Djokovic tem recurso negado e deve ser deportado da Austrália
Novak Djokovic está
definitivamente banido do Aberto da Austrália. Em julgamento final, o júri
decidiu que o tenista australiano ficará com seu visto cancelado e, portanto,
impossibilitado de disputar a competição de tênis e buscar o recorde de 21 títulos
no Grand Slam. O atual campeão do torneio será deportado e ainda terá que arcar
com os custos do julgamento, que durou quase nove horas.
O Australian Open havia
agendado a estreia de Djokovic no Grand Slam para segunda-feira, contra o
também sérvio Miomir Kecmanovic. O horário do jogo, entretanto, constava como
indefinido. A partida só seria confirmada caso o número 1 do mundo tivesse seu
visto aprovado novamente.
O primeiro episódio para
manter a realização dessa partida em aberto aconteceu na sexta-feira (14),
quando o ministro dos Serviços a Imigrantes, Alex Hawke, cancelou de imediato o
visto de Novak Djokovic por ele não estar vacinado contra a covid. O tenista,
então, entrou com um recurso para permanecer na Austrália a fim de reverter a
decisão e conseguir participar do torneio.
Apesar da revogação do visto,
a deportação do número 1 do mundo não foi autorizada logo em seguida. O destino
do campeão do mundo ficou pendente justamente desse julgamento, que ocorreu em
Melbourne e foi composto por júri da Corte Federal. Os juízes responsáveis por
esse veredicto definitivo foram: James Allsop, Anthony Besanko e David
O’Callaghan.
Como foi o julgamento
Durante o julgamento, o
advogado do governo australiano Stephen Lloyd argumentou que a presença de
Novak Djokovic na Austrália poderia influenciar outras pessoas por se tratar de
uma celebridade. Na visão de Lloyd, o tenista “com ou sem razão”, está endossando
uma visão antivacina.
Ainda de acordo com o
advogado, o ministro da Imigração, Alex Hawke, não precisa esperar evidências
de que Djokovic esteja influenciando as pessoas para cancelar o seu visto,
bastando apenas que exista esse risco.
A defesa do número 1 do mundo
afirma que Djokovic não fez campanha contra a vacinação apesar de ter se
posicionado publicamente contra a obrigatoriedade da vacina contra a covid. A
imunização é um requisito para a participação no Aberto da Austrália, mas o
tenista conseguiu uma autorização de exceção médica concedida pelos
organizadores do Grand Slam por ter sido infectado pelo coronavírus em
dezembro.
No julgamento deste sábado, os
advogados de Djokovic alegaram que o ministro australiano não considerou as
consequências do cancelamento do visto do tenista. O representante do governo
australiano respondeu afirmando que Alex Hawke estava ciente de tudo que sua
decisão poderia acarretar, principalmente a respeito dos ativistas antivacina.
Stephen Lloyd acrescentou que o ministro também estava ciente das consequências
caso não cancelasse o visto de Novak Djokovic.
A audiência, que ocorreu no
Tribunal Federal da Austrália, em Melbourne, chegou a ser interrompida por uma
hora para que os presentes pudessem almoçar. Antes da paralisação, no entanto,
os representantes dos dois lados (Djokovic e governo australiano) fizeram a
exposição dos seus argumentos. Enquanto a defesa do tenista lutava para que o
visto fosse restabelecido, as autoridades da Austrália defendiam o seu cancelamento,
assim como o banimento do sérvio do Australia Open e a sua deportação do país.
Vale destacar que na última
quarta-feira, o sérvio admitiu não ter cumprido isolamento após testar positivo
para a covid e que houve um erro no preenchimento do formulário apresentado na
imigração. Além disso, a revista alemã Der Spiegel levantou suspeitas sobre os
exames do tenista.
O Australia Open seguirá sem o
número 1 do mundo, que será substituído por um “lucky loser” (perdedor
sortudo), que é um tenista que foi derrotado no qualificatório do torneio, mas
que irá herdar essa vaga que se abriu por conta da eliminação de Novak
Djokovic. A organização do torneio ainda não comentou publicamente a decisão da
justiça australiana.
Fonte: Jornal o Sul
Foto: Reprodução