Dólar em alta também afeta preço da carne e mais produtos nacionais
Alta do Dólar reflete em
muitos outros produtos
Dólar influencia o preço da
matéria prima
Preço da carne aumenta com
Real desvalorizado
Preço da carne vermelha saltou 28,36% nos últimos 12 meses, de acordo com IBGE
O dólar fechou em alta de 0,09%,
na quinta-feira (14) depois de recuar mais cedo em reação a mais uma oferta de
liquidez pelo Banco Central.
Na segunda-feira (11), antes
do feriado, a moeda norte-americana chegou a R$ 5,5384, atingindo o maior valor
para um encerramento desde 20 de abril, quando a moeda fechou a R$ 5,5486.
A alta da moeda
norte-americana não reflete apenas no preço de produtos importados, mas em
várias cadeias produtivas de artigos nacionais, segundo economistas ouvidos
pelo R7 Economize.
"Quando a nossa moeda
desvaloriza é como se o Brasil virasse uma grande vitrine em promoção. Nossos
preços ficam mais competitivo, exportamos mais e trazemos aumento de preço do
mercado externo para o interno", diz André Braz, economista do Ibre
(Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Segundo o economista, além de
afetar o custo dos produtos importados, o dólar também influencia no preço da
matéria-prima para a criação de animais, por exemplo.
“Quando criamos um suíno,
usamos soja e milho, produtos que são cotados em bolsas de valores
internacionais. Se ficam mais caros, o milho também vem encarecendo por causa
da crise hídrica, eles contaminam os preços das carnes, ovos e outras proteínas”.
(ANDRÉ
BRAZ)
O preço da carne vermelhas
saltou 28,36% nos últimos 12 meses, de acordo com a prévia da inflação de
setembro.
No período, os maiores saltos
partiram do músculo (36,83%), lagarto comum (34,07%), pá (33,88%), patinho
(32,5%), costela (31,85%) e contrafilé (30,62%).
Alexandre Chaia, professor de
economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), explica que a alta do
dólar reflete nas negociações entre produtores, intermediários e grandes
varejistas brasileiros, mesmo que o cultivo do grão ou a criação do gado sejam
realizados por aqui.
"Quando o preço da soja,
milho ou barril de petróleo, por exemplo, sobe no mercado externo,
automativamente ele também é elevado por aqui. O varejista que for procurar um
intermediário ou produtor para comprar um artigo ou matéria-prima para
produzi-lo sabe que pagará o mesmo preço comercializado lá fora", conta
Chaia.
No caso do etanol, de acordo
com Chaia, há outro agravante. A usina pode escolher entre produzir açúcar para
exportar ou etanol para comercializar para o mercado interno. Isso poderia
justificar a alta de preço do quilo de açúcar, por exemplo.
Mesmo com esse exemplo, o
professor do Insper descarta uma possível desaceleração da inflação por causa
do desabastecimento do mercado interno, considerando que produtores estejam
priorizando as exportações.
“Aqui não falta comida para
comprar, falta dinheiro de boa parte da população para conseguir comprá-la. O
problema maior é a disparidade social, não as exportações.” (ALEXANDRE
CHAIA)
Braz, porém, acredita que as exportações,
sobretudo de carnes, aumentam muito quando o real está desvalorizado. "E
por ser um item que pesa muito na cesta de consumo das famílias acaba
acelerando a inflação."
Entre janeiro e setembro de
2021, o Brasil exportou R$ 6.530.361.468 em carne bovina fresca, refrigerada ou
congelada. O montante corresponde a um aumento de 21,48% no resultado do mesmo
período no ano passado: R$ 5.375.715.898.
Por: Márcia Rodrigues, do R7
Foto: Divulgação PixPay
Meramente Ilustrativa