompanhamento foi possível avaliar o impacto desta política.
O estudo mostrou que, conforme
era esperado, a vulnerabilidade social é maior entre os idosos residentes em
áreas abrangidas pela ESF (maior proporção de pobres, negros e pardos, e baixa
escolaridade). Consequentemente, diz a professora, verificamos maior proporção
de agravos à saúde nessas áreas (maior proporção de idosos fumantes, com diabetes,
depressão e com incapacidade física) que são riscos de morte. Isso nos mostra o
efeito negativo das baixas condições sociais na saúde.
Entretanto, análises
estatísticas mais aprofundadas (de interação e ajustadas) evidenciaram que a
ESF tem o potencial de modificar o efeito da riqueza na mortalidade.
Verificamos que a ESF protege os idosos de média e baixa riqueza (mais pobres)
da mortalidade prematura, mesmo estando mais adoecidos. Em conclusão, a ESF é
capaz de reduzir as desigualdades sociais na mortalidade em idosos. Conforme
conhecimento da Professora este é o primeiro estudo Brasileiro sobre o tema e
os resultados podem ser atribuídos a outros municípios com características
semelhantes a Bagé.
A professora Marciane, que
atua também na disciplina de Epidemiologia do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade, é a entrevistada do programa Expressão Universitária desta
segunda-feira, 29, que vai ao ar às 21h30min.
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