PESQUISA ANALISA TEORIA E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM ESCOLA DE ARATIBA
Foto: Raquel é pedagoga, aluna do curso Interdisciplinar em Educação do Campo e agora mestra em Educação (Créditos: Acervo pessoal)
Estudo desenvolvido no Mestrado
Profissional em Educação da UFFS observou a educação formal e não-formal a
partir da realidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Roque
(17/06/21) ERECHIM/RS
- Analisar o impacto da Educação do Campo em uma comunidade do interior do Rio
Grande do Sul: esse foi um dos objetivos da dissertação de mestrado de Raquel
Ferron Lassig. Ao longo de dois anos, a acadêmica da Universidade Federal da
Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim dirigiu seu olhar para Pio X, na região
rural de Aratiba. O resultado é uma investigação sobre os conceitos de educação
formal e não-formal a partir da realidade de educadores, alunos e familiares da
Escola Municipal de Ensino Fundamental São Roque.
Como etapa para a
conclusão do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação (PPGPE), Raquel
também teve que apresentar um produto de sua pesquisa. Ela produziu um vídeo em
que estão compiladas imagens e também depoimentos dos moradores de Pio X. O
resultado pode ser visto em https://youtu.be/COM9SCinZaA.
A acadêmica destaca
que pensou na produção do vídeo logo que definiu o título de sua pesquisa:
“Quando a escola é a vida”. Ela defende que o formato apresenta “como o mundo
se expressa por meio de vozes e estilos próprios”.
- Eu queria que os
sujeitos observados no estudo fossem vistos e lembrados. Que eles participassem
de forma ativa da minha dissertação, porque sei que muitos sequer conseguirão
ler cinco de todas as páginas do trabalho. É um projeto de dois anos da minha
vida, que teve a intenção de servir à academia, e principalmente aos sujeitos
do campo. Para mim é imprescindível que eles façam parte do mundo acadêmico,
que sejam atuantes e vinculados em qualquer espaço – destaca a agora mestra.
Raquel fez o mestrado
enquanto ela própria cursava a graduação Interdisciplinar em Educação do Campo:
Ciências da Natureza, também na UFFS – Campus Erechim. Logo, é apaixonada pela
área.
- Fui motivada pelas
minhas origens, além da realidade de muitos alunos e famílias que vivem da
agricultura familiar. Valorizar o povo do campo é motivo de muito orgulho para
mim. Creio que utilizar em sala de aula conhecimentos e saberes do povo do
campo é um elo importante para a aprendizagem de cada aluno. Ao longo dos anos
se perdeu a bagagem cultural desse povo – reflete ela, que também é pedagoga.
Muitos dos sujeitos
envolvidos no estudo são pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a
escola, mas que possuem saberes: saberes não formais. Tais experiências
constroem e reconstroem o ambiente escolar dos alunos. Sobre o processo da
pesquisa, Raquel diz que mergulhou de corpo e alma no projeto, criando vínculos
que jamais serão esquecidos.
- Inicialmente,
realizei a pesquisa bibliográfica sobre os principais conceitos, como educação
formal e informal, educação popular, educação no campo, gestão escolar,
políticas públicas, entre outros. Depois, a ideia foi trabalhar com o conceito
de Projeto Político Pedagógico, mostrando como esse documento está elaborado na
escola e como ele pode ser melhorado de acordo com o que se preconiza na ideia
de educação do campo. Houve também a pesquisa com os atores do processo
analisado, através das entrevistas.
Raquel aponta que se deparou com uma realidade
completamente distinta do padrão de educação, preconizado pelos modelos
pedagógicos instituídos. Segundo a acadêmica, ainda é possível ver um
distanciamento muito grande entre a teoria da educação do campo, que traz
pressupostos bastante relevantes e pertinentes, e a realidade, que enfrenta
imensas dificuldades de ordem burocrática e institucional.
- Realizar a pesquisa
em uma escola situada na zona rural de um pequeno município no Norte do Rio
Grande do Sul nos faz refletir sobre como essa realidade é única, peculiar e
repleta de especificidades que lhe são pertinentes. Essas características
próprias vão desde a localização, o tipo de povoamento, as características
geofísicas, o resultado da miscigenação que provém das diversas etnias que
acabaram ocupando a região de Aratiba. É preciso pensar na construção de uma
educação emancipadora, que permita aos alunos libertar-se do sistema de
opressão que existe em relação às populações do campo – reconhecido
especialmente na precarização do acesso ao ensino formal. Por isso, é
necessário que a educação do campo agregue valores com embasamento teórico,
prático e existencial – finaliza Raquel.
Wagner Lenhardt
Jornalista
Assessoria de Comunicação (Ascom)
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) -
Campus Erechim
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