A voz da Diocese – com o Bispo Dom Adimir Mazali – Domingo, 12
“Senhor,
dá-me dessa água”
Minha
saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Estamos vivendo a
Quaresma, tempo de reconciliação. O Apóstolo Paulo nos lembra: “Deixai-vos
reconciliar com Deus [...] É agora o momento favorável, é hoje o dia da
salvação” (2Cor 6,2). Portanto, é tempo de viver intensamente as práticas de
piedade que nos ajudam a viver mais próximos de Deus e dos irmãos.
Prezados
irmãos e irmãs. A Campanha da Fraternidade deste ano nos desafia para uma
realidade cada vez mais gritante ao nosso redor. Fruto da desigualdade social,
muitos de nossos irmãos e irmãs não têm uma vida digna e até mesmo a falta de
alimento para saciar a fome. Ela quer que tomemos consciência desta realidade e
aprendamos coisas muito simples, mas que expressam o agir de um coração que ama
e valoriza a vida como dom de Deus: saber partilhar do pouco que temos; saber
valorizar o que temos para que nada se perca; saber cuidar e valorizar a “casa
comum” que produz o que precisamos para viver.
O
Papa Francisco recorda-nos que a Misericórdia é o principal atributo de Deus,
do Deus de Jesus Cristo. O Deus revelado na Sagrada Escritura e, de modo
especial, revelado em Jesus Cristo é um Deus misericordioso. Como diz o livro
do Êxodo: é um “Deus de compaixão e de piedade, lento para a cólera e cheio de
amor e fidelidade” (Ex 34,6). Somos, portanto, chamados a nos espelhar no modo
de ser de Deus. Ser misericordioso é viver não só da razão, mas com o coração.
E a Campanha da Fraternidade convida-nos a colocar coração em nossas mãos e
saber partilhar o pão com quem tem fome, como disse Jesus: “Dai-lhes vós mesmos
de comer” (Mt 14,16).
Caríssimos
irmãos e irmãs. Na caminhada rumo à Páscoa do Senhor, chegamos ao Terceiro
Domingo da Quaresma. Pela escuta da Palavra de Deus sentimos que podemos dar um
passo novo na fé que recebemos no Batismo. A Liturgia da Palavra lembra-nos que
Deus é “o Rochedo que nos salva” (Sl 94,1). Por isso, o Salmo 94 diz: “Ao seu
encontro caminhemos com louvores e com cantos de alegria o celebremos [...].
Ele é o nosso Deus, nosso Pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as
ovelhas que conduz com sua mão” (Sl 94, 2.7). O “Deus dos hebreus” (Ex 3,18)
que, como um Pastor, caminhava com o povo, era a rocha da qual saiu água que os
israelitas foram convidados a beber. É desta Rocha (Ex 17,6) que sai “água
viva”, que sacia a sede de vida, de infinito e faz todos renovar suas forças
para prosseguir seu caminhar.
O
Evangelho apresenta o encontro de Jesus com a samaritana junto ao poço de Jacó.
Este poço era símbolo da Lei de Israel. Ir ao poço significava buscar a Lei
para orientar a vida. A presença de Jesus, junto ao poço, indica que, a partir
daquele momento em diante não deveriam mais beber daquela água, ou seja, da Lei
de Moisés, pois ela já estava superada. Jesus se apresenta como a fonte de
“água viva”, dizendo à mulher samaritana: “Todo aquele que bebe desta água terá
sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá
sede”, porque “a água que eu lhe der se tornará uma fonte de água que jorra
para a vida eterna” (Jo 4,13-14). A mulher, que não tem nome, representa toda a
humanidade, que tem sede de Deus. Por isso, ela disse a Jesus: “Senhor, dá-me
dessa água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 4,15).
Estimados
irmãos e irmãs. O Evangelho nos mostra que o diálogo de Jesus com a samaritana
junto ao poço a fez descobrir Jesus. Isto revela a importância do nosso
encontro com Jesus, no nosso poço, ou seja, na comunidade, na Igreja, para lá
fazer o que fez a samaritana, descobrir Jesus. Ao compreender que era Jesus que
estava conversando com ela, a samaritana fez a opção por ele, dizendo: “Senhor,
dá-me dessa água” (Jo 4,15) e, desse momento em diante, ela tornou-se
missionária de Jesus: “Deixou o cântaro e foi à cidade” (Jo 4,28) anunciar
Jesus e seu projeto aos habitantes.
A
pedagogia de Jesus foi de uma beleza inigualável: ele tornou aquela samaritana
discípula missionária. E ela acolheu a proposta de Jesus, tornando-se
missionária. É isto que Jesus quer de nós: que também nos tornemos seus
discípulos missionários. Portanto, que o nosso encontro com Jesus Ressuscitado
fortaleça nossa opção por Ele e nos desperte para a missão de anunciá-lo em
qualquer lugar onde nos encontramos.
Que
Deus abençoe a todos e um bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo
Diocesano de Erexim – RS