Fome chega a 14 milhões de novos brasileiros em um ano, diz pesquisa
(Fome chega a 14 milhões de novos brasileiros em um ano | Foto: Divulgação)
Cerca de 15,5% da população, o
equivalente a 33,1 milhões de pessoas, enfrentam insegurança alimentar no
Brasil, diz Vigisan
Fome chega a 14 milhões de
novos brasileiros em um ano
A insegurança alimentar ganhou
novas formas com a pandemia do novo coronavírus. No intervalo de um ano, o
número de brasileiros que passam fome saltou 73,3%, de 19,1 milhões para 33,1
milhões, segundo dados apresentados pela segunda edição da pesquisa Vigisan. O
estudo aponta para a maior proporção das famílias com renda inferior a um
salário mínimo em situação grave de insegurança alimentar, especialmente entre
aquelas que recebem até 25% do salário mínimo per capta, o equivalente a R$
303. Entre elas, 43% convivem com a fome, o dobro do percentual apurado ao fim
de 2020.
A situação também é grave
entre os lares afetados pelo desemprego, assim como naquelas que recorreram ao
endividamento, à venda de bens, ao corte de despesas essenciais ou não
essenciais, ou ainda nas famílias em que alguém teve que abandonar os estudos.
Conforme o levantamento, 14,3% dos domicílios tinha pelo menos um morador em
busca de emprego, e em 8,2% dos lares, a pessoa responsável pela família estava
desempregada no período de coleta da pesquisa.
De acordo com os
pesquisadores, as evidências "revelam um preocupante agravamento da
insegurança alimentar em um contingente expressivo da população brasileira,
iniciado pela crise econômica e desestruturação de políticas públicas
nacionais, desde 2016, e acentuado pela pandemia de Covid-19, que continuava a
se propagar".
Diante da crise sanitária que
assolou o país a partir do início de 2020, o agravamento da situação de
insegurança alimentar a citado como fruto das dificuldades de recomposição das
rendas do trabalho em emprego formal ou informal, de retomada de negócios e de
atividades produtivas, em particular no meio rural.
O estudo cita ainda a
persistência de "opções governamentais negligentes, pautadas pelo falso
dilema entre economia e saúde" como um dos agravantes para a evolução da
fome no Brasil ao longo do último ano.
Norte
Na análise entre as regiões,
as situações mais delicadas são encontradas no Norte e no Nordeste, que têm,
respectivamente, 25,7% e 21% da população em situação de insegurança alimentar
grave. Nas regiões Sul (9,9%), Sudeste (13,1%) e Centro-Oeste (11,7%), o nível
não alcança os 15%, média nacional. "Embora os números indiquem a
precarização das condições alimentares para o conjunto do país, os traços do
empobrecimento e das estratégias de sobrevivência das famílias se manifestam
desigualmente entre as regiões", destaca a pesquisa.
O agravamento da situação é
também assolador pelas famílias afetadas pela combinação de falta de alimentos
e insegurança hídrica, sem elementos mais vitais da existência humana. Segundo
o estudo, 42% dos lares que enfrentam a situação estão também sujeitas à fome.
A pesquisa, intitulada
Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 no Brasil, foi coordenada pela Rede PENSSAN (Rede Brasileira de
Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executada pelo Instituto
Vox Populi.
Fonte: R7