PP gaúcho se prepara para ingresso de novos filiados
(Senador Luiz Carlos Heinze é um dos maiores incentivadores de filiação de Bolsonaro ao PP | Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado / CP)
Possível transferência de Jair Bolsonaro e parte de seus apoiadores influencia tanto negociação de vagas de vice e senador na chapa majoritária como composição das nominatas para deputado federal e estadual
O PP gaúcho projeta como
"praticamente certa" a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) à sigla ainda neste ano, e começou a se preparar para o ingresso, já
que a estimativa é de que, no RS, assim como em outros estados, a filiação
tenha, como um dos desdobramentos, a chegada de novos filiados, detentores ou
não de mandatos. “Evidente que a vinda do Bolsonaro terá uma repercussão aqui
no Estado tanto para a candidatura do Heinze ao governo, quanto para a formação
da chapa majoritária, quanto para as nominatas dos deputados. E gostaríamos que
fosse definida o quanto antes. Sem o Bolsonaro, projetamos manter os oito
deputados estaduais e fazer quatro federais. Com o Bolsonaro, esta previsão
sobe para 10 estaduais e entre cinco e seis federais”, estima o presidente do
PP no RS, Celso Bernardi.
Um dos maiores incentivadores
da filiação de Bolsonaro, o senador Luis Carlos Heinze, pré-candidato do
partido ao governo em 2022, faz coro a Bernardi. “O namoro já vem de meses, e
agora está quase acertado. Eu acho que ele anuncia este ano ainda. O Ciro (Ciro
Nogueira, presidente licenciado do PP nacional e atual ministro da Casa Civil)
conversa todo o dia com ele, e tem trabalhado bem esta questão”, diz Heinze.
Assim como Bernardi, o senador projeta que a transferência de Bolsonaro tem
potencial para fazer o PP crescer ainda mais. “Ajuda minha candidatura. Ao
natural, ele traz outros nomes, e nós seguramente faremos mais deputados.
Nacionalmente, não crescem só as bancadas no Senado e na Câmara dos Deputados.
Aumentam as chances também de conquistarmos mais governos estaduais”, avalia.
Sobre como o partido pretende
equacionar a questão envolvendo o ministro Onyx Lorenzoni (DEM) caso ele migre
também para o PP, uma vez que Onyx se coloca como pré-candidato ao Piratini,
Heinze responde que será equacionado. “O caso do Onyx deverá haver um acerto
nesse processo, porque minha candidatura está decidida, mas temos uma vaga para
vice, uma vaga para o Senado, e as composições virão. Acho que para o Onyx
ficou difícil permanecer nesse novo partido (o União Brasil, resultado da fusão
do DEM com o PSL, que não apoiará a tentativa de reeleição de Bolsonaro), mas
não conversei com ele ainda sobre isto.”
Nos bastidores, cálculos e
inquietações
À parte o caso do ministro
Onyx Lorenzoni (DEM), que tanto poderá acompanhar o presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) rumo a uma nova sigla, como migrar para outra, são dadas como
certas pelas lideranças do PP gaúcho, por enquanto, as chegadas do deputado
federal Ubiratan Sanderson (PSL), e do estadual Luciano Zucco (PSL). Também há
conversas com o estadual Vilmar Lourenço (PSL).
Apesar de o ‘aporte’ de novos
nomes no PP animar lideranças como o presidente estadual, Celso Bernardi, e o
senador e pré-candidato ao governo, Luis Carlos Heinze, internamente parte dos
parlamentares têm demonstrado preocupação. O receio é de que as projeções de
aumento de bancadas não se confirmem ou de que uma parcela dos atuais deputados
do partido, federais ou estaduais, acabe sendo substituída por novos
correligionários.
Um dos exemplos citados para
ilustrar a questão é o do deputado Zucco, que pretende concorrer a uma cadeira
na Câmara Federal. Em 2018, ele obteve 166.747 votos para a Assembleia
Legislativa, onde foi o mais votado. Ao mesmo tempo, o mais votado do PP
naquela eleição para a Câmara dos Deputados foi Luis Antonio Covatti (Covatti
Filho), que fez 102.063. Para a Assembleia Legislativa, a mais votada do PP foi
Silvana Covatti (mãe de Covatti Filho), que contabilizou 75.068 votos.
O sinal amarelo entre parcela
de parlamentares progressistas e outros do partido que pretendem concorrer no
próximo ano a cadeiras nos legislativos acendeu com o anúncio feito pelo
deputado federal Jerônimo Goergen no mês passado. Após três mandatos na Câmara
Federal, Goergen oficializou que não disputará a eleição de 2022, argumentando
que pretende ficar mais próximo da família. E lembrando que não obteve êxito em
conseguir a indicação da sigla para disputar o Senado. Nos bastidores, contudo,
passou a circular também a narrativa de que o deputado projetava que a campanha
do ano que vem será muito acirrada e com adversários de peso, com risco
concreto para os atuais detentores de mandato de não conseguirem alcançar a
reeleição.
Heinze, contudo, nega a existência de restrições. “A chegada do Bolsonaro, e dos demais que ele trará, não causa um receio entre os deputados do PP. Não há motivo para isso, porque eles vão somar.”