Bolsonaro e equipe econômica discutem saídas para reajuste salarial do funcionalismo
Diante do crescimento do
movimento do funcionalismo público contra o reajuste exclusivo para apenas uma
categoria, o presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompeu em alguns momentos suas
férias no Guarujá para se inteirar com a equipe econômica sobre possíveis
saídas para o impasse.
Não há ainda decisão tomada,
mas o presidente já considera destinar parte dos recursos reservados no
Orçamento para o funcionalismo, que ainda não têm destinação certa, para os
servidores da Receita
Desde quarta-feira (22), essa
categoria lidera um levante com entrega de cargos e, nesta quinta-feira (23),
eles realizam assembleia em todo o país para decidir, dentre outros pontos, se
reduzem as metas de trabalho, se paralisam projetos nacionais e regionais, se
mantêm a entrega de cargos e se fazem operação padrão nas aduanas.
Uma ideia ventilada nas
conversas do presidente com a equipe econômica é de que parte dos R$ 1,7 bilhão
aprovados no Orçamento sejam concedidos a Receita. Isso implicaria uma redução
no reajuste dos policiais, mas o presidente poderia ao menos tentar estancar o
movimento dos funcionários da Receita.
Em conversas no Palácio do
Planalto neste mês, Bolsonaro havia autorizado reajuste de R$ 2,5 bilhões para
o funcionalismo, sendo R$ 2 bilhões para os policiais e R$ 500 milhões para a
Receita. O Congresso reduziu esse valor.
Há um receio no entorno
presidencial de que o movimento que ele fez neste mês, de substituir o antigo
secretário da Receita Jose Tostes por Julio Cesar Vieira Gomes seja em vão.
Tostes se desgastou com a família presidencial ao não conseguir travar investigações
da Receita contra ela.
Um outro receio do presidente
é que o movimento da Receita contamine todas as categorias e paralise o
governo. Além disso, o presidente debateu sobre como incluir no Orçamento de
2022 os recursos previstos para a desoneração de 17 setores da economia e também
para taxistas.
Um montante de R$ 6 bilhões,
sendo R$ 5 bilhões para a desoneração e R$ 1 bilhão para os taxistas. O governo
estuda a melhor solução jurídica para a inclusão desses valores no Orçamento
sem feria a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em sua tradicional live de
quinta-feira, Bolsonaro declarou: “Nós vamos sancionar o projeto que fala da
desoneração da folha. Atinge, se eu não me engano,17 categorias. Também será
sancionada a isenção de IPI a taxistas.”
Uma decisão recente do TCU
(Tribunal de Contas da União) tem sido usada como referência: a de que o
governo pode prorrogar a desoneração da folha de pagamento sem a necessidade de
uma medida de compensação.
No geral, a leitura no
Executivo é a de que parte do Congresso desrespeitou os acordos políticos que
foram selados com o aval do presidente para direcionar recursos para suas bases
eleitorais por meio das emendas de relator, que se mantiveram este ano na casa
dos R$ 16,5 bilhões.
Texto: Redação O Sul
Foto: Marcelo Camargo/Agência
Brasil