Estado emite um Aviso, libera arquibancadas e decide por ensino presencial obrigatório
"A escola é onde muitos
têm acesso à alimentação e onde o processo de aprendizagem é mais
efetivo", disse Leite - Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini
Em reunião na tarde desta
quarta-feira (27/10), o Gabinete de Crise decidiu autorizar mudanças nos
protocolos de competições esportivas, com liberação parcial das arquibancadas,
e das escolas gaúchas, autorizando o retorno obrigatório às aulas presenciais para
estudantes da Educação Básica. Além disso, o GT (grupo de trabalho) Saúde
divulgou um Aviso para a região Covid de Pelotas, que recebe a notificação pela
segunda semana consecutiva. As outras 20 regiões não receberam Avisos ou
Alertas.
O Aviso é o primeiro passo do
Sistema 3As de Monitoramento, com o qual o governo do Estado gerencia a
pandemia no Rio Grande do Sul. Conforme os técnicos do GT Saúde, Pelotas
apresentou piora em alguns indicadores em relação à semana anterior, por isso
recebeu novamente a notificação, para que possa controlar a propagação do vírus
na região.
Na região Covid de Pelotas
(R21), entre os dados que levaram à emissão da notificação, está a incidência
de 160,1 novos casos confirmados por 100 mil habitantes na última semana,
patamar acima do dobro da média estadual. A região ainda apresenta tendência de
crescimento nesse indicador, que há duas semanas estava no nível de 87,4,
impactando em um aumento de 83,2% em 13 dias.
No indicador de ocupação de
leitos clínicos, Pelotas apresenta aumento contínuo no número de internados,
atingindo 48 confirmados e 14 suspeitos (62 no total) nesta semana. Aumento de
48%, entre confirmados e suspeitos, em um mês.
Quanto às UTIs, a região
também apresenta crescimento e estava com 21 casos confirmados e 15 suspeitos
na terça-feira (26/10) – elevação de 111,76% em menos de um mês.
O Gabinete de Crise ainda
debateu alguns pedidos e demandas setoriais em relação a protocolos vigentes.
Entre os quais, o pedido dos clubes de futebol da capital – Grêmio e
Internacional –, para abertura das arquibancadas, sem demarcação de assentos,
para as torcidas organizadas.
A equipe de governo entendeu
que é possível atender à solicitação nos estádios da Arena do Grêmio e do
Beira-Rio, em caráter experimental, nos termos solicitados pelos clubes e
respeitando as especificidades destes. O limite de 30% de ocupação dos estádios
– que é o protocolo vigente para competições esportivas com mais de 2,5 mil
pessoas – segue sem alteração. A autorização excepcional será informada aos
dois clubes e passa a valer de forma imediata.
Por fim, o Gabinete de Crise
decidiu acatar o pedido da Secretaria da Educação (Seduc) para que o retorno
presencial às aulas se torne obrigatório aos estudantes da Educação Básica
(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e todas as redes de
ensino do Rio Grande do Sul (estadual, municipais e privadas).
“As crianças e adolescentes
não estão isolados em casa. Estão interagindo e participando da sociedade.
Portanto, não adianta apenas restringir a interação deles na escola. A escola é
onde muitos têm acesso à alimentação e onde o processo de aprendizagem é mais
efetivo. Neste momento, em que os indicadores estão estáveis, e até caindo, e que
a vacinação aumenta em ritmo acelerado, os efeitos colaterais de termos um
ensino fragilizado são mais graves do que a própria doença. Por isso, como nos
tratamentos médicos, é preciso ajustar a dose do medicamento ao estágio da
doença”, afirmou o governador Eduardo Leite, que coordenou o Gabinete de Crise.
A solicitação de retorno de
todos os estudantes no regime presencial também foi feita pelos representantes
das redes municipais e particulares no Centro de Operações e Emergência em
Saúde (COE) Estadual, que conta com a presença de representantes da União
Nacional dos Conselhos Municipais de Educação do RS (UNCME/RS), do Conselho
Estadual de Educação (CEEd), da União dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime) e do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe).
Além disso, em reunião com
Ministério Público, foi pontuada a importância e o compromisso para que todas
as crianças e jovens voltem a frequentar a escola de maneira presencial, para
mitigar os efeitos da pandemia na educação. Entre os argumentos, o fato de que
muitos alunos não voltaram aos estudos e que o processo de ensino aprendizagem
é mais efetivo com o estudante presente em sala de aula, como apontam estudos.
O Gabinete de Crise decidiu
aprovar o retorno presencial obrigatório na Educação Básica, desde que sejam
garantidos os protocolos sanitários vigentes. Na avaliação da equipe de
governo, tendo em vista a queda das taxas de contaminação e hospitalizações e o
avanço da vacinação no RS, o momento é propício para a retomada das aulas
presenciais.
Em casos de excepcionalidade,
como condições médicas específicas e comorbidades, será autorizada a
continuidade das atividades escolares do estudante em regime remoto. O
detalhamento dessas exceções será debatido entre as equipes das secretarias da
Educação e Saúde e posteriormente publicadas em decreto.
“A escola não é foco de
contaminação, ela reflete a condição da comunidade em que está inserida.
Precisamos desse retorno pela questão pedagógica, cada dia é importante para os
estudantes. Quanto mais tempo sem a escola, mais difícil é trazer os jovens de
volta”, disse a secretária da Educação, Raquel Teixeira.
As mudanças autorizadas
deverão ser detalhadas e oficializadas pelo governo do Estado.
Texto:
Vanessa Kannenberg
Edição:
Marcelo Flach/Secom
Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini