LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE RODOVIAS DO RS NÃO SE MOSTRA EFICAZ PARA REDUZIR MORTANDADE DE ANIMAIS
(Foto 1: Estudo identificou que o Estado auxilia na degradação ao licenciar empreendimentos sem a devida cautela prévia (Créditos: Vidar Nordli-Mathisen/Unsplash)
Pesquisa feita em mestrado da
UFFS destaca a não observância de especificidades locais para a construção das
estradas
(18/06/21) ERECHIM/RS - Uma
pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia
Ambiental (PPGCTA), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus
Erechim, revela que o atual modelo de licenciamento ambiental para as rodovias
do Rio Grande do Sul não se mostra eficaz para a redução da mortandade dos
animais que tentam atravessar as estradas gaúchas.
O estudo, desenvolvido por
Dênis Silvano Domingues sob orientação do professor Paulo Hartmann, enumera,
dentre outras, a não observância de características e especificidades locais
para a construção e operação de rodovias, necessitando o processo de
licenciamento ser mais claro, mais específico e, principalmente, integrar todas
as partes envolvidas.
Quando não observadas essas
especificidades e peculiaridades locais, os empreendimentos rodoviários podem
gerar danos diversos, como a mortandade da fauna ao longo das rodovias
licenciadas, a fragmentação da paisagem, além de não atender ao equilíbrio
ambiental assegurado na Constituição Federal.
Segundo Dênis, o Estado
precisa de mais políticas públicas voltadas à temática ambiental, além do
fortalecimento de ações colaborativas entre os órgãos licenciadores ambientais
e a ciência. As instituições de ensino e pesquisa, como universidades, por
exemplo, possuem habilidade técnica contributiva, mas pouco acessada.
– A participação estatal mais
efetiva precisa sair do plano das ideias, principalmente no que se refere à
instrumentalização técnica – afirma Dênis.
Aliar a infraestrutura
existente no Rio Grande do Sul com a previsão e mitigação de impactos dos novos
empreendimentos rodoviários é o grande desafio. No estudo, Dênis fez também uma
revisão da legislação ambiental brasileira, correlacionando-a com os direitos e
garantias fundamentais assegurados constitucionalmente e seus reflexos frente
aos novos contornos da legislação que regula a temática ambiental. Isto o levou
a enumerar as particularidades do Estado degradador e, ao mesmo tempo,
controlador da degradação.
O estudo identificou que o
Estado auxilia na degradação ao licenciar empreendimentos sem a devida cautela
prévia para minimização dos danos ambientais e, também, quando deixa de
fiscalizar ou, ainda, fiscaliza de forma insuficiente a ação dos particulares
para coibir excessos para além da licença emitida.
A pesquisa focou nos licenciamentos das rodovias da região Norte do Rio Grande do Sul, seus critérios técnicos e jurídicos norteadores das condicionantes ambientais, identificando eventuais carências e/ou inconsistências.
(Foto 2: Parte do estudo acaba de ser lançado em um e-book (Créditos: Wagner Lenhardt/Divulgação/UFFS)
O que os pesquisadores
perceberam nas rodovias estudadas, especificamente, é que o Termo de Referência
a ser adotado para todas as demais rodovias estatais é o mesmo, mas sem trazer
as especificidades ambientais locais de cada microrregião.
- Para o aprimoramento das
condicionantes ambientais previstas, há a necessidade de pontuar com mais
clareza as “perguntas e respostas” acerca da fauna, e individualizadas por
trecho licenciado, considerando as peculiaridades ambientais locais. A clareza
nos regramentos, tanto para o licenciador como para o licenciado, além de ser
mais benéfica a ambos, aumenta a segurança jurídica e possibilita maior
proteção ao ambiente no entorno das rodovias.
O primeiro capítulo da dissertação já virou parte de um livro (E-Book), publicado em maio deste ano: “Meio Ambiente: Enfoque Socioambiental e Interdisciplinar 2” (Atena Editora).
Wagner
Lenhardt
Jornalista
Assessoria
de Comunicação (Ascom)
Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Erechim
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