PACTO PELA VIDA E PELO BRASIL
(Barroso diz que 'A democracia tem lugar para todos, só não tem lugar para a intolerância' (CNBB)
Em solidariedade ao presidente do TSE, entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil reafirmam confiança no sistema eletrônico de votação
As seis entidades que firmaram inicialmente o Pacto pela Vida pelo Brasil em 7 de abril de 2020, em referência ao Dia Mundial da Saúde, com apontamentos para os três poderes da República quanto às medidas de combate ao avanço da Covid-19, manifestaram nesta quarta-feira, 4 de agosto, em um encontro virtual, solidariedade ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso.
O
encontro aconteceu com a participação de dom Walmor Oliveira de Azevedo,
presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Eduardo Damian,
presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns (Comissão de Defesa dos
Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns), Luiz Davidovich, presidente da ABC
(Academia Brasileira de Ciências), Paulo Jeronimo de Sousa, presidente da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa) e Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC
(Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e convidados.
A
mensagem entregue ao ministro, assinada pelos presidentes da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão
Arns), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), aponta que o “processo de erosão democrática prossegue, atingindo
contornos incompatíveis com o equilíbrio entre os Poderes e a manutenção do
clima de paz e concórdia entre os cidadãos”.
Democracia e respeito às divergências
Ministro
Barroso: “A democracia tem lugar para todos, só não tem lugar para a
intolerância”. Foto: print da reunião.
O
presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso,
destacou que a democracia é a causa que nos une a todos. Segundo ele, a
democracia tem lugar para todos, só não tem lugar para a intolerância. “É
preciso ter respeito e consideração mesmo na divergência”, afirmou aos
participantes do encontro.
Para os
presidentes das organizações, as “tentativas de ruptura da ordem institucional,
hoje tratadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo
eleitoral e de algo que nos é sagrado – o voto. O documento defende ainda
“que ameaçar a não realização de eleições em 2022, caso o resultado das
urnas possa vir a contrariar os interesses daquele que detém o poder, é ofensa
grave que não se pode tolerar”.
As
entidades manifestam, por meio de seus representantes, apoio incondicional ao
sistema eletrônico de votação, sob monitoramento e responsabilidade desse Tribunal,
e apelam ao Congresso Nacional para que proteja esta que é, a um só tempo,
grande conquista da sociedade e prova da eficiência da Justiça eleitoral
brasileira.
“Investir
contra essa realidade, de forma a turvar o processo político, fomentar o caos e
estimular ações autoritárias, não é, em definitivo, projeto de interesse do
povo brasileiro”, defende o documento.
Íntegra
da Carta de Apoio ao Presidente do TSE
Exmo. Sr.
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
Ministro
Luís Roberto Barroso,
Como
presidentes das entidades abaixo-assinadas, vimos à presença de Vossa Excia.
prestar solidariedade a esse Tribunal, levando em conta o delicado momento
político do país. Permita-nos relembrar que, em março de 2020, estas seis
entidades reagiram publicamente a ameaças feitas pela autoridade máxima da
Nação, contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Naquela
oportunidade, início de uma pandemia de
proporções inimagináveis, conclamamos a sociedade brasileira a zelar
pelas instituições, “pela obrigação moral de todos em defendê-las e
fortalecê-las”.
Lamentavelmente,
o processo de erosão democrática prossegue, atingindo contornos incompatíveis
com o equilíbrio entre os Poderes e a manutenção do clima de paz e concórdia
entre os cidadãos. Sr. Ministro, é espantoso como, sob o impacto de mais de 550
mil vidas perdidas na maior crise sanitária já enfrentada pelo país, perca-se
tanto tempo e energia em tentar demolir o edifício democrático!
Tentativas
de ruptura da ordem institucional, hoje tratadas abertamente, buscam colocar em
xeque a lisura do processo eleitoral e de algo que nos é sagrado – o voto.
Nesse sentido, ameaçar a não realização de eleições em 2022, caso o resultado
das urnas possa vir a contrariar os interesses daquele que detém o poder, é
ofensa grave que não se pode tolerar. Porque não são os políticos de plantão,
nem grupos civis ou militares ligados a eles, que determinarão a integridade do
processo eleitoral.
Tal
missão já está confiada à Constituição, guardiã maior da democracia. Sr.
Ministro, reiteramos apoio incondicional ao sistema eletrônico de votação, sob
monitoramento e responsabilidade desse Tribunal, e apelamos ao Congresso
Nacional para que proteja esta que é, a um só tempo, grande conquista da
sociedade e prova da eficiência da
Justiça eleitoral brasileira. Investir contra essa realidade, de forma a turvar
o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias, não é, em
definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro.
Com
protestos de estima e admiração,
Dom
Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil - CNBB
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
José
Carlos Dias, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo
Evaristo Arns - Comissão Arns
Luiz
Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências - ABC
Paulo
Jeronimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa - ABI
Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC
Sobre o
Paco pela Vida e pelo Brasil
Pacto pela Vida e pelo Brasil, lançado no Dia Mundial da Saúde, completa um ano; saiba quais foram as conquistas e os desafios para 2021
Mais de um ano se
passou desde o início da pandemia do novo coronavírus. De lá para cá, a
Covid-19 já ceifou a vida de mais de 300 mil brasileiros. Foi neste contexto,
há um ano, que entidades assinaram e apresentaram no dia 7 de abril de 2020, em
referência ao Dia Mundial da Saúde, o Pacto pela Vida e pelo Brasil, buscando
uma ação propositiva para a “grave crise” enfrentada pelo Brasil – sanitária,
econômica, social e política.
O Pacto afirma que a
realidade exige de todos, especialmente de governantes e representantes do
povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e
da dignidade humana, assentada no diálogo maduro, corresponsável, na busca de
soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e
vulneráveis.
O documento propõe
ainda que entre em cena no Brasil “o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção
por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a
nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”. O Pacto foi assumido inicialmente
por quatro organizações e assinado por mais de 100 organizações brasileiras.
Confira a
íntegra do Pacto pela Vida e pelo Brasil.
“Somos conclamados a
dar passos significativos de uma nova cultura: a cultura da proteção, promoção
e defesa da vida em todos os sentidos. Temos que nos conscientizar que a vida
humana não pode existir sem a proteção da vida das águas, sem a vida da terra,
sem a vida dos micro e macro organismos. Se continuarmos matando a terra,
estaremos nos condenando a morte, a nós mesmos”, afirma o documento.
O arcebispo de Belo
Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, em diversas ocasiões já havia afirmado
que a CNBB assinou o Pacto pela Vida e pelo Brasil impulsionada por sua
fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, fonte inesgotável da luz da verdade,
luz indispensável para clarear caminhos e rumos novos que a sociedade brasileira
precisa, com urgência, para construir um novo tempo.
Segundo ele, a missão
evangelizadora da Igreja, no rico e interpelante horizonte de sua Doutrina
Social, não se exime na tarefa de, em cooperação com segmentos da sociedade
civil, no que lhe é próprio e devido, ajudar a superar injustiças e
discriminações para com os pobres e vulneráveis, defesa dos direitos e promoção
da justiça, apoio à democracia e contribuição na conquista do Bem comum. “A
Igreja assim o faz, estando no coração do mundo solidária, na força do
testemunho do Reino de Deus, a caminho”, afirmou.
Mas, em um ano de existência do Pacto, o
que mudou?
Segundo o bispo de
Lages (SC) e presidente do Grupo de Trabalho (GT) do Pacto pela Vida e pelo
Brasil, dom Guilherme Antônio Werlang, em um ano de existência do Pacto muitas
coisas boas já aconteceram por meio da pressão exercida, tanto pelas entidades
signatárias como pela sociedade civil, sob os poderes constituídos. “Com isso
conseguiu-se garantir a vacinação, a diminuição dos desastres ecológicos e
políticas públicas mais eficientes”, afirmou o bispo.
Um dos desafios que
ainda permanecem desde a apresentação do Pacto, segundo dom Guilherme, é a
garantia do auxílio emergencial para as famílias. “Nós do Pacto pela Vida
precisamos nos garantir, nos unir, para mobilizar a sociedade brasileira para
reagir a essa política econômica e conscientizar os governantes de que a vida
humana está acima do valor do mercado. Precisamos garantir que tenhamos uma
política econômica voltada para a defesa prioritária da vida do brasileiro”,
alertou dom Guilherme.
Outro desafio citado
por dom Guilherme é a fragilização do Sistema Único de Saúde, o SUS, por parte
do governo brasileiro. “O SUS é uma questão de política de Estado e não uma
política de governo, de uma gestão. É o maior programa de saúde mundial e o
mesmo está sendo fragilizado. É uma outra grande luta e desafio do povo
brasileiro”, salientou.
Ainda, segundo dom
Guilherme, as falsas notícias também merecem atenção quando o assunto é
desafio. “Devemos desconstruir as falsas notícias, as falsas informações sobre
o que poderia vir a acontecer com as vacinas para conscientizarmos aqueles que
ainda são contra por causa de ideologias. Precisamos fazer uma mobilização
nacional para que todo mundo vá querer se vacinar, é uma questão de ética”,
reiterou.
A política ambiental
preventiva é mais um dos desafios citados por dom Guilherme. “O centro-oeste
brasileiro, especialmente as regiões do pantanal e do cerrado, vão começar a
entrar na época da seca e tudo indica que poderão acontecer desastres
ecológicos mais graves do que os do ano passado, caso não tenhamos uma política
preventiva”, alerta dom Guilherme.
Próximos passos
O Grupo de Trabalho
(GT) Pacto pela Vida e pelo Brasil irá dinamizar as ações e compromissos
assumidos pelo Pacto. Segundo dom Guilherme, o grupo procurará fortalecer
a articulação das entidades signatárias do Pacto e as mais de 100 organizações
que aderiram a ele e com os princípios que defendem. Ao longo de 2021, o
objetivo é o avanço nas propostas para o fortalecimento de um grande diálogo
social pela vida e pelo Brasil.
O grupo é composto por
cinco bispos, cada um representante de uma das grandes regiões do Brasil. São
eles:
·
Centro
Oeste – Dom Neri José Tondello, bispo de Juína (MT)
·
Leste
– Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, bispo de Campos dos Goytacazes (RJ)
·
Nordeste
– Dom Limacêdo Antônio da Silva, bispo auxiliar de Olinda e Recife (PE)
·
Norte
– Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima e segundo vice-presidente da
CNBB
· Sul – Dom Guilherme Antônio Werlang, bispo de Lages (SC), presidente do GT
05/08/2021 | domtotal.com