ERECHIM COMPLETA 103 ANOS: SAIBA COMO TUDO COMEÇOU

Erechim completa 103 anos em 30 de abril, e para comemorar esta data tão especial, vamos apresentar um apanhado historiográfico acerca de como tudo começou tendo em vista que a cidade foi galgada a partir de um processo de Colonização orquestrado pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul baseado na migração e imigração de grupos populacionais oriundos das Colônias Velhas e de alguns países da Europa a partir do final do século XIX.



As equipes de agrimensores do governo da Província do Rio Grande do Sul que geriam os processos de medição e venda das terras devolutas da região buscavam paralelamente aos objetivos de povoamento e de defesa do território, “adequar as províncias à reorganização geral da economia brasileira, que se conduzia pelas novas diretrizes do capitalismo internacional” (KLIEMAN, p.18). Participaram também Empresas colonizadoras particulares (ICA e Luce & Rosa – principalmente).


Neste cenário, os objetivos básicos dessa política imigratória perpassam pela criação de “mão-de-obra livre nas áreas de produção para exportação e um mercado interno consumidor, além de povoar estrategicamente as regiões periféricas do território, com o intuito de diminuir a posse desordenada e aumentar a produtividade do solo” (KLIEMAN, p.118). Concomitante a esse processo, temos “um projeto de construção de um ramal férreo que, partindo de Cruz Alta, atravessaria a floresta a 50 quilômetros das margens do Rio Uruguai” (BERNARDES, 1997. p. 77).

Devido a construção do Ramal Ferroviário, “o povoamento do Alto Uruguai aconteceu em ritmo acelerado. Foi traçado um esquema muito simples para a expansão do povoamento nas matas uruguaias, o qual abrangia as terras que ficavam às margens do Rio Uruguai” (BERNARDES, 1997. p. 77). A proposta de Carlos Torres Gonçalves Diretor de Terras e Colonização consistia na instalação de “três núcleos que concentravam a administração das terras públicas, os quais ficaram assim estabelecidos: o primeiro abrangia as terras do Município de Erechim, seguindo na direção norte até a divisa com Santa Catarina” (BERNARDES, 1997. p. 77).


 Pellanda (1925, p.189), ao falar na Colônia Erechim, assim se expressa “O principal núcleo colonial da região serrana é incontestavelmente este, criado em 6 de Outubro de 1908, pelo Estado, e instalado em 1910 com os primeiros 36 colonos, sendo 4 famílias com 28 pessoas e 8 solteiros”. Ele ressalta o crescimento e desenvolvimento da Colônia ao afirmar que “não tem ponto de comparação dentro ou fora de nosso Estado, posto que apenas em 8 anos a sua população aumentou cerca de 32.000 habitantes e a produção, que era nenhuma, se elevou no mesmo espaço de tempo a 3.600:000$000, dos quais foram exportados 2.574:000$000” (PELLANDA,1925, p.189).

Ao longo de seu desenvolvimento, a cidade trocou de nome: Paiol Grande, Boa Vista, Boa Vista do Erechim, José Bonifácio e por fim Erechim…, lar de mais de 20 etnias que com sua diversidade cultural construíram uma cidade plural, próspera, polo cultural, acadêmico, industrial e comercial do Alto Uruguai gaúcho e referência no Rio Grande do Sul. 

Referências

BERNARDES, Nilo. Bases geográficas do povoamento do Estado do Rio Grande do Sul. Ijuí: Editora da UNIJUÍ, 1997. p. 77.

CASSOL, Ernesto. Histórico de Erechim. Passo Fundo: Cese/Instituto Social Padre Berthier, 1979.

DUCATTI NETO, A. 1981. O Grande Erechim e sua história. Porto Alegre, Grafosul.

ILLA FONT, Juarez Miguel. Serra do Erechim: tempos heróicos. Erechim, Gráfica Carraro Ltda, 1983.

KLIEMANN, Luiza H. S. RS Terra e Poder História da questão agrária. Porto Alegre. Ed. Mercado Aberto. 1986. Estudos Ibero-Americanos, v. 12, n. 2, p. 116-118, 1986.

PELLANDA, Ernesto. Colonização germânica no Rio Grande do Sul. PoA: Globo, 1925.

Henrique A Trizoto

Historiador e Mestre em Ciências Humanas

Coordenador do AHM Juarez Miguel Illa Font

Fotos: Arquivo AHM Juarez Miguel Illa Font


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