Com diversas autoridades, MST faz Festa da Colheita do Arroz Agroecológico
(Colheita aconteceu no dia 17, em
Viamão (RS) / Reprodução)
O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra do Rio Grande do Sul (MST-RS) e o Grupo Gestor do Arroz Orgânico realizaram, nesta sexta-feira (17), a maior Festa da Colheita do Arroz Agroecológico já organizada pelo grupo. O evento aconteceu no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre.
O encontro histórico contou ainda com ministros de estado e secretários do governo brasileiro, parlamentares de partidos da bancada progressista e delegações estrangeiras, vindas de países como Argentina, Uruguai, Venezuela e Cuba. Além disso, integrantes de movimentos populares, universidades e organizações de diferentes partes do país estiveram presentes.
Dioneia Soares Ribeiro, agricultora que planta o arroz orgânico no assentamento Lagoa do Junco, em Tapes, falou sobre a produção do arroz orgânico na região e celebrou a vigésima edição do evento. "A produção de arroz orgânico pelo MST começou no final dos anos 90, inspirada pelos agricultores da região que já praticavam a agroecologia. O uso excessivo de venenos na plantação do arroz convencional, que causava mal-estar nas pessoas, motivou o início da produção agroecológica em pequenas áreas", relembrou.
Maior produção de arroz orgânico da América Latina é do MST
"Desde 2017, houve uma queda brusca na produção, possivelmente causada pela interrupção das políticas públicas voltadas para a aquisição de alimentos da agricultura familiar. Atualmente, a produção de arroz orgânico é um desafio considerável, devido ao aumento dos preços do óleo diesel e dos insumos, tornando a cadeia produtiva do arroz muito cara e trabalhosa, especialmente na produção orgânica. No entanto, a produção orgânica é mais barata do que a convencional, embora ainda haja muito a ser feito para aumentar a produtividade e enfrentar os desafios impostos pelo agronegócio", disse Dioneia.
"Essa festa é para ser uma das maiores que a gente já fez, né? Ela está sendo feita num assentamento que é 100% orgânico, livre de agrotóxicos, livre de transgênicos, que tem uma área de proteção ambiental lá. Nós temos aqui a presença de várias autoridades, tanto da política quanto da parte da nutrição e ambientalista, afirmou a militante do MST, que é membro do Grupo Gestor do Arroz Orgânico do movimento.
(No dia 17 de março aconteceu a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico no RS, uma das principais cadeias de produção do MST no estado / Foto: Alex Garcia)
Segundo o MST, a expectativa é de colher mais de 16 mil toneladas de arroz orgânico, totalizando mais de 320 mil sacas de 50 quilos. A produção acontece em 22 assentamentos, localizados em nove municípios gaúchos, e envolve 352 famílias e sete cooperativas. Esta é a 20ª edição do evento.
Há mais de 10 anos, o MST-RS lidera a lista de maiores produtores de arroz orgânico no Brasil e na América Latina, de acordo com dados do Instituto Riograndense de Arroz (Irga). As famílias assentadas da Reforma Agrária Popular trabalham para a produção do alimento de maneira saudável, com preservação do meio ambiente e em ambiente cooperado, com distribuição de renda e garantia de preço justo para os consumidores.
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"Estamos muito felizes em poder receber a todos e comemorar a 20ª edição com a família do MST, pois é onde reunimos os agricultores, simpatizantes da Reforma Agrária Popular e da bandeira da agroecologia. Nos orgulha muito poder dividir esse momento festivo e também partilhar a nossa produção de forma solidária com a sociedade gaúcha e brasileira", disse Marildo Mulinari, da direção estadual do MST no RS.
O evento marcou, ainda, a apresentação da Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi, iniciativa desenvolvida para garantir a fertilidade do solo e reduzir os custos para as famílias que produzem o arroz. A iniciativa foi proposta no Curso Nacional de Bioinsumos, realizado em junho de 2022, no Instituto Josué de Castro, no Assentamento Filhos de Sepé, também em Viamão. Na ocasião, se reuniram agricultoras e agricultores de oito estados, que trabalham nas cadeias do arroz, feijão, milho, soja, frutíferas e agroflorestas.
Jornal francês Le Monde destaca produção agroecológica do MST
Fonte:
BdF Nacional
Edição:
Marcelo Ferreira e Vivian Virissimo