Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

(Foto: Juliane Sauter Dalbem Neuropediatra Professora do Curso de Medicina da URI Erechim)

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o transtorno do neurodesenvolvimento mais comum na infância. Acomete cerca de 3 a 5% da população pediátrica e 2,5% da população adulta, sendo caracterizado clinicamente por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

A primeira descrição do transtorno em um jornal médico foi realizada, em 1902, pelo pediatra George Still. As causas do TDAH ainda não estão completamente esclarecidas. São citados fatores genéticos e alguns fatores ambientais como baixo peso ao nascer, prematuridade, eclâmpsia, tabagismo na gestação e uso de álcool intraútero. Estudos mostram que pais com diagnóstico de TDAH apresentam risco duas a oito vezes maior de que seus filhos apresentem os sintomas.

A característica essencial do TDHA é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento do indivíduo. Existem três apresentações do transtorno, ou seja, podemos ter apenas os sintomas da desatenção, apenas os sintomas de hiperatividade/impulsividade ou a apresentação combinada, na qual observamos tanto os sintomas da desatenção como da hiperatividade/impulsividade.  

Algumas características são importantes para o diagnóstico, tais como: início antes dos 12 anos, presença das características em mais de um ambiente que a criança frequenta (por exemplo, na escola, em casa ou nos locais destinados ao lazer). Os sintomas costumam ser identificados na escola, sendo a hiperatividade o sintoma mais evidente na educação infantil e a desatenção o mais relatado nos anos do ensino fundamental, levando a prejuízos acadêmicos.

As características observadas com maior frequência em relação a desatenção são: não prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em atividades escolares ou de  trabalho; dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não ouvir quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar seus deveres escolares ou rotinas domésticas; dificuldade para organizar tarefas e atividades; evitar, antipatizar ou relutar a se envolver em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa); perder coisas necessárias para tarefas ou atividades (brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais); distrair-se facilmente por estímulos alheios às tarefas e esquecimento em atividades diárias.

Estas dificuldades ficam mais evidentes em situações que requerem atenção por longos períodos e durante a realização de tarefas repetitivas, como ocorre na escola. As características da hiperatividade/impulsividade mais relatadas são a agitação das mãos ou dos pés ou se remexer ao estar sentado; abandonar sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; correr ou escalar em situações nas quais isso é inapropriado; dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; estar frequentemente “a mil” ou, muitas vezes, agir como se estivesse “a todo vapor”; responder precipitadamente antes das perguntas terem sido completadas; dificuldade para aguardar sua vez; interromper ou se intrometer em assuntos de outros (por exemplo, intromete-se em conversas ou brincadeiras) e, frequentemente, falar em demasia.

O diagnóstico é clínico, feito por um médico especialista, sendo baseado em critérios definidos pela Associação Americana de Psiquiatria, sem a necessidade de exames como tomografia, ressonância magnética ou eletroencefalograma. Em alguns casos será solicitada uma avaliação neuropsicológica da criança.

O tratamento é multiprofissional e baseado na orientação aos pais, participação da escola, acompanhamento psicológico e psicopedagógico associado ao uso de medicações específicas.

O TDAH não tratado acarreta inúmeras consequências ao longo da vida, como prejuízo acadêmico, maiores taxas de evasão escolar, menores taxas de escolarização, rejeição social e, nos adultos, pior desempenho profissional, abandono intencional de empregos, maior probabilidade de desemprego e  altos níveis de conflito interpessoal.

O diagnóstico e o tratamento precoce são responsáveis por uma boa evolução dos indivíduos com TDAH, porém, ainda nos deparamos com resistência e preconceito ao seu tratamento. É primordial o esclarecimento sobre o assunto gerando segurança para a família e, consequentemente, uma boa evolução. Consultar um neuropediatra, neurologista ou psiquiatra de sua confiança pode favorecer o processo de esclarecimento do diagnóstico e a realização do tratamento.

Fonte: Setor de Comunicação URI Erechim


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