Entenda os principais sintomas do Alzheimer e como identificá-los
A campanha Fevereiro Roxo do Ministério da Saúde alerta para os cuidados e a detecção da doença, que não tem cura nem prevenção
A perda da memória é o
principal sintoma da doença que costuma a se manifestar na terceira idade
O Alzheimer é a doença
neurodegenerativa mais comum entre idosos e corresponde a mais da metade dos
casos de demência neste grupo, segundo o Ministério da Saúde. A principal
característica do problema, além da perda progressiva de memória, é que não há
cura ou tratamento capaz de impedir a sua evolução – apenas para torná-la mais
lenta.
A geriatra Maria Carolyna
Fonseca, especialista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pela
SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), explica que ainda não
se sabe exatamente quais são as causas do Alzheimer, mas que há algumas
alterações no cérebro que podem impactar seu funcionamento e a memória.
“Ocorre um depósito do que
chamamos de beta-amiloide, que depois vai desenvolver um mau-funcionamento
cerebral. Além disso, também há uma redução desproporcional da região do
hipocampo, que está muito relacionada com a memória e cognição. Mas não temos
muito claro como é a fisiopatologia do Alzheimer”, afirma.
Principais sintomas da doença
A especialista explica que os
primeiros sintomas do Alzheimer começam a aparecer após os 70 anos de idade.
Mas, apesar de não ser comum, o quadro também pode se apresentar de forma
precoce antes dos 60 anos nos casos em que há uma herança genética
significativa, isto é, quando existem outros casos da doença na família.
Os principais sintomas estão
relacionados à perda de memória, seja recente ou remota. Mas, à medida que a
doença evolui, sinais como irritabilidade, falhas na linguagem e dificuldade
para se orientar no espaço e no tempo também podem ocorrer.
“É muito comum uma dificuldade em aprender coisas novas, como entender a funcionalidade de algum utensílio doméstico ou em receber uma instrução. Também pode ocorrer de a pessoa ficar mais atrapalhada com a dinâmica do dia a dia, se confundir com as medicações, esquecer onde estava indo, sair de carro e voltar a pé porque não se lembra que saiu de carro ou onde estacionou”, destaca a geriatra.
Estágios da doença
Segundo o Ministério da Saúde,
o Alzheimer passa por quatro estágios, sendo eles o inicial, moderado, grave e
terminal.
O primeiro é definido por
alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;
no segundo aparece a dificuldade para falar e realizar tarefas simples, além de
agitação e insônia.
“Na hora de tomar banho, por
exemplo, o paciente não sabe o que fazer com a esponja, para que serve o
sabonete, ele perde a capacidade de se organizar para fazer aquela atividade.
Parece tão automático, mas para tomar banho precisa lembrar de se despir, de
ligar o chuveiro, pegar o sabonete e se enxugar”, destaca a geriatra.
Já o terceiro é marcado pela
resistência a realizar tarefas diárias, incontinência urinária e fecal,
deficiência motora progressiva e dificuldade para comer. O quarto é considerado
o estágio terminal, onde o paciente fica restrito ao leito, não consegue falar,
sente dor ao comer e sofre infecções intercorrentes.
(Foto: A doença de Alzheimer não tem cura – FREEPIK)
A geriatra Maria Carolyna
Fonseca explica que, em média, os pacientes diagnosticados na terceira idade
vivem cerca de cinco anos em cada fase.
“Para os casos em que há uma
herança genética importante, que começam antes dessa idade, o paciente passa
por esses estágios de uma forma bem mais acelerada, com cinco anos ele pode
estar muito mais dependente para atividades mais simples, como se alimentar e
tomar banho”, afirma Maria Carolyna.
Além disso, a especialista
destaca que há outros fatores associados à terceira idade, como dificuldade
motora, que podem contribuir para a piora do quadro no que diz respeito à perda
de autonomia para realizar as tarefas consideradas básicas.
“A dificuldade causada pelo
Alzheimer é cognitiva, mas às vezes o paciente tem uma osteoartrose importante,
uma bursite, que causa uma limitação motora e o impede de fazer outras coisas”,
destaca.
Diagnóstico
Não existe nenhum exame capaz
de diagnosticar a doença de Alzheimer, então o diagnóstico é feito por meio das
informações relatadas pela família e pela exclusão de outros problemas em
potencial que são descartados após a realização de exames. Também soma-se a
isto o exame clínico com testes de memória, realizado quando as ponderações
levam à suspeita da doença.
Há alguns testes genéticos que
podem indicar a probabilidade de uma pessoa desenvolver Alzheimer, mas o acesso
a essa informação não traz benefícios para o tratamento da doença ou mesmo para
a sua prevenção, segundo o neurocirurgião Marcelo Valadares, médico da
disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do
Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
“Descobrir se uma pessoa tem a
possibilidade de ter Alzheimer é diferente de prevenir. É uma doença que não
tem tratamento [definitivo], então imagine viver com essa ansiedade. Outra
coisa é quando a pessoa quer saber se tem o gene para a doença e pensar se vai
ter filho ou não. Isso também não tem resposta, porque não é uma doença que
passa assim de pai para filho”, ressalta.
Tratamento
Há alguns medicamentos que
podem retardar a evolução do Alzheimer, mas não há nenhum tratamento capaz de
controlar a doença ou curá-la. O SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza
gratuitamente o adesivo transdérmico Rivastigmina, remédio usado para minimizar
os sintomas da demência.
A medicação é uma aposta, mas
a geriatra destaca que o mais importante para o paciente com Alzheimer é o
tratamento não farmacológico relacionado aos estímulos cognitivos, como a
inserção da pessoa na comunidade e a prática de atividades físicas.
“Pacientes que eram ativos e
conseguiram estudar por mais tempo, têm uma reserva cognitiva maior, então a
progressão até chegar ao estágio em que fica dependente é muito mais lenta. Mas
isso depende muito do estágio em que o diagnóstico foi feito, muitas vezes
vemos na prática o paciente sendo diagnosticado no estágio moderado para o
avançado”, explica.
Fonte: SAÚDE | Hysa Conrado,
do R7