Missa da noite do 3º dia da Novena de Fátima
Missa
da noite do terceiro dia da Novena de Fátima ressalta a lógica de Deus no mundo
do trabalho
No dia das eleições no Brasil, o terceiro dia da novena de Fátima propôs aos devotos de Maria “caminhar juntos no mundo do trabalho”.
A
procissão e a missa da noite estiveram a cargo da Área Pastoral de São
Valentim, com a presidência do Pe. Alvise Follador, Pároco daquela Paróquia. O
Bispo Dom Adimir Antonio Mazali participou da procissão da Catedral ao
Santuário. Nas noites anteriores não participou por outros compromissos. Como
não poderá participar em outras noites. No final da missa, ele dirigiu mensagem
aos participantes presenciais e virtuais da celebração, acentuando aspectos
abordados em sua mensagem dominical Voz da Diocese, a retomada dos mandamentos
da Igreja, especialmente o da missa dominical aos domingos e dias santos.
Acentuou a necessidade e o compromisso do cristão participar ativamente de sua
comunidade.
No início da homilia, Pe. Alvise ressaltou que Maria estava reunindo a todos para caminhar juntos até seu Filho Jesus e certamente ajudou a todos a exercerem sua cidadania, com responsabilidade, participando nas eleições. Depois, no enfoque do dia e à luz da leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses sobre a importância e a necessidade do trabalho para ser ter o alimento e do Evangelho da Parábola dos trabalhadores convidados a trabalhar na vinha em diferentes momentos do dia com pagamento igual para todos, Ele explicitou pistas para a compreensão deste ensinamento de Jesus observando que a lógica de Deus é diferente da perspectiva econômica. Ele não retribui pelo tempo trabalhado, mas pela necessidade de sobrevivência dos trabalhadores. Olhando a parábola pela lógica econômica, é evidente que ela é estranha, fora do normal. Mas esta não é a intenção de Jesus. Ela é controversa sim, bem como as muitas atitudes de Jesus com os pecadores, publicanos, enfermos, pagãos, crianças, mulheres, enfim, com todos os considerados impuros da sociedade. Mas Jesus está falando das coisas do Pai e do seu Reino. Só assim entendemos a lógica do gesto de bondade e gratuidade do dono da vinha. Jesus desafia seus ouvintes a sintonizar com este modo original e gratuito de Deus. Este amor absoluto e gratuito é coisa de Deus. Isto também impacta e contrasta com o sistema religioso do Templo, no tempo de Jesus, que centrava a prática religiosa no mérito e no pagamento. A Salvação era um mercado de compra e de venda. Contrariando este princípio, Jesus revela um Deus que não contabiliza rendimentos e lucros. A Salvação é dom gratuito de Deus. Tanto os últimos como os primeiros são objeto de seu amor, de sua misericórdia e da salvação. O denário, a moeda de prata é o amor total de Deus.
Íntegra
da homilia do Pe. Alvise
Estimados
romeiras e romeiros, devotos de Nossa Senhora de Fátima
Como
Povo de Deus peregrino, com Maria, caminhamos juntos com aquela que nos leva
até seu Filho Jesus. Ela O levou, ainda no ventre, ao encontro de sua prima
Izabel. Hoje nos mostra Jesus para que possamos levá-lo aos irmãos e irmãs,
especialmente no contexto do mundo do trabalho. “Mostra-nos Jesus, ó Mãe do
puro amor”, nos diz a canção. Creio que ela também tenha levado e ajudado a
todos os brasileiros(as) a exercerem sua cidadania, com responsabilidade,
participando, com seu voto, das eleições no dia de hoje.
Caminhar
juntos no ambiente de trabalho, tema deste terceiro dia de nossa novena, nos
remete à parábola de hoje, “ide também vós trabalhar na minha vinha”. Se esta
exortação está associada ao Senhor que contrata trabalhadores para sua vinha,
em vários momentos do dia, e no final do dia manda o administrador pagar a
mesma quantia a todos, com certeza está associada ao que Jesus quer ensinar
quando fala de Deus Pai e do seu Reino. Para começar a entender esta parábola,
diria que jamais devemos desvirtuar a bondade e o amor de Deus. No Reino de
Deus não deve existir marginalizados e nem ciumentos, pois o Reino de Deus é um
dom e um mistério insondável. Ainda no contexto da parábola de hoje observemos
que o trabalho foi muito desigual. Uns
trabalharam desde as primeiras horas do dia e outros somente no final da
jornada. Mas todos receberam a mesma
paga. Diante do protesto de um dos primeiros, que foram tratados igual aos
últimos, o Senhor responde: “Não lhe paguei o combinado? Ou você está com ciúme
porque estou sendo generoso?” Como entender este Senhor que não trata, não paga
pelos méritos, mas pelas necessidades? Isto também nos remete à primeira
leitura do livro do Deuteronômio, 24, 14-15: “Não explore um assalariado pobre
e necessitado…pague-lhe o salário de cada dia...porque ele é pobre e sua vida
depende disso...”
Lembrem-se
de que, como esta Parábola da Vinha, todas as parábolas de Jesus têm um sentido,
um relato provocativo, intrigante, não conclusivo, dialogal e que de alguma
forma envolve os ouvintes. Jesus em suas parábolas parte das realidades da
vida, do cotidiano das pessoas e, para quem está disposto a escutar, Ele revela
uma pedagogia, um jeito novo, diferente, possível de ver, pensar e questionar o
mundo e suas realidades.
É
claro, evidente que se olharmos esta parábola pela lógica econômica, das
relações trabalhistas, ela é estranha, fora do normal. Mas esta não é a
intenção de Jesus. Ela é controversa
sim, bem como as muitas atitudes de Jesus com os pecadores, publicanos,
enfermos, pagãos, crianças, mulheres, enfim, com todos os considerados impuros
da sociedade. Mas Jesus está falando das coisas do Pai e do seu Reino. Assim
começa a parábola de hoje: “De fato o Reino do Céu é como um patrão, que saiu
de madrugada para contratar trabalhadores para sua vinha...” Só assim
entendemos a lógica do gesto de bondade e gratuidade do dono da vinha. Ele
manda seu administrador pagar a mesma quantia a todos os trabalhadores, mesmo
os que foram chamados em diferentes horários do dia, para trabalhar. Mais uma
vez lembro, o patrão não leva em consideração o mérito de cada um, mas suas
necessidades.
Esta
é, segundo Jesus, a lógica de Deus e de seu Reino. Jesus desafia seus ouvintes
a sintonizar com este modo original e gratuito de Deus. Este amor absoluto e
gratuito é coisa de Deus. Isto também impacta e contrasta com o sistema
religioso do Templo, no tempo de Jesus, que centrava a prática religiosa no
mérito e no pagamento. A Salvação era um mercado de compra e de venda.
Contrariando este princípio, Jesus revela um Deus que não contabiliza
rendimentos e lucros. A Salvação é dom gratuito de Deus. Tanto os últimos como
os primeiros são objeto de seu amor, de sua misericórdia e da salvação. “Ainda
hoje estarás comigo no paraíso” disse Jesus ao ladrão arrependido, junto à
cruz.
Como
entender Deus e seu Reino a partir desta lógica, desta realidade? Como entender
que não podemos “comprar” a salvação? Como fazer este caminho?
Como,
a exemplo de Maria, ir ao encontro de Jesus e sentir-se, saber-se filho(a)
amado do Pai e comprometer-se com seu Reino? Uns compreendem no amanhecer, na
primeira hora, outros ao meio dia e outros no cair da tarde. Mas, ao anoitecer,
todos receberão o mesmo pelo esforço, pela entrega e sua confiança em Deus. O
denário, a moeda de prata é o amor total de Deus. Este não pode ser
fragmentado, dividido. O amor de Deus não se fraciona como o dinheiro. Ele é
total. Este valor não está no banco, nas cotações na bolsa de valores, no FMI
ou nos paraísos fiscais. Este denário é cotado no coração humano. Quem
compreende seu valor vai compartilhá-lo com todos, especialmente com os que
vieram no cair da tarde. Para Jesus estes foram os primeiros a serem pagos, ou seja,
os primeiros a serem amados, ajudados, dignificados. Estes são os excluídos de
nossa sociedade que precisamos amar e ajudar, especialmente no mundo, nas
relações do trabalho. Tenha certeza que esta é uma moeda aceita por todos. Ela
nunca perde seu valor. Quanto mais você dá, mais você vai ter.
Não
desvirtuemos a bondade e o amor de Deus.
Fonte:
Pe Antonio Valentini Neto – Chanceler Diocesano