Bolsonaro diz que acertou com setor produtivo prorrogar desoneração da folha Desoneração da folha será por mais 2 anos
(Presidente Jair Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto | Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / CP)
O presidente Jair Bolsonaro
afirmou, na manhã desta quinta-feira, que acertou com representantes do setor
produtivo a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos por mais dois
anos. Ele recebeu os empresários no Palácio do Planalto.
"Quando se fala em
alimentação, emprego é alimentação. Quem não tem emprego, tem dificuldade de se
alimentar, obviamente. Reunido com a Tereza Cristina [ministra da Agricultura],
com o nosso prezado ministro Paulo Guedes [Economia] e mais de uma dezena de
homens e mulheres representantes do setor produtivo do Brasil, resolvemos
prorrogar por mais dois anos a questão que tem a ver com a desoneração da folha
[de pagamentos]", disse o presidente. "Então, isso tem a ver com
manutenção de emprego. Estamos numa situação pós-pandemia.”
Bolsonaro deu a declaração
durante evento que marcou o lançamento do programa Brasil Fraterno - Comida no
Prato, no Palácio do Planalto, realizado após a reunião com os representantes
dos setores produtivos.
Para viabilizar a continuidade
da desoneração da folha de pagamentos, o presidente pediu apoio dos
representantes dos setores para colaborar junto a políticos (governadores,
prefeitos, deputados e senadores) para que a PEC dos Precatórios seja aprovada.
“Decisão judicial não se
discute, se cumpre. Mas como cumprir um pagamento previsto na ordem de R$ 30
bilhões, [que] de repente passa para R$ 90 bilhões dentro do teto? Ficaríamos
sem recursos. Para todos os setores faltaria alguma coisa”, falou o presidente.
Bolsonaro ainda criticou
partidos que votaram contra a PEC dos Precatórios na Câmara. O texto foi
aprovado em 2º turno por 323 votos a favor. Eram necessários, no mínimo, 308.
“Quando a gente vê partidos de
esquerda e partido que se diz Novo, mas não tão novo assim, votando contra…
Queremos espaço para atender quem está passando fome. Entendemos que em torno
de 17 milhões de famílias têm dificuldades sérias”, afirmou.
Compensação
Um estudo da Associação das
Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e Tecnologias Digitais
(Brasscom), publicado nesta quinta pelo R7, mostra que a desoneração da folha
de pagamento rendeu R$ 2,54 bilhões a mais do que custou aos cofres públicos em
2020.
No ano passado, o governo
arrecadou R$ 12,95 bilhões com valores que vieram direta e indiretamente das
vagas de trabalho mantidas pelos 17 setores beneficiados com a medida. A
renúncia fiscal foi de R$ 10,41 bilhões.
A análise mostra que a estratégia
fiscal estimula a geração de emprego e renda. Sem a desoneração, a estimativa é
de que cerca de 3 milhões de empregos poderiam ser fechados devido ao aumento
de custos para as empresas, especialmente em um momento de economia fragilizada
pelo desemprego e aumento da inflação.
Resistência de Guedes
Ao discutir a proposta de
desoneração com empresários na manhã desta quinta-feira, o presidente Jair
Bolsonaro ignorou posicionamentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que
questionava a prorrogação da desoneração da folha de pagamento nos 17 setores
que mais empregam no Brasil. Bolsonaro garantiu que vai adiar a medida por mais
dois anos.
Um dos integrantes da reunião
detalhou ao R7 que Paulo Guedes participou do encontro e tentou, inúmeras
vezes, estender a prorrogação caso a PEC dos Precatórios não avance no Senado,
mas teria sido "cortado" pelo presidente. Em seguida, Bolsonaro disse
aos empresários que vai ter, sim, desoneração e pediu que todos fiquem
tranquilos.
O clima entre Guedes e
Bolsonaro foi de discordância na maior parte do tempo da reunião, segundo
participantes relataram ao R7. Guedes já havia se manifestado contra a
desoneração ao mesmo em que apoiava isenção de impostos para gigantes da
tecnologia que se instalassem na Amazônia.
POR: R7