Marido recebe rim da esposa em transplante no Hospital Moinhos de Vento
(Crédito fotos: Divulgação Hospital
Moinhos de Vento)
Transplante
intervivos proporcionou maior qualidade de vida ao advogado aposentado, de 57
anos
A
promessa do juntos na saúde e na doença foi levada ao pé da letra pelo casal
Gelson Luis Pires, de 57 anos, e sua esposa Rejane Maria Fresee Pires, de 55.
Em tratamento conservador em função de problema nos rins desde os 30 anos, há
quatro anos o advogado aposentado fazia diálise, mas o tratamento já não estava
dando a resposta que precisava. E foi na esposa Rejane que ele encontrou a
doadora compatível.
Com
uma biópsia inconclusiva da condição de seus rins, Pires já estava com
problemas no coração (coração grande) em função da pressão alta, além de sofrer
com a bipolaridade. “Eu ficava angustiado já no domingo porque na segunda
precisava fazer a diálise”, relata. Foi um amigo que indicou o nefrologista do
Hospital Moinhos de Vento, David Saitovitch, especialista responsável pelo
transplante. “Foi um milagre, deu tudo certo. Os médicos dizem que foi melhor
do que o esperado”, comemora. Pai de duas filhas, Victoria, de 27, e Manuela,
de 16, hoje o morador de Porto Alegre já pode fazer coisas que antes não
conseguia mais fazer. “Eu nem me concentrava mais na leitura, agora tenho muito
mais atividade”, revela.
Com
a sorte de encontrar na esposa o rim compatível, o advogado aposentado
conscientiza sobre a importância da doação de órgãos. “As famílias devem
aceitar a retirada dos órgãos, é uma forma de permitir que a vida do familiar
continue. É uma missão além da vida. O sofrimento das pessoas que fazem diálise
é muito grande. A pessoa enfraquece muito, muda até o modo de caminhar”, contou.
O transplante é um dos tratamentos para a doença renal crônica e no caso de Pires, ele agora não faz mais hemodiálise e garante a sobrevida, mas segue realizando terapias complementares.
O
transplante
O
procedimento ocorreu no início de dezembro, no Hospital Moinhos de Vento. Desde
2019, a instituição hospitalar já realizou dois transplantes de doador vivo e
outros três de órgãos de pessoas falecidas. O nefrologista David Saitovitch
destaca a evolução na retirada do órgão em doador vivo. “Hoje, a retirada é
feita por videolaparoscopia, uma técnica minimamente invasiva. Antigamente, era
necessário fazer uma grande incisão abaixo da costela do doador”, revela. Até o
fim de 2023, a expectativa do especialista é que a intervenção ocorra por
robótica. “As equipes estão se especializando para a técnica”, afirma.
Saitovitch
lembra que a diálise é um procedimento restritivo para a vida do paciente. “É
preciso ir ao hospital três vezes por semana - a liberdade de ir e vir, como
por exemplo viajar, fica mais limitada..” Com o transplante, Pires está com sua
função normalizada, livre do procedimento.
A
exemplo da grande maioria dos pacientes, ele tinha os dois rins, só que
atrofiados e que não cumpriam mais a sua função. “Nós não tiramos os rins
atrofiados, colocamos o rim transplantado na fossa ilíaca, uma região de fácil
acesso, já que os rins se encontram escondidos, em uma região de difícil
acesso”, observou.
A
importância da doação
Saitovitch
acredita que, muitas vezes, as famílias acabam não aprovando a doação de órgãos
porque não entendem o processo. “A doação só acontece quando temos a morte
cerebral, que é sinônimo de morte”, revela, lembrando a lista de espera de
pacientes que aguardam uma doação. “Ainda temos muito para melhorar nos
índices, mas seguimos com campanhas de conscientização”, conclui, destacando a
importância do ato.
Por Suzy Scarton Consultora de Comunicação da Critério