A Voz da Diocese domingo 13 de março de 22 -bispo Dom Adimir Mazali -Transfigurados em Cristo
Transfigurados em Cristo
Estimados Irmãos e Irmãs, assíduos ouvintes e
leitores da Voz da Diocese. Em comunhão fraterna, à luz da fé na Ressurreição
que nos move a caminhar cheios de esperança, vivemos nesta última semana a perda
precoce e inesperada de um sacerdote diocesano, Padre Claudino Talaska, com
apenas 56 anos de vida e 28 de ministério presbiteral. Gostaria, aproveitando este
espaço, para manisfestar minhas condolências à familia Talaska, ao Clero e a
todos os fiéis, que de forma direta ou indireta tiveram o privilégio de
conviver com nosso irmão falecido. Cremos na Vida Eterna, e, por isso, para
quem crê a morte não é o fim-fim, mas um fim-plenitude, cuja vida desabrocha
para a eternidade, junto de Deus.
Dando continuidade à Quaresma, chegamos na
segunda etapa de nosso caminhar rumo à celebração da festa pascal. Quaresma é
um tempo de penitência e conversão, tempo de renovação interior e da nossa
práxis cristã. Desta forma, a Liturgia da Palavra e da Eucaristia, nesse 2º
Domingo da Quaresma, convoca-nos a subir o Monte Tabor para fortalecer a nossa
fé cristã e contemplarmos o Cristo transfigurado. A vivência da espiritualidade
quaresmal, com a prática das obras corporais, ensinadas por Jesus e pela
Igreja, e a perseverante escuta da Palavra de Deus, torna-se itinerário de
nossa transfiguração em Cristo. Em seu caminho rumo ao Calvário, Jesus faz uma
parada no monte Tabor. Ele quer ensinar aos seus discípulos-seguidores a
contemplar o sentido e significado último da Cruz. Não existe cristianismo sem
cruz. Todavia, o seguimento de Cristo não para na Cruz, pois depois da Cruz vem
a Luz que plenifica a vida.
O evangelista Lucas nos relata que Jesus foi ao
Tabor para orar, levando consigo Pedro, Tiago e João. Envolto de glória,
acompanhado por Moisés, que representa a Lei, e Elias, os Profetas, o texto
sagrado centraliza sua intenção, nas palvras que emana da nuvem, sinal da
manifestação de Deus Pai: “Este é o meu Filho, o escolhido, escutai o que Ele diz!
” (Lc 9,35). Nosso compromisso cristão no mundo, a partir da escuta e da
vivência das palavras, atitudes e gestos de Jesus, está na procura de
transfigurar as realidades terrenas que não estão de acordo com o Plano de
Deus, com a finalidade de realizarmos a construção do Reino de Deus, um Reino
de paz e fraternidade universal.
Irmãos e irmãs, a transfiguração deste mundo,
sua adequação ao Reino de Deus, fruto do anúncio e da vivência de Jesus, deve
iniciar com a renovação de nossa Aliança com o Deus único e verdadeiro, seguindo
o exemplo de nossos primeiros pais na fé, Abraão e Sara, que confiaram
plenamente nos planos do Senhor Deus e se colocaram como seus fiéis servidores.
Na segunda leitura, São Paulo ensina que todos
nós, chamados filhos de Deus em Cristo Jesus, devemos, todos os dias, iniciar e
reiniciar, não obstante as dificuldades e obstáculos que a vida se nos impõem,
o nosso caminho de fé como imitadores de Cristo, e não como inimigos da sua
Cruz, pois desta forma nosso destino será a perdição e não a transfiguração da
vida. Como amigos da Cruz de Cristo, não podemos esmorecer na empresa de
construirmos um mundo mais solidário e justo. Às vezes nos parece que em meio a
tantas desgraças sociais, conflitos e guerras motivadas tão somente pelo poder
econômico, político e domínio territorial, não existe mais perspectiva de
transformação, de mudança, de transfiguração. Entrentanto, não podemos
desanimar. Ao contrário, assim como os discípulos de Jesus, pela sua
transfiguração no Tabor, puderam entrever a luz da glória no fim do caminho,
assim tenhamos a certeza de que a caminhada da cruz é a caminhada da glória,
ainda para este mundo.
Prezados irmãos e irmãs, como cristãos
inseridos na sociedade, precisamos lançar sementes de esperança e vida,
inspirados pela Campanha da Fraternidade deste ano, assumindo o nobre empenho
de “Falar com sabedoria e ensinar com amor” (Pr 31,26). Nosso compromisso é com
uma educação balizada nos princípios da promoção e defesa da dignidade humana,
oportunizando a todos uma experiência vivaz com o transcendente, criando uma
cultura do encontro fraterno entre os povos e no cuidado da Casa Comum, no qual
todos os seres devam ser respeitados e protegidos. Assim, o mundo será
transfigurado num mundo de paz, de amor, de perdão, de concórdia, de respeito
com a rica diversidade cultural, enfim num mundo em que “todos tenham vida e
vida em abundância” (Jo 10,10), conforme o desejo de nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém!
Deus abençoe a todos!
Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo Diocesano de Erexim – RS