A Voz da Diocese (30/05/2021) SANTÍSSIMA TRINDADE: Comunidade de Comunhão e Amor
Prezados
irmãos e irmãs mais uma vez sintonizados na mensagem da Voz da Diocese que
celebra o seu jubileu de ouro: 50 anos a serviço da Fé e da Vida.
A
Solenidade da Santíssima Trindade nos convida a viver numa comunidade de
comunhão e amor.
Celebrar
a festa da Santíssima Trindade não é querer desvendar o mistério de um só Deus
em três pessoas. É acreditar no Deus Uno e Trino e não se faz isso pensando em
ordem numérica; não é uma questão matemática de um ou de três, mas uma questão
de fé. Nós acreditamos em Deus verdadeiro que ao longo da história se
manifestou a nós, um só Deus, mas que se revelou e revela sua face ao coração
humano nas diversas circunstâncias da vida.
Também
não poderíamos tentar explicar a Trindade dizendo que Deus se apresenta de um
modo como Pai, de um modo como Filho ou de um modo como Espírito Santo, porque
estaríamos falando de um modalismo e cairíamos numa heresia – princípio
contrário à fé. Também estaríamos negando a Unicidade de Deus e a sua
indivisível unidade. Deus é um só.
Para
tentarmos compreender a Deus Trindade, a liturgia desta solenidade nos
apresenta características que revelam a face de Deus na sua unidade, mas também
no seu ser Trindade de pessoas.
Moisés,
ao falar com Deus, não contempla a sua face, mas sente a sua presença, assim
Deus continua no seu mistério. Mas Deus é um Deus da misericórdia que reconhece
a fraqueza de seu povo e o perdoa. Moisés transmite esta mensagem de perdão de
Deus, dizendo ao povo: “Guarda suas leis e seus mandamentos que hoje te
prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti” (1ª leitura). É
um Deus que manifesta sua face misericordiosa e clemente, que se revela como
amor e este amor é plenamente revelado em seu Filho Jesus Cristo.
Esse
Deus misericordioso, clemente e amor, é também um Deus presença que revela quem
Ele é quando Jesus nos diz: “Quem me vê, vê o Pai”. Portanto, nesta revelação
do amor concreto que Jesus plenifica no mistério de sua paixão e morte de cruz,
contemplamos a grandeza desse Deus Amor. É um amor doação que gera comunhão
pela presença do Espírito de Deus: um Deus que é misericórdia; um Deus que é amor;
um Deus que é comunhão. Aqui entendemos a unidade da Trindade: Misericórdia não
existe sem amor; amor não existe sem a misericórdia e o verdadeiro amor e
misericórdia geram comunhão no Espírito Santo. Portanto, a unidade da Família
Trinitária se dá na compreensão da misericórdia, do amor e da comunhão que se
fundem numa atitude nova. Assim podemos nos aproximar da compreensão do
mistério da unidade de um só Deus em Três Pessoas.
Em
cada início de celebração saudamos a comunidade, dizendo: “A graça de Nosso
Senhor Jesus Cristo, o Amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo estejam
sempre convosco!” Esta é uma expressão trinitária, ou seja, nos reunimos na
graça, no amor e na comunhão, enraizados na comunhão trinitária. Uma comunidade
nova – unida a exemplo da Trindade Santa. Mais do que querer decifrar o
mistério trinitário, é preciso contemplar a beleza da Trindade no meio de nós.
Esta
solenidade vem aprofundar nossa fé no Deus Uno e Trino e nosso compromisso de
vivermos em comunidade de fé, que embora tenhamos a diversidade de dons, de
carismas e funções, bem como outras diferenças que ao nos deixarmos guiar pelo
Espírito de Deus, nos tornamos todos, filhos de Deus, podendo viver na Unidade
(Cf. 2ª leitura). Isto nos é motivado pelo convite de Jesus para estarmos
vinculados com a comunidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Desta forma somos
chamados “a observar tudo o que Ele nos ensinou” e enviados a dar testemunho
deste Deus amor, compaixão, misericórdia e presença. Confiantes na palavra de
Jesus que não nos deixa sozinhos: “Eis que estarei convosco todos os dias, até
os confins do mundo” (Mt 28,20), pois Deus não é um Deus distante de nós e sim
oferece seu projeto de vida plena a toda a humanidade. Nisso também nos convoca
a formarmos, a exemplo da Trindade Santa, uma comunidade de comunhão e amor.
“Viva Deus Uno e Trino em nossos corações e nos corações de
todos os homens e mulheres” (Santo Arnaldo Janssen).
Dom Adimir Antonio
Mazali - Bispo Diocesano de Erexim – RS