Governo articula subir Auxílio Brasil para R$ 400 antes do Natal
(Líder do MDB no Senado,
Eduardo Braga (AM), conversa com líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE) |
Foto: EDILSON RODRIGUES / AGÊNCIA SENADO / CP)
Para aprovar a PEC dos
Precatórios ainda este mês e viabilizar o incremento do Auxílio Brasil para R$
400 antes do Natal, a liderança do governo no Senado admite alterações no texto
e articula incorporar emendas que garantam apoio, sobretudo, das bancadas do
MDB e do PSD. Na mesa, a mudança que possui maior consenso é tornar o benefício
social permanente, alternativa que também agrada à oposição.
A proposta, atualmente, não
tem votos suficientes para ser aprovada. O governo percebeu que, sem alteração,
não conseguirá passar a PEC dos Precatórios. A base tem pressa para decidir
sobre o assunto e aprovar o incremento do Auxílio Brasil neste ano. Por isso,
surge a possibilidade de fatiar a PEC. Emendas que exigissem o retorno à Câmara
para apreciação seriam incorporadas a uma proposta secundária. Já o que tiver
consenso dentro do texto já aprovado pelos deputados continuaria na PEC dos
Precatórios seguiria para promulgação o quanto antes.
No texto principal, ficariam
os limites para o pagamento de precatórios e a mudança no cálculo do teto de
gastos para as pendências da União. O restante da dívida seria postergada ou
quitada por meio de outros acordos judiciais, como troca por ativos. Com essa
mudança, o governo espera abrir um espaço fiscal de R$ 91,6 bilhões para 2022.
A ideia é aprovar a PEC em 30 de novembro.
Auxílio Brasil como moeda de
troca
No Palácio do Planalto, já há
consenso para, como moeda de troca, garantir a permanência do Auxílio Brasil,
com pagamento de R$ 400 mensais por família. Mas a proposta precisaria do aval
da Câmara e, por isso, entraria nesta PEC alternativa, assim como todas as
emendas que caracterizarem mudança no texto original. A previsão de deliberação
é para meados de dezembro.
A PEC alternativa é uma
proposta nova e começou a ser articulada entre os presidentes da Câmara e do
Senado, deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o
líder do governo no Senado e relator da matéria na Comissão de Consituição e
Justiça (CCJ), Fernando Bezerra (MDB-PE), conforme apurou o R7.
A ideia inicial de Bezerra, no
entanto, era articular um texto consensual que não precisasse voltar para a
Câmara e que passasse no Senado com um placar tranquilo. Essa não é a
realidade, ainda que, pelos cálculos do parlamentar, 51 senadores estariam
dispostos a passar a PEC, dois votos a mais que o necessário para aprovar a matéria.
Levantamento feito pelo R7 na última semana mostra, entretanto, que somente 18
senadores declaram apoio à PEC – 28 já se dizem contra a proposta.
Propostas de alteração
Fatiar a PEC dos Precatórios é
uma medida que encontrará barreiras por parte da oposição. "Acho isso
impossível, uma teoria que não funciona. Não vejo como fatiar uma PEC",
adiantou, ao R7, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).
Junto aos senadores José
Aníbal (PSDB-SP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Oriovisto propôs uma
proposta substitutiva que prevê a retirada dos precatórios do teto, mas exige o
pagamento integral das chamadas RPVs (requisições de pequeno valor) em 2022.
Assim, na avaliação do trio, haveria abertura fiscal para bancar o incremento
do auxílio social, além de permitir a quitação das dívidas menores.
"Entregamos a proposta e
vamos conversar na terça ou quarta. Dependendo do que Bezerra proponha, pode
haver negociação", afirmou Oriovisto. A proposta dos três senadores, no
entanto, não tem apoio do MDB, maior bancada do Senado. O governo busca apoio
dos emedebistas e do PSD, as duas maiores bancadas da Casa que, juntas, têm 27
votos.
Há consenso apenas sobre
tornar o auxílio permanente e, por isso, a expectativa é que o subtitutivo não
ganhe apoio. A bancada do MDB tem uma série de alternativas que serão
apresentadas durante a semana. Avaliar as emendas somente em uma proposta
paralela ainda é uma medida que precisa ser bem trabalhada com as bancadas do
MDB e do PSD.
O MDB sugere, além do auxílio
social como política de Estado, a criação de uma comissão mista para auditar os
precatórios e criar uma trava para os aumentos das dívidas ano a ano. A bancada
quer criar um limite anual no valor dos precatórios a serem pagos, conforme
apurou o R7 junto ao gabinete do vice-líder da bancada, senador Marcelo Castro
(PI).
O objetivo é procurar uma
solução a fim de que os pagamentos parem de gerar uma bola de neve de
pendências para a União. "Precatório era uma coisa insignificante dentro
do Orçamento e está cada dia mais ganhando espaço. Precisamos botar um
freio", afirmou Castro na última quinta-feira (18).
A bancada também quer
priorizar o pagamento de precatórios relacionados ao antigo Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(Fundef). Em suma, as emendas procuram definir para onde deve ser destinado o
espaço fiscal, limitando o governo a gastar com políticas sociais e evitando,
por exemplo, bancar um aumento salarial de servidores, medida que já foi
rebatida pelo próprio líder do governo.
"Acho que o cobertor está
muito curto e que todo o esforço que estamos fazendo agora não é para atender reajuste
de servidor. É para atender aos mais pobres do Brasil", disse Bezerra, na
quarta-feira (17). A verba também poderia ser aplicada para reajuste pela
inflação de despesas obrigatórias na área da previdência social.
Na segunda-feira (22), o
Senado promoverá uma sessão temática para debater a PEC dos Precatórios. O
objetivo é alinhar todas essas alternativas colocadas na mesa e angariar apoio,
sobretudo do MDB e do PSD para garantir uma aprovação menos apertada.
Por: R7