A Polêmica sobre a Praça Flores da Cunha de Getúlio Vargas RS
Os mais antigos moradores de
Getúlio Vargas e seus descendentes não aceitam as modificações realizadas na
Praça Flores da Cunha. Era o cartão postal da cidade. Desde a década de 60 a
Praça se tornou uma grande atração, por conta de seu traçado, um quarteirão
inteiro bem na área central da cidade. O paisagismo do local era o diferencial.
Os bonecos de ciprestes, os arcos, as cercas vivas, arvores nativas, camélias, bancos em concreto (mas muito confortáveis), busto e Carta Testamento do Presidente Getúlio Vargas, jardins enfeitados de flores (amor perfeito, papoulas, rosas, cravo, cravineas e outras) e o famoso Chafariz que quando ligado jorrava água da boca dos sapinhos de concreto e a famosa Cuia num local privilegiado. Assim era a Praça que abrigou muita gente, casais de namorados, famílias, crianças que se divertiam e até aqueles que aguardavam a sessão do Cinema Vera Cruz em frente à famosa Praça ou o horário para iniciar suas atividades no comércio da área central, ou início das aulas nos colégios próximos e até mesmo o horário da missa dos domingos na Igreja Matriz Imaculada Conceição. A Praça sempre foi o ponto de referência dos Getulienses.
Foto: Antonio Carlos Bianchi (Praça
antigamente na sua origem)
Foi na Praça que muitos casais
se conheceram. Foi na Praça que a cidade de Getúlio Vargas viveu grandes
momentos. Ali se concentravam os vendedores ambulantes (o homem da cobra,
vendedor de pomada milagrosa), o ponto de táxi onde trabalhavam o seu
Dalacorte, Vanzo, Paim, Mikiko, etc. os desportistas que se encontravam para
falar de futebol. Foi cenário para fotografias diversas que marcaram momentos
inesquecíveis de tanta gente.
Mas tudo mudou. Após a entrada do novo milênio, iniciou por parte das administrações municipais a modificação. E tudo ocorreu porque os responsáveis pelo setor constataram que “os ciprestes, arbustos, cercas-viva, estavam com suas raízes apodrecendo e não havia mais a possibilidade de recuperação e já se tornara um local de encontro de desocupados e tráfico de drogas, criando insegurança para a população”. Pelo menos essa foi a justificativa para mudanças radicais no cenário. E entenderam as autoridades de que o melhor seria repaginar a Praça, dando a ela um novo visual, ou seja, mais aberto, com espaços para brinquedos e academia ao ar livre. Sem árvores frondosas e sombra para os que por ali transitam poder se abrigar do calor intenso do sol em dias de verão.
Foto: Miguel Negretto (Praça nos dias
atuais)
Mas além de modificada a praça
perdeu todo seu elan. Deixou de ser um atrativo, um ponto turístico. Hoje mal conservada,
nem mesmo a poda de capim é realizada, as calçadas dos passeios que são
formadas pela famosa pedrinha portuguesa, já estão bastante avariadas e o povo
resolveu se manifestar. Manifestação essa que veio pelas redes sociais. No
facebook uma página chamada “Getulienses pelo Mundo Afora”, para getulienses
curtir as coisas lindas da cidade, foram postadas fotos do atual momento e não
demorou muito para dezenas de pessoas realizarem seus protestos indignados com
a situação. A professora Cleonice Forlin que também foi vereadora atuante do
Legislativo Getuliense postou o seguinte: “Antes de tudo devo dizer que fui
radicalmente CONTRA quando colocaram máquinas e destruíram tudo. Fui ao
Ministério Público para buscar apoio. Não consegui. O interesse era ter
segurança. Mas havia muitas formas de consegui-la, sem destruir tudo. Denunciei
.... mas não consegui nada, além de problemas para mim. Quando houve boa
vontade, até projeto foi elaborado, estudado,etc...e nada ocorreu. Depois, em
outra administração, quando apresentei propostas para revitalização, sugerindo
projetos para obter recursos, não foi sequer considerada. O que foi dito por um
Vereador todo poderoso, tempos depois, é que a Praça seria revitalizada... Até
foi à cidade de Victor Graeff e buscou um paisagista, tiraram fotos na praça,
colocaram no jornal, etc, etc...e que isto ocorreria por ocasião do aniversário
do município naquele ano... Nada aconteceu. A sociedade civil acreditou em
promessas... e aqueles que têm interesse são afastados”, concluiu Cleonice.
Então, muitos tentaram evitar,
mas a luta foi em vão. Agora o assunto volta a ser debatido. A cidade de
Getúlio Vargas é rica em belezas, seu povo tem muito do que se orgulhar, mas
modificar a Praça foi um erro gritante, que ainda pode ser consertado. A
administração municipal tem tudo para organizar um grande projeto
público/privado e com a participação de engenheiros, técnicos e pessoas da área
refazer a Praça no seu estilo original. Ou então realizar uma audiência pública
e saber se há interesse da população em trazer de volta o paisagismo que por
décadas era o Cartão postal da linda e bela Getúlio Vargas.
Texto: Edson Machado
Fotos: Miguel Negretto e Antonio Carlos Bianchi