UFFS lança Observatório Regional de Economia, Energia e Meio Ambiente

(Créditos da imagem anexa: Divulgação)

Projeto disponibiliza boletins regulares com informações sobre economia, energia e meio ambiente.

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim realiza, no dia 20 de julho, às 14h, a solenidade de lançamento do Observatório Regional de Economia, Energia e Meio Ambiente (Regional Observatory of Economy, Energy and Environment – ROEEE). O Observatório é um projeto de extensão que consiste em prospectar e disponibilizar informações sobre economia, energia e meio ambiente em formato de boletins regulares. O evento é aberto à comunidade acadêmica e regional e será realizado no Auditório do Bloco B.

A motivação para a criação do ROEEE surgiu dos principais desafios da humanidade em reconhecer estratégias de crescimento sustentável que equilibre o progresso econômico e social com a preservação ambiental. A sistematização de dados secundários para a produção de indicadores regionais subsidiará, eventualmente, essa perspectiva, assim como a formação e a avaliação de políticas climáticas e de desenvolvimento sustentável.

O Observatório, coordenado pelo professor José Martins dos Santos, produz boletins regulares de conjuntura econômica, boletins do mercado e consumo de combustíveis fósseis, consumo de água e de energia elétrica, com estimativas do potencial de atividade econômica, criação de indicadores ambientais como, por exemplo, emissão de gases do efeito estufa, saneamento municipal, pegada ecológica e observatório do som. Os boletins são publicados no site https://roeee-er.uffs.edu.br/. A ideia é promover, também, eventos culturais integradores para os acadêmicos da UFFS e organizações regionais, com debates acerca das mudanças climáticas, da relação sociedade-natureza e de ações sustentáveis.

No momento, o ROEEE está publicando o Boletim de Conjuntura: Mercado de Combustíveis, conforme a consolidação metodológica e disponibilidade de dados. As informações auxiliam a melhorar o nível de consciência ecológica, no sentindo de fazer a sociedade compreender que estamos todos no limite para uma mudança, em direção à transição sustentável, ou seja, que não podemos mais ignorar as evidências científicas e os sinais de alertas da natureza, expressos em crise climática, eventos extremos e escassez. Além disso, a sensibilidade ambiental auxilia os agentes públicos e privados em políticas de mitigação e adaptação aos cenários.

Estão envolvidos no Observatório os cursos de Licenciatura em Pedagogia, História, Filosofia e Ciências Sociais, professores e um técnico-administrativo do Campus Erechim, um professor do Campus Chapecó, um professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um bolsista e um estagiário. O ROEEE possui quatro entidades parceiras: UFSC, Cresol Base AU, Creral e Obra Santa Marta. Contudo, é a UFFS que produz todos os boletins.

Coordenado pelo professor José Martins dos Santos, o ROEEE possui relações diretas com o ensino, pesquisa, extensão e cultura, pois o esforço de coleta e produção de indicadores sobre a região colabora com estudos científicos em áreas relacionadas à economia do meio ambiente, da energia, e mesmo em áreas correlatas. A conexão com a cultura ocorre pelo incentivo à proteção e preservação da natureza, sonegada desde a Revolução Industrial. No ensino, dialoga diretamente com as áreas de ciências humanas, ambientais, sociais aplicadas e ciências da natureza. Conforme José Martins, “são interações que propiciam, aos acadêmicos da Universidade, iniciativas sustentáveis inovadoras e eficientes no uso de recursos naturais, beneficiando-os continuamente como bolsistas ou mesmo com horas de extensão, previstas no plano de curricularização da extensão”.

Boletim do primeiro trimestre de 2022 já está disponível

O Observatório publicou recentemente a 7ª edição do boletim dos combustíveis fósseis do primeiro trimestre de 2022, incluindo os produtos gasolina comum, óleo diesel, gás GLP (botijão de 13 kg) e etanol hidratado. O método de análise deste boletim está focado em preços médios, variações percentuais, composição tributária, mudança cambial, preço internacional do barril de petróleo e nível de

concorrência no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Erechim. Os demais boletins estão ainda em fase de prospecção.

O relatório destaca a crise dos combustíveis fósseis deflagrada pela política de precificação da Petrobras, chamada Paridade de Preço Internacional (PPI), instituída em outubro de 2016. A PPI adotou como parâmetro para reajustes nos preços dos combustíveis a paridade do mercado internacional, parametrizada pela variação da taxa de câmbio, preço internacional do barril de petróleo, custos de fretes externos, custos de transportes, taxas portuárias, preço de estadia nos portos e taxa de lucro.

- O cenário expõe quão vulneráveis e dependentes estamos em relação às oscilações da taxa de câmbio e do preço do petróleo no mercado externo, pois, de acordo com a PPI, os preços são reajustados mediante tais mudanças. A política de precificação visa maximizar os lucros da Petrobras e os dividendos dos acionistas, gerando, contudo, passivos socioambientais, refletidos nos níveis de emissões de CO2, inflação e redução do poder de compra da população – diz o professor que coordenou o estudo.

No período analisado, a gasolina comum foi comercializada ao preço médio de R$ 6,11 a R$ 7,6 no Brasil, R$ 6,53 no Rio Grande do Sul e R$ 6,66 em Erechim. Já o etanol hidratado flutuou de R$ 4,58 a R$ 6,28 no Brasil, R$ 6,22 no Rio Grande do Sul e R$ 6,35 em Erechim, o que ocorreu também com o óleo diesel, vendido no Brasil ao preço médio de R$ 5,94 a R$ 7,26, R$ 5,67 no Rio Grande do Sul e R$ 5,79 em Erechim. O gás de cozinha também seguiu alta de preço, ante os preços médios de R$ 79,90, R$ 76,85 e R$ 80,26, referentes a 2021. Em março de 2022, o produto foi ofertado no Brasil ao preço médio de R$ 98,63 a R$ 129,57, R$ 104,45 no Rio Grande do Sul e R$ 116,79 em Erechim. Isso ajudou a aumentar a inflação em 1,62%, acumulando 11,3% em março de 2022, sendo o custo com transporte o mais impactante, 21,8% no período.

O preço dos combustíveis afetou substancialmente o valor da cesta básica no Brasil. Comparada ao 1º trimestre de 2016, em 2021 e 2022 houve aumento de 42,8% e 64,1%, ou seja, no período, o custo da cesta básica passou de R$ 388,78 para R$ 552,40, no 1º trimestre de 2021, e para R$ 634,84, em 2022 (média do 1º trimestre). A variação nos preços dos combustíveis aumentou a proporção do salário mínimo para adquirir a cesta básica, que passou de 31,91%, em março de 2016, para 44,47%, em 2021, e para 54,18%, em março de 2022, não obstante uma queda de 9,02% na renda média.

- A paridade de preço internacional submete a população brasileira a preço de monopólio privado e impede a busca por alternativas energéticas, como, por exemplo, energia limpa e políticas substitutivas de importação para suprir a dependência externa. Portanto, ainda que os preços do petróleo diminuam ou mesmo permaneçam constantes, os custos de importação aumentam os preços internos toda vez que a moeda se deprecia e os custos da desvalorização cambial são repassados aos preços pagos pelos brasileiros, caso da gasolina comum, do óleo diesel, do gás GLP e outros – analisa o docente da UFFS.

O mercado de combustíveis no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Erechim opera com baixa concorrência, porém, no limite da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O documento ressalta, por fim, que a estrutura de composição de preços finais, ancorada na PPI, não permite margem para reduzir os preços, tratando-se, portanto, de uma questão de política econômica tanto conjuntural quanto estrutural. No curto prazo, os reajustes de preços continuarão afetando a inflação e o poder de compra da população, induzindo a um ciclo de aumento da taxa Selic. No médio prazo, entretanto, há a necessidade de replanejamento do setor de combustíveis no Brasil, pois os tributos são apenas acessórios aos preços gerados pela PPI.

Fonte: Wagner Lenhardt Jornalista Assessoria de Comunicação (Ascom)

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