Operação policial na EGR: ex-diretor e ex-supervisor são presos
(Entrevista coletiva em Porto Alegre detalhou apuração de supostas irregularidades | Foto: Alina Souza / CP)
Cerca
de R$ 25 milhões dos R$ 89 milhões recebidos desde 2019 pelas empresas,
licitadas para cuidar das 12 praças de pedágio, teriam sobrefaturamento e
sobrepreço, segundo a Polícia Civil.
A investigação sobre supostas irregularidades
em contratos de manutenção das 12 praças de pedágio da Empresa Gaúcha de
Rodovias (EGR) entra agora em uma segunda fase, após a deflagração na manhã
desta terça-feira da operação da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor)
do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil,
coordenada pelo delegado Max Otto Ritter. Desde 2019, as empresas contratadas
para fins de arrecadação de pedágios nas estradas estaduais teriam recebido
cerca de R$ 89 milhões. Conforme o delegado Max Otto Ritter, em torno de R$ 25
milhões “pelo menos seriam superfaturamento, sobrepreço...”.
O
diretor da Divisão Estadual de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do
Deic, delegado Marcus Viafore, explicou que a nova etapa do trabalho investigativo
prevê a análise do material apreendido. Documentos, mídias, telefones celulares
foram recolhidos na ação, além de uma arma de fogo sem registro e em torno de 20
mil dólares norte-americanos.
“Esta
operação demonstra a eficiência do trabalho investigativo...Os bons resultados
obtidos se devem ao trabalho em parceria com outras instituições”, frisou,
citando como exemplo as participações do Ministério Público do Rio Grande do
Sul (MPRS) e da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE). “Teremos mais
passos”, assegurou.
Em
entrevista coletiva à imprensa nesta manhã na sede do Deic, na Capital, o
delegado Max Otto Ritter destacou a importância de “coibir práticas criminosas
no âmbito da administração pública, nos processos licitatórios…”.
“É o
que investigamos no presente inquérito policial. Quais são os crimes? São
crimes contra administração pública, corrupção ativa e passiva, crimes
licitatórios com o direcionamento ao mesmo grupo empresarial, suspeita de
formação de cartel, superfaturamento, sobrepreços em contratos envolvendo as
praças de pedágios e associação criminosa”, afirmou. O titular da 1ª Decor
citou ainda supostos atos de improbidade administrativa.
Na
operação foram presos o ex-diretor-presidente da EGR, Marcelo Gazen, que atuou
no período entre abril de 2021 e janeiro de 2022, e o ex-supervisor executivo
da estatal, Cleber Domingues, atualmente lotado na Secretaria Estadual de
Logística e Transportes.
O
advogado Rafael Ariza, que defende o ex-presidente da estatal, divulgou uma
nota oficial. “O Sr Marcelo Gazen até o momento não foi ouvido, mas esclarecerá
todos os fatos que estão sob investigação, tão logo seja oportunizado. Sempre
esteve à disposição para qualquer esclarecimento de fatos relacionados a sua
gestão, frente a EGR, que foram pautados pela mais absoluta legalidade. Há
claros equívocos e interesses diversos na narrativa que aportou à polícia,
através de terceiros, que serão devidamente esclarecidos”, manifestou-se no
comunicado.
“A
prisão temporária é indispensável”, justificou o delegado Marcus Viafore,
referindo-se à preservação de eventuais provas obtidas durante as diligências.
A
equipe da 1ª Decor apurou que um processo licitatório em andamento foi revogado
e teria beneficiado diretamente as mesmas empresas que já estavam contratadas
desde 2019. Um dos objetivos dos policiais civis é identificar o motivo da
revogação dessa licitação e esclarecer as razões pelas quais o
ex-diretor-presidente da EGR teria determinado a suspensão e posterior
revogação da licitação que já estava em andamento.
Estão
sendo verificados supostos favorecimentos de empresas pela antiga gestão da EGR
e que envolvem todas as 12 praças de pedágio mantidas pela estatal. Os
policiais civis teriam descoberto a suposta existência de um “escritório
paralelo”, que teria beneficiado as empresas prestadoras de serviços com contratos
de manutenção nessas 12 praças de pedágio.
Na
ação com o MPRS, os policiais civis cumpriram dois mandados de prisões
temporárias e outros oito mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e São
Leopoldo. As sedes da EGR e da Secretaria Estadual de Logística e Transportes,
além de residências e empresas dos investigados, foram os alvos das ordens
judiciais.
A EGR
divulgou uma nota oficial. "A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) informa que
está colaborando totalmente com o Ministério Público Estadual, com a Polícia
Civil para a elucidação dos fatos apontados em operação deflagrada na manhã
desta terça-feira (14). A atual gestão da EGR reforça seu compromisso com a
transparência e destaca que todos os serviços oferecidos aos usuários das
rodovias seguem em pleno funcionamento, sem qualquer interrupção",
comunicou.
Fonte: Correio do Povo