A Voz da Diocese domingo 06 Fevereiro 2022 com o Bispo Dom Adimir Mazali

Minha saudação a todos os que acompanham a Voz da Diocese e conosco celebram o 5º Domingo do Tempo Comum, chamados “lançar as redes para águas mais profundas” e experimentar a bondade do Senhor manifestada na vida da comunidade.
A
liturgia nos fala de aspectos vocacionais. A primeira leitura apresenta a
vocação de Isaías. Embora ele se sinta impuro e indigno de experimentar numa
visão a presença Senhor, ele faz a experiência de sua bondade sendo questionado
quanto a sua vocação, pois o Senhor lhe diz: “Quem enviarei? Quem irá por nós?”
E Isaías responde: “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8). Esta resposta de Isaías
indica que todos nós, sem medo, precisamos nos colocar sempre à disposição para
assumir o projeto que o Senhor tem para nós e o manifesta em qualquer momento.
Da
mesma forma, o Evangelho remete ao aspecto vocacional na relação de Jesus e os
discípulos que acolheram sua proposta reconhecendo-O como senhor de suas vidas.
Aceitaram viver o seguimento a Ele como pescadores de homens. Para isso, Jesus compartilha
do mesmo barco dos discípulos e os leva a lançar as redes para águas mais profundas.
Embora os discípulos tivessem pescado a noite inteira e já estarem cansados,
não negaram o pedido de Jesus e Pedro se manifesta: “Mestre, pescamos a noite
inteira e nada pescamos, mas em atenção à tua palavra, lançarei as redes” (Lc
5, 5). Com isso, Jesus chama não apenas a lançar as redes para a pesca de
peixes, mas também as redes da palavra que cativa, que transforma e desperta a
adesão de homens e mulheres ao seu projeto de amor, em realidades mais
desafiadoras.
Por
isso, não tenhamos medo de acolher e responder ao chamado do Senhor e ao mesmo
tempo, ser enviados ao inesperado, pois para Jesus, seu chamado tem um rumo
certo.
Caros
irmãos e irmãs! Outro aspecto de nossa reflexão de hoje se direciona no
seguinte: Observando que estamos em tempos de pandemia da Covid-19, vemos que
muitos fiéis encontram dificuldades de reunirem-se presencialmente nas
comunidades, mas seguindo os cuidados sanitários necessários, podemos retomar a participação na vida de nossas
comunidades. Vemos que há uma acomodação por parte das pessoas que se
justificam, dizendo que por causa da pandemia, não vão à Igreja. No entanto,
continuam indo a outros lugares. Por isso, lembramos que a vida cristã
alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, torna-se uma fonte de bênção para
todos, um instrumento de transformação social e resposta ao amor de Deus por
toda a humanidade. Desta forma, recordamos o que nos diz a Exortação de São
João Paulo II, “Dies Domini” sobre o
valor do Domingo e retomamos a reflexão sobre esta temática:
“O Dia do Senhor — como foi definido o domingo, desde os
tempos apostólicos, mereceu sempre, na história da Igreja, uma consideração
privilegiada devido à sua estreita conexão com o próprio núcleo do mistério
cristão. [...] É a Páscoa da semana, na qual se celebra a vitória
de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento n'Ele da primeira criação e o
início da « nova criação » (cf. 2 Cor 5,17). [...] Ao domingo, portanto, aplica-se, com
muito acerto, a exclamação do Salmista: « Este é o dia que Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria » (118 [117], 24). [...] É convite a reviver,
de algum modo, a experiência dos dois discípulos de Emaús, que sentiram « o
coração arder no peito », quando o Ressuscitado caminhava com eles, explicando
as Escrituras e revelando-Se ao « partir do pão » (cf. Lc 24,32.35).
É o eco da alegria, ao princípio hesitante e depois incontida, que os Apóstolos
experimentaram na tarde daquele mesmo dia, quando foram visitados por Jesus
ressuscitado e receberam o dom da sua paz e do seu Espírito” (cf. Jo 20,19.23).
(1)
“Com efeito, o dever de
santificar o domingo, sobretudo com a participação na Eucaristia e com um
repouso permeado de alegria cristã e de fraternidade [...]. Verdadeiramente,
grande é a riqueza espiritual e pastoral do domingo, tal como a tradição no-la
confiou. Vista na totalidade dos seus significados e implicações, constitui, de
algum modo, uma síntese da vida cristã e uma condição necessária para bem
viver. Compreende-se, assim, por que razão a Igreja tenha particularmente a
peito a observância do Dia do Senhor, permanecendo ela uma verdadeira e própria
obrigação no âmbito da disciplina eclesial. [...] É de importância
verdadeiramente capital que cada fiel se convença de que não pode viver a sua
fé, na plena participação da vida da comunidade cristã, sem tomar parte
regularmente na assembleia eucarística dominical. [...] A graça, que dimana
dessa fonte, renova os homens, a vida, a história. (81) [...] E os seus
discípulos, renovando-se constantemente no memorial semanal da Páscoa,
tornem-se anunciadores cada vez mais credíveis do Evangelho que salva e
construtores ativos da civilização do amor”. (87)
Prezados irmãos e irmãs. Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a viver
com alegria nossa vocação e retomar com entusiasmo nossa participação na Igreja
valorizando o domingo como “Dia do Senhor”.
Que Deus abençoe a todos!
- Dom Adimir Antonio Mazali
- Bispo Diocesano de Erexim – RS