Voz da Diocese – Domingo 26.02.2023 – Campanha da Fraternidade com o Bispo Dom Adimir Mazali
(Foto: Divulgação FUNSAI – Fundação Nossa
Senhora Auxiliadora do Ipiranga)
Minha
saudação a todos que acompanham a Voz da Diocese. Celebramos o 1º Domingo da
Quaresma em preparação à Páscoa da Ressurreção do Senhor. A liturgia nos
convida a renovar nossa fé e acolher ativamente o Mistério Pascal de Cristo, a
fim de com Ele “vencer as tentações” que conduzem ao distanciamento de Deus e à
morte. O Tempo da Quaresma deve ser vivido no silêncio, na reflexão, na
sobriedade com o trato das coisas deste mundo e na profundidade da oração, que
nos leva ao verdadeiro encontro de comunhão com Deus e com o mistério da
salvação realizado por Jesus.
Prezados
irmãos e irmãs. Neste domingo queremos adentrar com Jesus no deserto, com o
intuito de fortalecer nossas decisões contra as ciladas das tentações que nos
levam à perdição, pois fomos criados Deus para a vida e não para a morte. A
Primeira Leitura nos narra a criação do homem e da mulher e tudo o que Deus
colocou a seu dispor. Deus foi generoso, mas o mal chegou ao ser humano e o
orgulho tomou conta de seus corações. A tentação venceu a graça e o pecado
entrou no mundo. O ser humano se distanciou de Deus. No entanto, Deus prometeu
a salvação a toda a humanidade e ao longo da história realizou muitas vezes
aliança com seu povo, culminando na nova e eterna aliança realizada pelo Seu
Filho Jesus Cristo.
Por
isso, nossa fé centra-se no mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus
que nos liberta do pecado e nos conduz à salvação. Desta forma, devemos agir
com gratidão e reconhecimento pela ação amorosa de Deus, cuja promessa é a
ressurreição e a vida eterna também a nós, seus filhos, por meio de Cristo,
“Nossa Páscoa”. Este convite à Vida Plena é expresso na Carta de São Paulo aos
Romanos: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de
modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido
através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos”
(Rm 5.15). Disso resulta: “onde se multiplicou o pecado, aí superabundou a
graça”.
Estimados
irmãos e irmãs. Que o tempo quaresmal, ora iniciado, proporcione-nos maior
intimidade com Cristo e sua graça, pela prática da oração e da penitência, do
jejum e da caridade. Da mesma forma que Jesus Cristo, Nosso Senhor, passou
quarenta dias no deserto, vencendo as tentações do prazer, do ter e do poder,
também nós poderemos sair vitoriosos diante das tentações que se nos abatem.
Para tanto, precisamos confiar inteiramente no Senhor, alimentando-nos com sua
Palavra e pela prática da piedade cristã, recordando as palavras do Evangelho,
que diz: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra da boca de Deus” (Mt
4,4).
Caríssimos
irmãos e irmãs. A reflexão da Campanha da Fraternidade, deste ano, com o tema:
“Fraternidade e Fome”; e o Lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16),
enriquecida pela Mensagem do Papa Francisco, o qual afirma: “Todos os anos, no
tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e
sincera conversão, redirecionando toda a nossa vida para Ele, que amou tanto o
mundo, que deu o seu Filho único, para que todos o que nele crer não pereça,
mas tenha a vida eterna (Jo 3,16). Ao preparar-nos para a celebração dessa
entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e no jejum, vividos
de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que nos ajudam a
colaborar com a ação do Espírito Santo, autor da nossa santificação. Com o
intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a
Campanha da Fraternidade deste ano propõe que voltemos nosso olhar para os
nossos irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. [...] A
indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vós mesmos de comer” ‹Mt
14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos — do
muito ou do pouco que temos — com os nossos irmãos que nem sequer tem com que
saciar a própria fome”. Continua o Papa: “É meu grande desejo que a reflexão
sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo
quaresmal leve não somente a ações concretas — sem dúvida, necessárias — que
venham de modo emergencial em auxílio dos irmãos mais necessitados, mas também
gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede
em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas
ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos
compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome”.
Assim
sendo, conclui o Papa Francisco: “Confiando estes votos aos cuidados de Nossa
Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as
iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado
a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial
àqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome, a Bênção
Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim”.
Caros
irmãos e irmãs, desejo a todos um frutuoso caminho de conversão e penitência
rumo à Páscoa. Bom domingo!
Dom
Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano
de Erechim – RS