A Voz da Diocese – Sínodo e Sinodalidade – Organismo e forma de ser da Igreja
Por
Sínodo, entende-se encontros eclesiais, assembleias de Bispos. Sinodalidade
expressa forma de ser da própria Igreja. A palavra Sínodo significa caminhar juntos,
caminhada conjunta. Sinodalidade expressa o processo participativo na Igreja, a
caminhada conjunta do povo de Deus na fé, na esperança, na caridade. O Sínodo
como Organismo da Igreja tem suas assembleias. Mas a sinodalidade é da natureza
permanente da Igreja.
O
documento do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre “O Múnus Pastoral dos Bispos
na Igreja”, de 28 de outubro de 1965, em seu número 5, prevê o Sínodo Episcopal
como um Conselho formado por Bispos de diversas regiões conforme critérios
estabelecidos pelo Papa para prestar-lhe ajuda mais válida” na condução da
Igreja. Antes mesmo da promulgação do referido documento conciliar, Papa Paulo
VI, a partir do que se refletia nas reuniões dos Bispos no Concílio, em
documento de 15 de setembro daquele ano, instituiu o Sínodo dos Bispos como um
Conselho representativo de todo o Episcopado católico para a referida
finalidade.
Em
2015, nos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos, Papa Francisco expressou
desejo de torná-lo um caminho comum de leigos, pastores e do Bispo de Roma,
fortalecendo suas assembleias com descentralização do mesmo, no espírito de
unidade na pluralidade. Para ele, o Sínodo é “uma das heranças mais preciosas
do Concílio Vaticano II”. Na perspectiva de ser Igreja em saída, em estado permanente
de missão, o Sínodo dos Bispos tem papel relevante na evangelização do mundo
atual. Para o subsecretário do Sínodo dos Bispos, a sinodalidade, o caminhar
juntos, é o desafio e a esperança da Igreja neste terceiro milênio: “É um modo
de ser Igreja e uma profecia para o mundo de hoje”.
Desde sua instituição, o Sínodo, como
organismo da Igreja, realizou 15 assembleias gerais ordinárias, 3 assembleias
extraordinárias e 11 assembleias especiais. A última ordinária foi em 2018 com
o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. A terceira geral
extraordinária foi em 2014 sobre “Os desafios pastorais da família no contexto
da evangelização”. A última especial foi a Panamazônica, em 2019, sobre:
“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
As assembleias reúnem bispos
representantes de todas as conferências episcopais ou só do país ou região
específica e outros convocados pelo Papa, com direito a voz e voto, como também
peritos e assessores com direito a voz e não a voto. Cada uma tem um
instrumento de consulta para sua preparação e um documento de trabalho para sua
realização. A partir do relatório geral de cada assembleia, o Papa redige um
documento chamado exortação apostólica sobre o assunto tratado.
A décima sexta assembleia geral
ordinária foi convocada pelo Papa Francisco em fevereiro do ano passado e está
tendo um processo mais amplo de participação, com uma fase diocesana, uma
continental e a própria assembleia em outubro de 2023, sobre “Sinodalidade:
Comunhão, Participação e Missão”. Ela teve abertura em nível universal pelo
Papa no dia 10 de outubro passado. No dia 17 do mesmo mês, cada bispo fez a
abertura em nível diocesano. Até julho deste ano, a partir de um roteiro, cada
diocese devia apresentar uma síntese de 10 páginas à Conferência Episcopal de
seu país. O Organismo dos Bispos de cada Continente fará o resumo das
respectivas conferências episcopais. A partir destas contribuições, a
Secretaria Geral elaborará o instrumento de trabalho para a assembleia dos
bispos a serem convocados pelo Papa para a mencionada assembleia.
Este
processo mais amplo desta assembleia sinodal visa tornar possível uma
verdadeira escuta do povo de Deus, da totalidade dos batizados. Para uma
religiosa também subsecretária do Sínodo, “uma Igreja sinodal é uma Igreja da
escuta”. Podemos dizer, da escuta do que o Espirito tem a dizer à Igreja e do
que cada membro seu queira manifestar.
Pe. Antonio Valentini Neto, a serviço no Centro Diocesano de
Administração e Pastoral.