Pe José Carlos Sala é o novo Reitor do Seminário e Santuário de Fátima
Presidindo a missa das 18h30 deste sábado, 12, Dom Adimir Antonio Mazali deu posse ao Pe. José Carlos Sala, ex-pároco da Paróquia Santa Luzia do Bairro Atlântico de Erechim, como reitor do Seminário e do Santuário diocesano N. Sra. de Fátima. A missa, concelebrada pelo Pe. Antonio Valentini Neto, do Centro Diocesano, contou com a participação do Pe. Lucas André Stein, Vice-Reitor, como cerimoniário, de diversos ministros, de numeroso grupo da Paróquia Santa Luzia, do coral Na. Sra. de Fátima, do qual Pe. Sala é o maestro, da mãe e de familiares dele, de frequentadores assíduos do Santuário e de outras pessoas.
Ao iniciar a celebração, o
Bispo saudou os mencionados grupos participantes e disse que o Santuário
iniciava uma nova etapa, com muitas coisas sendo continuadas e com outras a
serem introduzidas. Pediu a leitura da provisão de nomeação do Pe. Sala para a
função, que destaca alguns aspectos da natureza e missão do Santuário. Convidou
o novo reitor a fazer sua profissão de fé e seu compromisso de fidelidade à
Igreja, assinando o texto dos mesmos.
Dom Adimir iniciou a homilia refletindo as leituras e o evangelho do domingo, o sexto do tempo comum do ano litúrgico C. A primeira leitura apresenta a advertência incisiva do profeta Jeremias a respeito da escolha entre os dois caminhos da vida, dizendo ser feliz a pessoa que confia em Deus e infeliz a que confia simplesmente no ser humano, esquecendo-se de Deus. A autossuficiência torna vazia e sem sentido a vida humana. Na segunda leitura, o Apóstolo São Paulo afirma de forma incisiva a fé na ressurreição de Cristo e na ressurreição de todos os que nele depositam sua fé. O evangelho apresenta a versão de Lucas das bem-aventuranças, citando apenas 4, mas com a sua contraposição de 4 mal-aventuranças. Felizes são os que vivem os valores do reino, a simplicidade, a humildade, a solidariedade, especialmente com os pobres. Infelizes são os prepotentes, dominadores, orgulhosos, autossuficientes. No segundo ponto de sua reflexão, Dom Adimir destacou aspectos da natureza da vida de um Santuário. Embora não seja Paróquia, não deixa de ser espaço privilegiado do exercício do ministério presbiteral. Ele deve ser lugar de fé, ponto de comunhão, integrado na Diocese. Ele é lugar especial de evangelização. No terceiro ponto de sua pregação, o bispo ressaltou a tríplice missão do reitor do Santuário, como de todo padre, ensinar, santificar e governar. Motivou-o a acolher os devotos como são, independentemente de suas condições, ajudando-os a fortalecer sua fé e seu compromisso de colaborar na construção de uma sociedade justa e fraterna, de participar ativamente de suas comunidades. Que eles possam encontrar remédio para suas feridas, alívio em suas dores e consolo em suas provações, tornando o Santuário bálsamo confortador. Que ele e sua esplanada sejam lugar de encontro das famílias, ambiente próprio para a oração, para o cultivo da devoção a Maria, sob a invocação de N. Sra. de Fátima, com novena permanente a ela. Concluiu exortando os fiéis a serem amorosos com os padres do Santuário e estes com eles.
Antes da bênção, Pe. Lucas
motivou a manifestação de representante da Paróquia Santa Luzia e da equipe de
liturgia e ministros do Santuário.
Pela Paróquia Santa Luzia
falou Marília Fochesatto. Ressaltou o trabalho frutuoso do Pe. Sala e que todos
o queriam lá. Mas foi chamado para outra missão, conduzir o Santuário. Seu amor
a Maria será ainda maior. Dará tudo de si para que o Santuário seja cada vez
mais a casa de Maria. Desejou que ela o conduza pela mão no caminho que leva a
seu Filho Jesus.
Pelo Santuário, Anna Teixeira deu
as boas-vindas ao novo reitor, desejando que a Mãe de Fátima lhe conceda muitas
graças e saúde para realizar frutuoso ministério na nova missão.
Após as duas saudações, Pe.
Sala fez seu pronunciamento, iniciando com o canto eis-me com o coral N. Sra.
de Fátima. Imbuído de amor à Igreja e como humilde colaborador da obra de Deus
estava aí para trabalhar no Santuário e no Seminário, riqueza para a Igreja,
com história feita a muitas mãos. Observou poder dizer que conhece bem a casa,
pois nela viveu 7 anos como seminaristas, 5 como formador e lecionou música aos
seminaristas por 14 anos. Recordou a revitalização do Santuário e da esplanada
feita recentemente para que ele seja o que deve ser, lugar da transcendência.
Convidou a todos a uma caminhada conjunta de qualificação e aprofundamento da
fé e da liturgia. Anunciou um primeiro encontro geral para projetar este
caminho conjunto; que o Santuário ficará aberto para acolher a todos e que a
partir do dia 09 de março, na quarta-feira, às 15h e às 18h30, haverá a missa
da saúde, com bênção e imposição das mãos. A quarta-feira será também o dia da
novena perpétua no Santuário de Fátima. Anunciou ainda seu desejo de
intensificar e qualificar a música ambiente na esplanada, música sacra e
orquestrada, que leva a pensar em Deus, a refletir sobre a vida, a discernir as
decisões a tomar e assim encontrar a paz. Concluiu sua mensagem pedindo a Maria
que interceda junto a Deus proteção constante e seja amparo hoje e sempre. (A
seguir, íntegra do pronunciamento do Pe. Sala)
Concluindo a celebração, Dom
Adimir motivou a oração da Ave Maria pelas vocações e pelos padres do Seminário
e deu a bênção final.
Após a celebração houve coquetel no salão de eventos.
Íntegra do pronunciamento do
Pe. José Carlos Sala
(Canto ‘Eis-me aqui’ coral)
Eis-me aqui... atendendo ao chamado e
às necessidades da Igreja, eis-me aqui pra fazer tua vontade, Senhor!
(Saudações: Bispo, padres, Pe. Lucas, família (mãe Maria, irmãs Eliane e Tânia, cunhados Celso e Fabiano, sobrinhos Eduardo, Arthur, Romeu e Maria Clara, pai Olinto im memoriam), Equipes de Liturgia do Santuário, ministros da Eucaristia, colaboradores do seminário, os padres do Lar Sacerdotal, representantes da paróquia Santa Luzia, Coral Nossa Senhora de Fátima, todos os presentes aqui no santuário e todos que acompanham pelo youtube ou facebook, enfim, todos os que amam e frequentam o santuário).
Na canção da vida, somos todos
artistas, humildes colaboradores da obra de Deus! Esta frase acompanha-me desde
a minha ordenação há 24 anos, e tem sido uma forte motivação em todos os
lugares por onde já trabalhei: movido por um profundo amor à Igreja e como
humilde colaborador da obra de Deus! Senhor Bispo, colegas padres e todos os
que amam o santuário, estou aqui como um humilde colaborador da obra de Deus. E
esta obra, seminário e santuário, que obra! Que tesouro para a Igreja! Que
história linda, quantos seminaristas por aqui passaram; quantas histórias de
vida guardam estas paredes... quanto bem já tem feito o santuário para tantos
corações; e para a caminhada da Igreja particular da diocese de Erexim, um
espaço referencial na formação de lideranças, nestes 50 anos de diocese.
Coloco-me em reverência e com profundo respeito a todos os que vieram antes de
nós na história do seminário e santuário. Reitores (ao Pe. Valter que
imediatamente me antecedeu), formadores, bispos, colaboradores, ajudantes
anônimos, você deve ter um amigo ou parente que já ajudou no seminário, membros
de equipes de liturgia,... muitos já falecidos... Uma história feita a muitas
mãos, desde a sua inauguração em 1953. Esta história continua com a graça de
Deus, sob o impulso do Espírito Santo e a proteção da Mãe de Fátima. E nós, que
hoje aqui estamos, temos a responsabilidade, em respeito a quem veio antes de
nós, de zelarmos e cuidarmos desta obra, fortalecendo a sua identidade.
Temos, portanto, a responsabilidade de
fazer a roda desta história continuar girando, fundamentados nas orientações da
Igreja, abertos aos sinais dos tempos, e desafiados pelo momento presente, que
exige de nós bom discernimento, sabedoria, espírito de comunhão, respeito ao
diferente, leveza, serenidade, diálogo, coragem e fé. E tudo isso se faz no
caminho! Passo a passo, pouco a pouco, cada dia e todo o dia, o caminho se faz!
Cremos numa Igreja de processos, de caminho, e não de eventos. Um caminho que
se faz belo pelas pequenas coisas de cada dia, feitas com amor, que se
interconectam e se entrelaçam, formando o mosaico do caminho, como canta o
salmista ‘ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração
sabedoria!’
Posso dizer que conheço bem esta casa, com a consciência clara de que os tempos mudam. Mas, como estudante, residi aqui por 7 anos; a primeira romaria que ajudei a animar foi em 1983, e desde lá, mantive assiduidade, mesmo quando estava estudando em outras cidades, ausentei-me nos anos em que estive a serviço da CNBB em Brasília; durante 14 anos lecionei Música para os seminaristas; por 5 anos fui formador residindo aqui; foi aqui que em 2003 iniciei o Coral Nossa Senhora de Fátima e, nos últimos anos, uma vez ao mês, regularmente marcamos presença. Esta casa, portanto, guarda muitas histórias da minha vida. E agora, andando pelas tantas salas e cômodos, brota uma ponta de nostalgia ao constatar a foça implacável do tempo transformando os ambientes.
Embora o conjunto deste espaço, em
nossa cidade e região, seja costumeiramente chamado de ‘seminário’, hoje, a
maior razão de ser deste espaço é o Santuário. Há não muito tempo atrás, quando
a diocese ainda tinha aqui a escola de ensino fundamental e médio, havia aqui
muitos seminaristas. No ano que entrei havia mais de 100. Aos poucos, por uma
questão de adaptação à realidade, deixamos de ter a escola e hoje temos somente
o curso propedêutico - ano de discernimento antes do curso de filosofia.
Por isso, nosso foco é o Santuário. E
nós podemos dizer com orgulho e alegria: Em nossa diocese, temos um Santuário!
Coração espiritual, a impulsionar vida, luz e esperança para todas as artérias
do corpo da diocese de Erexim, e também, muito além dos limites da diocese,
para todas as pessoas que acompanham diariamente pelas mídias sociais ou que
visitam o santuário em peregrinação. Há pouco tempo foi feita uma revitalização
geral da esplanada e do próprio santuário, tudo para darmos um rosto adequado
àquilo que se almeja ver, sentir e vivenciar em um Santuário: Lugar de oração,
lugar de encontro com Deus, lugar de paz, lugar de fé, lugar de
transcendência... e quando falo o ‘lugar’ não me refiro somente ao interior do
santuário, mas todo este conjunto, incluindo a esplanada. No primeiro passo, ao
entrarmos na esplanada pela Av. Sete, somos convidados à interiorização, à
abertura para a presença de Deus, à paz que traz equilíbrio, um mergulho numa
fonte que alimenta a coragem e a esperança, elementos tão necessários e
imprescindíveis para todas as pessoas, nestes tempos de incertezas em que
vivemos.
A liturgia, ‘fonte e ponto culminante
de toda ação da Igreja’, tem função primordial e central na Pastoral do
Santuário. Em sendo assim, dedicaremos especial atenção à liturgia e à formação
de todos os agentes da pastoral litúrgica. A grandeza da liturgia, como mandato
do próprio Senhor ‘fazei isto em memória de mim’, exige de nós espiritualidade
profunda e formação constante. Quantas pessoas dedicadas, que deixam suas atividades
e vêm servir à liturgia do Santuário! Leitores, salmistas, cantores,
instrumentistas, ministros, quem recebe as intenções... obrigado pelo serviço e
dedicação! E, proponho para todos vocês, membros das equipes de liturgia do
Santuário: Vamos juntos percorrer um caminho de qualificação e formação, para
crescimento na fé e para entendermos e vivenciarmos melhor tudo o que envolve a
nossa sagrada liturgia. Por isso, faço uma convocação para vocês - membros das
equipes de liturgia do santuário, instrumentistas, leitores, cantores,
ministros -, dia 18 de fevereiro, sexta-feira, às 19h30 - vamos fazer um
primeiro encontro para organizarmos juntos um projeto de formação em liturgia,
sem imposição, mas uma construção conjunta. E, tenho certeza que juntos faremos
um belo caminho de crescimento na fé e formação litúrgica.
Para que o Santuário possa cumprir melhor a sua função de acolher o povo, desejamos deixá-lo aberto durante o dia, para que as pessoas possam viver um momento de silêncio e oração. Assim, já começamos as tratativas e, num futuro próximo, teremos o santuário aberto durante o dia para acolher, inclusive, peregrinos que venham de outras cidades.
O Santuário é um lugar que acolhe
muita gente em busca de saúde – saúde física, mental, emocional e espiritual.
Quantos dramas humanos aqui são derramados! Quando a fragilidade se avizinha,
buscamos em Deus a fortaleza para seguir em frente. O Santuário, pela ternura e
intercessão da Mãe de Fátima, é um bálsamo a amenizar as dores da vida e atenua
os dramas e dores do humano frágil e limitado. Por isso, a partir do dia 09 de
março, teremos aqui, todas as quartas-feiras, às 15h e às 18h30, a Missa da
Saúde, com bênção e imposição das mãos individual. Também, a quarta-feira,
nesses dois horários, será o dia da Novena Perpétua no Santuário de Fátima. Iniciaremos
no dia 09 de março, na primeira semana da quaresma. Reze conosco, seja
presencialmente ou virtualmente, pedindo a graça da saúde e a bênção de paz e
proteção.
A esplanada do Santuário, em seu
aspecto natural, já é um convite para a paz e o encontro com Deus. Mas
desejamos intensificar e qualificar a música ambiente na esplanada. A música,
especialmente a música sacra e orquestral, tem um grande poder de nos conduzir
ao mistério, de nos transcender. Ao
ouvir música leve andando pela esplanada, você vai pensar em Deus, vai refletir
sobre sua vida, vai encontrar luz e discernimento para suas decisões, vai
encontrar a paz. Por isso, quando ouvir música ambiente na esplanada, saiba que
tudo isso tem a ver com a identidade deste espaço, você está no Santuário Nossa
Senhora de Fátima. O monumento já é o cartão de boas vindas e um convite à
oração, à penitência e à conversão. A mesma mãe de Jesus e Senhora nossa,
invocada por tantos nomes pelo mundo afora e aqui neste Santuário com a
espiritualidade própria daquela que há pouco mais de 100 anos, em Fátima,
apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta com pedido e oração, penitência e
conversão.
Num diálogo franco e sereno com todos
os setores da sociedade plural e fiéis aos princípios e orientações da Igreja,
seguiremos o caminho, contando com a graça de Deus!
Para todos os que amam o
Santuário e todos os que exercem aqui algum serviço, faço esta conclamação:
Vamos juntos, de mãos dadas, sem polarismos ou extremismos, estamos todos na
mesma barca, a barca de Jesus. A causa é nobre, e quando a causa é nobre, vale
a pena lutar, servir e estender a mão! Vamos juntos!
Mãe de Jesus e Senhora nossa, a vós,
devotamente nos entregamos e depositamos nossa esperança! Intercedei a Deus a
proteção constante e sede nosso amparo, hoje e sempre, amém!
Erechim, 12 de fevereiro de
2022
Pe. José Carlos Sala