José Mauro Coelho pede demissão da presidência da Petrobras
(José
Mauro Coelho pede demissão da presidência da Petrobras | Foto: Valter
Campanato/Agência Brasil)
O presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, pediu demissão do cargo na manhã desta segunda-feira (20). Em nota, a estatal divulgou que "a nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora".
José
Mauro havia tomado posse no dia 14 de abril deste ano. À época, argumentou que
a redução da dívida bruta da estatal, em pouco menos de R$ 60 bilhões, abria
espaço para investimentos e que havia a intenção de reduzir os custos de
extração de petróleo, com o objetivo de aumentar a produtividade.
Coelho
substituiu o general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair
Bolsonaro o fim de março. Na ocasião, Bolsonaro chegou a dizer que o comando da
estatal precisava de "alguém mais profissional". Após a decisão, o
militar defendeu a gestão à frente da estatal e as decisões adotadas, alvo de
críticas por parte do governo em razão dos sucessivos repasses de aumentos no
preço dos combustíveis ao consumidor.
José Mauro
defendeu o PPI
José
Mauro Ferreira Coelho foi presidente do Conselho de Administração da Pré-Sal
Petróleo e ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do
Ministério de Minas e Energia. Ele é ainda ex-oficial de Artilharia do Exército
Brasileiro. O indicado é graduado em química industrial pelas Faculdades
Reunidas Professor Nuno Lisboa, mestre em engenharia dos materiais pelo
Instituto Militar de Engenharia e doutor em planejamento energético pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em
entrevista à TV Brasil, em agosto de 2021, Coelho defendeu a prática de Preços
de Paridade de Importação, o PPI, e também se candidatou a deputado estadual
pelo PSDB no Rio de Janeiro em 2006, mas obteve 1.437 votos (0,018%) e não foi
eleito. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, ele usava o nome de
"Prof. José Mauro" no pleito eleitoral.
Críticas
A
saída de Coelho ocorre em um momento de crise da estatal com os poderes
Executivo e Legislativo. Após a divulgação do último aumento na gasolina e no
diesel, o presidente Jair Bolsonaro intensificou o discurso contra a política
de preços da Petrobras.
"É
inadmissível, com uma crise mundial, a Petrobras se gabar dos lucros que tem.
Só no primeiro trimestre, foram 44 bilhões de lucro — nunca visto na história.
[...] E na Lei das Estatais está escrito que essas empresas têm que ter também
um fim social. Ninguém quer interferir nos preços, mas esse spread, esse lucro
abusivo — a diretoria, seus conselheiros, seu presidente poderiam
resolver", disse Bolsonaro.
Além
disso, a criação de uma CPI foi defendida por Bolsonaro de forma imediata. O
chefe do Executivo disse que acertou a instauração do órgão com o presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e com o líder do governo na casa,
Ricardo Barros (PP-PR).
Lira
também não aliviou no discurso contra a Petrobras. Ele afirmou que "chegou
a hora de tirar a máscara" da empresa. Segundo o parlamentar, a Petrobras
"não pode ser estatal quando lhe convém e privada nos lucros
astronômicos". Ele defendeu a divulgação de detalhes sobre o funcionamento
da empresa e a atuação dos seus funcionários.
Fonte: R7 e Correio do Povo